As Cores da Cidade encanta friburguenses e turistas

Exposição da Sociedade Fotográfica em espaços sensoriais na Fundação Dom João VI vai até 29 de agosto
sexta-feira, 13 de julho de 2018
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)

Uma exposição coletiva de 23 profissionais da Sociedade Fotográfica de Nova Friburgo (SFNF), com parceria e curadoria da Fundação Dom João VI, está surpreendendo o público: “As Cores da Cidade”. Inaugurada há um mês, é uma mostra com formato inédito na cidade, organizado pela fotógrafa Érika Castro, ‘com a colaboração dos associados’, como faz questão de ressaltar. A qualidade dos trabalhos e o ‘desenho da produção’’ tem atraído uma quantidade recorde de visitas ao Solar do Barão de Nova Friburgo, sede da Fundação.

Com encerramento previsto para 29 de agosto, a mostra que integra a programação do Festival de Inverno de Nova Friburgo, registrou cerca de 5.500 visitas, no primeiro mês. A montagem na antiga residência do Barão, na Praça Getúlio Vargas, é um atrativo a mais, permitindo ao público a oportunidade de vivenciar uma experiência inspiradora, sob todos os ângulos. A propaganda boca a boca tem sido um dos trunfos deste programa imperdível, de terça a domingo, das 9h às 17h, com entrada franca.

Fotógrafa profissional, com 25 anos de carreira, Érika Castro percebeu a importância de um projeto que, através da arte fotográfica, fincado no tripé educação, arte e cultura, a SFNF, com seus quase 70 anos de atividades, haveria de contribuir para os 200 anos de Nova Friburgo. O resultado, obtido com apenas dois meses de produção, mostrou a força de vontade desse grupo de artistas, onde cada um se empenhou para o sucesso da coletividade. Não pouparam recursos, criatividade, dedicação, comprometimento.  

“Queremos que o público perceba e, mais ainda, descubra o que cada imagem captou e representa. Que valorize o papel da fotografia na história da humanidade. E aqueles que despertarem para o ofício, que aproveitem para aprender sobre as diferentes técnicas e recursos que a fotografia oferece como instrumento de arte, o quanto pode contribuir para a formação ecológica, artística e cultural”, comentou.

 

No que diz respeito especificamente à arte, a meta da SFNF é atrair o maior número possível de visitantes e conduzi-los, através de seu olhar, para as belezas, as cores, as peculiaridades da cidade. “Eu ainda não tinha participado de uma curadoria, mas a expectativa de trabalhar com tanta gente talentosa, com técnicas, métodos, olhares, sentimentos e sensações tão diversas entre si, foi e tem sido uma experiência enriquecedora. Aprendi, fazendo, e fazendo, aprendi”, revelou Érika, uma fotógrafa  intuitiva por natureza.

A colaboração e a troca de ideias com Fernando Lo Bianco e demais integrantes da Sociedade foi fundamental para alcançar os objetivos da exposição, cuja ideia surgiu em reuniões do grupo. “Com a proximidade do aniversário da cidade, procurei saber se alguém tinha algum projeto para a ocasião. Ninguém tinha, não porque não quisessem mas pela falta de espaço. A programação do bicentenário era extensa, o momento era único, histórico. Não podíamos ficar de fora. Sempre fomos muito colaborativos uns com os outros e nos habituamos a compartilhar informações, experiências, concursos. Gostamos de mostrar nossos trabalhos, comentar os processos que desenvolvemos, nossas descobertas, e assim evoluímos como pessoas e profissionais. Então, como não participar?”, questionou.

No começo...

“As Cores da Cidade” tem início com breves mas esclarecedores textos e imagens em dezenas de banners sobre a evolução da fotografia. Desde a primeira ‘câmara escura’, que Aristóteles (384 a.C. / 322 a.C. discípulo de Platão), baseado na experiência - era defensor do empirismo -, e observação da luz solar que sobressaía das folhagens, intuía. Essa breve mas elucidativa introdução vai se estendendo pelos séculos: passa por Daguerre (Louis Jacques Daguerre, inventor francês, autor da primeira patente para um processo fotográfico, em 1835) e dá uma volta sobre os desdobramentos da arte de fotografar nos últimos 500 anos.

Daí em diante, um universo de sensações visuais, acústicas dinâmicas e interativas, em espaços distintos, conquista os visitantes. De crianças a idosos, pessoas de todas as faixas etárias e classes sociais estão descobrindo uma atividade original que mexe com percepções, talvez, adormecidas ou, até mesmo desconhecidas.

Labirinto de ousadias

Como havia participado da produção do livro comemorativo do bicentenário “Nova Friburgo 200 Anos - Da memória do passado ao projeto de futuro”, da historiadora Vanessa Melnixenco (também viabilizado pela Fundação Dom João VI com incentivo fiscal da Lei Rouanet), Érika propôs ao presidente da entidade, Luiz Fernando Folly, produzir uma mostra coletiva no casarão, que no momento passa por reforma. Ele aceitou na mesma hora.

“A princípio pensei em ocupar uma sala devido às obras, mas quando entramos naquele espaço imenso e vazio, começamos a pensar grande também (diz Erika, rindo). Falei pro Folly que gostaria de ocupar mais, fazer instalações, propiciar interações com o público, promover palestras e oficinas. Repensamos e mostramos um novo projeto. Ele aprovou e acabou liberando todo o casarão, com o compromisso de respeitar as condições do prédio”, explicou.

Quanto aos cuidados, Érika descreve a instalação cujas fotos pendem de galhos de árvores presos no teto. “Essa ideia surgiu de fatos corriqueiros para quem vive numa casa com jardim, como eu. Convivo com revoadas de pássaros, quedas de galhos, de árvores. Observando uma árvore caída e seus galhos tive a ideia de pendurar alguns deles no teto para ‘pousar’ os pássaros. Mentalizei o cenário e consultei o Folly, que avaliou tamanho e peso dos galhos para evitar danos no teto. Aproveitando o outono, resolvemos cobrir o chão com folhas secas. E assim criamos a sala das aves, com fotos da Ana Gadini, Roney Silveira, Fernando Lo Bianco e Juran Santos”, revelou Érika.

Gravado em vídeo, Juran Santos fala de suas experiências observando, fotografando e filmando pássaros, inclusive tem uma educativa sequência da evolução do gavião, do nascimento ao primeiro voo. A ambientação é finalizada com a inclusão de trilha com canto de pássaros, sons e ruídos da natureza. Nesse lugar cheio de magia tem início o ‘passeio’ pela instigante mostra que tem encantado a todos. Principalmente, as crianças. A expressão de curiosidade quando elas entram na sala, é um espetáculo à parte.

A partir daí, o público caminha por um ‘labirinto’ de imagens das zonas rural e urbana: preto e branco, cor, sépia e montagens. O cenário vai se revelando à medida que o visitante atravessa o salão onde se concentra a maioria dos trabalhos espalhados em divisórias, até chegar à sala criada especialmente para meditação com instrutores do Samsara Estúdio. A projeção de astrofotografias do professor José Carlos Diniz e fotografias noturnas de Juran Santos mais a trilha sonora de Raphael Veronesi fecham com chave de ouro a exposição.

A Sociedade Fotográfica de Nova Friburgo

Filiada à Federação Internacional de Arte Fotográfica (Fiap), a Sociedade Fotográfica de Nova Friburgo, através de trabalhos de seus associados, já foi distinguida com significativas premiações internacionais, como Prêmio Niepce (Marcon, França), Águia de Prata (Hernshinger, Alemanha), Olho de Ouro (República Tcheca) e Medalha de Ouro (Minsk, capital da Bielorússia).  

Expositores: Ana Gadini, Ariane Mello, Antonio Varella, Carlos Diniz, Carlos Martins (e seu filho Bernardo, de 8 anos), Carolina Montechiari Lobosco, Erika Castro, Fernando Lo Bianco, Fernando Guimarães, Joana D'Arc da Veiga, Juran Santos, Lúcia Sertã, Osvaldo Enoc, Regina Lo Bianco, Roney Silveira, Rosane Canto, Rose Aguiar, Salvador Canto, Tânia Montechiari, Thaís Frossard, Therezinha Tavares, Vera Espíndola e Yuri Blacheyre.

 

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