Takashi Yamaguchi chegou a Nova Friburgo em 1971 e iniciou a prática das artes marciais na Sociedade Esportiva Friburguense. Desde então, diversos talentos foram revelados e o esporte cumpriu a missão de mudar os rumos da vida de milhares de jovens. Quarenta e dois anos depois, o reconhecimento de atletas, ex-alunos e familiares ao sensei, falecido em fevereiro deste ano. No último sábado, o ginásio do Country Clube se transformou em um grande tatame e sediou a 1ª Copa Takashi Yamaguchi de Judô. Centenas de lutadores das mais variadas idades e academias participaram do evento e puderam reverenciar o precursor das lutas no município.
Os combates tiveram início pela manhã e perduraram por toda tarde. Nas arquibancadas, centenas de pais, atletas e fãs do esporte prestigiaram os atletas com idades entre três e 15 anos, representantes de equipes e academias tradicionais da cidade. Às 11h, a competição foi interrompida para a cerimônia em homenagem ao mestre Yamaguchi.
Presentes à mesa de honra do evento, a viúva Midori e o filho Nelson foram chamados ao centro do tatame. Alguns dos ex-alunos que seguiram os passos do professor e tornaram-se mestres de judô foram cumprimentados. Após agradecer a presença dos familiares, o organizador da Copa, Daniel Lage, revelou que todas as primeiras edições de campeonatos de judô em Nova Friburgo serão nomeadas Takashi Yamaguchi. "É um reconhecimento a quem tanto fez pelo judô na cidade. Fizemos essa proposta à Federação Estadual de Judô e a resposta foi positiva”, comentou.
A cerimônia foi encerrada com a entrega das medalhas a Midori e Nelson, que retribuíram o gesto aos mestres formados por Takashi Yamaguchi. Mais do que o significativo objeto, os ex-alunos receberam a missão de manter vivo o legado deixado pelo sensei. "Infelizmente ele nos deixou esse ano, mas tudo o que o mestre nos deixou de aprendizado continua. Depende apenas de nós repassarmos a sabedoria dele” destacou o professor Wanderson Palombo.
(Um pouco mais sobre Takashi Yamaguchi
Takashi Yamaguchi nasceu em 15 de novembro de 1935, no Japão. Sob orientação da tia, teve as primeiras aulas de aplicação de massagem, aos seis anos de idade, uma prática comum naquela época. Durante a infância, conviveu com as dificuldades provocadas pela 2ª Guerra Mundial. Aos 16 anos, ainda na terra do sol nascente, foi trabalhar em uma empresa de peças de navio, a Tokyo Keik, onde um ex-capitão da marinha japonesa dava aulas de judô. Mifune Kysoo ensinava várias práticas para tratamento de traumas e problemas de saúde e, a partir dali, surgiram o interesse e a dedicação à acupuntura e a massagem.
Yamaguchi chegou ao Brasil aos 22 anos de idade, viveu durante algum tempo em Campos do Jordão e mudou-se para Papucaia. Cinco anos mais tarde, já casado, transferiu-se para Cachoeiras de Macacu. Dois anos depois, trouxe a esposa Midori e inaugurou o próprio espaço: a Academia Sol Nascente, hoje na Rua José Maria Raminelli, Ponte da Saudade.
Aos 77 anos, Takashi Yamaguchi teve os movimentos e a fala limitados por uma isquemia e faleceu em fevereiro deste ano.
Novo talento do judô
Campeã no feminino, Emanuelle Oliveira competirá em Santa Catarina no fim do mês
Nem todos os participantes da Copa Takashi Yamaguchi puderam aprender os ensinamentos do precursor do judô em Nova Friburgo. No entanto, ao praticar o esporte, eles continuam a escrever a história iniciada pelo sensei. Emanuelle Oliveira se encaixa exatamente neste perfil. "Não o conheci, apenas ouvi falar sobre a importância dele para o judô da cidade”, admite.
A partir de um anúncio distribuído no pátio do Colégio São José, onde estudava, a jovem de 16 anos deixou de ser uma simples admiradora das artes marciais para se tornar uma das grandes promessas do esporte friburguense. "Eles enviaram um convite para os alunos da minha escola. Eu me interessei, procurei o projeto e comecei a praticar o judô”, contou a jovem.
A atleta do Projeto Solução participou da competição e conquistou o título feminino sem subir ao tatame. A vitória por W.O. pode ter sido a mais fácil de uma breve e vitoriosa carreira, que começou aos dez anos de idade. Desde os primeiros treinos, o potencial foi observado pelos professores e a rotina da judoca mudou. A preparação acontece de segunda e sexta-feira, durante uma hora e meia por dia, dividida entre atividade física e técnica. A dedicação de Emanuelle começa a render bons resultados: a jovem conquistou dois campeonatos cariocas, a 3ª colocação no Campeonato Brasileiro deste ano e vai competir nos Jogos Abertos Brasileiros em Criciúma, SC, a partir do dia 29 deste mês. "Eu treino pensando em ser profissional e desejo chegar longe no esporte, mas também quero fazer a minha faculdade”, destacou.
O sonho do profissionalismo está diretamente ligado à vontade de disputar as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Fã do judoca Flavio Canto, Emanuelle não esconde o desejo de repetir a trajetória do ídolo e representar o Brasil no maior evento esportivo do mundo. "Não tem muito segredo. Eu preciso me esforçar e treinar cada vez mais para conseguir esse objetivo.”
A Associação de Capoeira Navio de Angola, representada pelo professor Biano, marcou presença em eventos de grande importância no mês de abril. O primeiro deles foi no Rio de Janeiro, o 2° Encontro Nacional de Capoeira e Cultura Popular do Vidigal, coordenado pelo Contramestre Messias Freitas. "Este tipo de encontro permite a troca de informações e cultura entre os professores presentes”, destacou Biano.
O grupo de capoeira friburguense também participou do Abril para Angola em São Paulo, coordenado pelo mestre Meinha, e do 2° batizado do mestre Bicudo e seus alunos, em Cachoeiras de Macacu. O evento no município vizinho contou com a tradicional troca de graduações e apresentações de vários grupos, dentre eles os alunos do projeto Kinderdorf Rio, que desenvolve atividades na Aldeia da Criança, em Salinas.
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