Coral do Caps: inserção social e resgate da autoestima

A um mês de completar um ano de atividades, o Coral do Centro de Atenção Psicossocial de Nova Friburgo (Caps) colhe os bons resultados do trabalho de arteterapia que vem sendo desenvolvido na unidade.
quinta-feira, 02 de abril de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Professor Leandro Abrantes comanda o Coral do Caps, projeto de inserção social através da música (Lúcio Cesar Pererira/A Voz da Serra)
Professor Leandro Abrantes comanda o Coral do Caps, projeto de inserção social através da música (Lúcio Cesar Pererira/A Voz da Serra)
A um mês de completar um ano de atividades, o Coral do Centro de Atenção Psicossocial de Nova Friburgo (Caps) colhe os bons resultados do trabalho de arteterapia que vem sendo desenvolvido na unidade, localizada em uma ampla casa na Avenida Comte Bittencourt 142, Centro. Idealizado e desenvolvido pelo professor de música Leandro Goretkin Abrantes, o Coral do Caps está em sintonia com a reforma psiquiátrica brasileira, que prega a inclusão social e um tratamento respeitoso e humano aos portadores de transtornos mentais.

Acho que o coral é uma ferramenta de socialização que contribuiu para combater o preconceito em torno da doença mental.
As aulas são realizadas sempre às segundas-feiras, às 14h, no Caps, num trabalho voltado para o aprofundamento da relação entre o corpo humano com a arte e a saúde mental. Para isso, os ensinamentos são divididos em três partes: consciência corporal, técnica vocal e musical e técnicas de repertório. "Escolhemos as músicas em conjunto com os alunos, usando temas do universo deles, da melhora e da terapia. Sempre buscando um clima leve e relaxante, de envolvimento de todos e de bom humor”, ressalta Leandro, que é licenciado em musica, pós-graduado em arteterapia e trabalhou no Canadá como regente.

Com cerca de 50 alunos e uma média de 20 presentes por ensaio, o coral do Caps vem se destacando também fora da unidade. Em 2014, o grupo se apresentou na Feira de Ciências e Tecnologia e, em fevereiro passado, fez uma animada apresentação de marchinhas dentro da programação do Carnaval da Família. Novas apresentações estão sendo agendadas para os próximos meses em conjunto com a direção da unidade.

Vale destacar que o coral foi criado em maio de 2014, após o evento realizado na Praça Dermeval Barbosa Moreira pelo Dia da Luta Antimanicomial. "Conheci as atividades do Caps ano passado, no Ato Louco. Percebi na fala de um usuário a necessidade de me envolver com o universo da saúde mental e assim me motivei a contribuir um pouco com a unidade”, explica ele, que desde então se tornou voluntário do Caps. 

Radicado em Nova Friburgo desde 2010, o carioca Leandro abraçou a cidade e se engajou em vários movimentos locais de cunho social e solidário. Para ele, o trabalho voluntário no Caps está sendo especial. "É algo gratificante não só para os usuários como para mim, que também faço tratamento psiquiátrico há alguns anos. Acho que o coral é uma ferramenta de socialização que contribuiu para combater o preconceito em torno da doença mental. No mundo de hoje não há mais espaço para isso”, conclui Leandro.

Benefícios para o corpo e a mente

"Desde que foi criado o coral só trouxe benefícios aos nossos usuários, que estão mais vaidosos e com mais noção de convívio social, sabendo a hora de falar e de ouvir.”Ana Carolina Teixeira Pinto, coordenadora do Caps

"Não é apenas uma aula de canto e exercício vocal. O Leandro trabalha com o grupo de forma lúdica, mas não infantilizada. Com isso, eles estão aprendendo a se expressar mais pela voz e pela fala. Alguns eram muito gestuais e passaram a se comunicar melhor.” Sandra Monteiro, enfermeira e técnica de referência da oficina de música do Caps

"Eu participo desde que foi inaugurado. Estive nas três apresentações que o Coral realizou e as aulas me fazem muito bem, eu gosto muito. Acho que ajuda a melhorar muito a autoestima de todos e pela participação de alunos, que é intensa, acho que está sendo um sucesso”. Janemary Côrtes, aluna do coral e professora de dança do ventre no Caps

  • As aulas acontecem em clima de descontração, com exercícios vocais e corporais (Lúcio Cesar Pererira/A Voz da Serra)

    As aulas acontecem em clima de descontração, com exercícios vocais e corporais (Lúcio Cesar Pererira/A Voz da Serra)

  • O professor destaca que as músicas são escolhidas em conjunto com os alunos, usando temas do universo deles (Lúcio Cesar Pererira/A Voz da Serra)

    O professor destaca que as músicas são escolhidas em conjunto com os alunos, usando temas do universo deles (Lúcio Cesar Pererira/A Voz da Serra)

  • A iniciativa foi idealizada peloprofessor de música Leandro Goretkin Abrantes (Lúcio Cesar Pererira/A Voz da Serra)

    A iniciativa foi idealizada peloprofessor de música Leandro Goretkin Abrantes (Lúcio Cesar Pererira/A Voz da Serra)

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