A tradição do canto coral já existe há tempos em Nova Friburgo. Entre os grupos, um chama atenção, por cantar em francês e ser formado apenas por mulheres. O Allons Chanter foi formado em 2001, por alunas da Aliança Francesa, e hoje conta com 24 integrantes.
Em entrevista para A VOZ DA SERRA, Martha Jannotti e Rena Boziki, juntas ao maestro Alfredo Cunha, contaram sobre a história e os projetos do Allons Chanter, que inclusive no próximo domingo, 7, faz apresentação de Natal no Salão Social do Country Clube, às 19h, intitulada "Árvore de Desejos”, com entrada franca. (Livre.)
Também participou da entrevista Gisele Faustino, pedagoga do projeto Allons Chanter Infantojuvenil.
Por que o nome Allons Chanter?
Martha: Allons Chanter significa "vamos cantar”. É uma frase que sempre que acabavam as aulas de francês as alunas diziam entre si. A gente era um grupo de umas oito pessoas, todas alunas, em 1998. Um dia, pensamos: vamos cantar música francesa? E começamos a nos reunir depois das aulas. A gente levava CDs e ficava cantando junto. Mas não dava certo, ficava totalmente fora dos tons e timbres. Em 2001, o grupo resolveu arranjar um maestro para coordenar o trabalho. Indicaram-nos o Alfredo, que, na época, topou o desafio, mesmo dizendo não entender francês. Mas isso não importava para nós, o que queríamos era alguém para ensinar a parte musical.
Por que vocês decidiram ter só vozes femininas?
Martha: Foi por acaso. Eu ia às salas do curso e chamava todos para cantar conosco, mas só iam as mulheres. Quando o maestro entrou e foi criar os arranjos, não tinham homens, então ele elaborou os arranjos para vozes femininas. Agora que a gente já está junto há bastante tempo criou um perfil, não tem como descaracterizar o grupo.
Que tipo de música vocês costumam cantar?
Martha: Músicas francesas dos anos 50 e 60, que o público gosta bastante. São canções mais tradicionais, de amor. Mas para dar um toque brasileiro, a gente começou a introduzir músicas de cantores nacionais, como Luiz Gonzaga e Tom Jobim.
Alfredo: O coral faz misturas também. A música "Águas de Março”, por exemplo, o grupo canta partes nos dois idiomas. A gente também costuma rearranjar músicas francesas em ritmo de samba, tentando fazer a junção dessas culturas.
Quais as maiores dificuldades que o Allons Chanter enfrentou?
Alfredo: No início, muitas pessoas não tinham noção que uma voz pode ser trabalhada, e melhorar em vários aspectos. Esse foi um desafio inicial, mas os integrantes sempre se incentivaram, a gente acertava um acorde e comemorava, sempre valorizamos essas pequenas vitórias. Outro problema foi o espaço, ensaiávamos em um lugar pequeno. Mas, com o tempo, a diretora da Aliança construiu uma sala para a gente ensaiar, porque também era um sonho dela ter um coral no curso.
Rena: Também era uma dificuldade quando pessoas que não conheciam muito o idioma queriam integrar o coral. Nossa sorte é que a Martha reunia essas pessoas com dificuldades na própria casa para dar um reforço de francês, colaborando para o coral crescer.
Quais são os principais planos e projetos atuais do coral?
Alfredo: Estamos já no término das gravações do nosso CD, acertando os últimos detalhes. Ele deve ser lançado no próximo semestre para comemorar os 14 anos do coral. Outro projeto nosso é o coral infantil — idealizado pelo marido de uma das cantoras — que fará dois anos em junho.
Gisele: O coral infantil comemora dois anos no dia 18 de junho. Ele tem o mesmo "DNA” do Allons Chanter. O Alfredo trabalha com a mesma dedicação e o grupo está muito bonito. São 32 crianças, entre meninas e meninos, de 9 a 12 anos.
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