O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) deve aprovar este ano a resolução 245/2007, que determina que a partir de agosto 20% dos carros fabricados da produção total de automóveis de passeio e comerciais leves sejam equipados com rastreador por satélite. Já no início de 2010 subirá para 40%, chegando a 100% em agosto do mesmo ano.
Se a resolução for aprovada, os automóveis ainda terão que sair da fábrica com mais três kits de segurança, air bag, freios ABS e a terceira luz de freio, conhecidas como breake light. Para os freios ABS a decisão determina que 20% dos carros já sejam produzidos desta forma em janeiro de 2011, 40% em 2013 e 100% em 2014. Já para o air bag a exigência é de 15% em janeiro de 2012, 30% em 2013 e 100% no ano seguinte.
Segundo Júlio Celles Cordeiro, da Toyoserra, os acessórios previstos nesta resolução são de rastreamento e de segurança, mas com escalonamento diferente para cada item. “Basicamente são quatro acessórios que a resolução contempla: air bag, freios ABS, rastreador do veículo e a terceira luz freio do veículo, conhecida como breake light”, disse.
Ainda de acordo com Cordeiro, esta nova regra tem aspectos importantes a serem considerados, como o do custo para o consumidor final. “Na minha opinião o governo deveria interferir e dar algum benefício adicional, como redução de imposto, para que esse custo não seja tão elevado, de maneira que poderia beneficiar em grande parte todos os consumidores. Se ela for implantada evidentemente nós teríamos uma grande redução de acidentes e ferimentos graves e gravíssimos. Os benefícios são de segurança ativa e passiva, através do ABS e do air bag, se conseguirá reduzir em muito os acidentes nas estradas e ruas”, declarou.
O gerente comercial da concessionária Frivel, Odyr de Oliveira Silveira, observou que o novo tipo de freio permite segurança muito maior, ressaltando ainda a valorização dos veículos com os acessórios previstos na resolução. “O custo desses produtos já instalados nos carros, se falarmos de valores deste ano, são em média de R$ 3 mil. Quando se fala de valores se leva em consideração o giro que se tem dos produtos hoje. Vale lembrar que 15% dos automóveis saem com esses equipamentos da fábrica. Isso não por decisão das montadoras, mas por uma opção do mercado”, argumentou.
Silveira ainda disse que não adianta pedir 50% dos veículos com ABS ou air bag, porque o cliente opta por um veículo mais simples, em virtude do custo. Mas vale destacar que a quantidade desses equipamentos instalados nos carros pode aumentar e, com isso, haver redução no preço. “A instalação do rastreador em 100% na linha de veículos já foi feita por nossa empresa. Foi a única montadora em nível de Brasil que instalou o rastreador em todos os veículos produzidos a partir de junho de 2005. Nós ficamos um ano com todos os veículos com rastreador instalado. Qualquer equipamento deste tipo depende de uma empresa de prestação de serviço que faça o rastreamento, ou seja, que tenha o trabalho do seu satélite fazendo esse monitoramento. Lógico que isso gera custos a quem aciona o serviço. Para se ter uma ideia, em 100% dos veículos instalados nas linhas de 2005 e 2006 apenas 5% dos clientes acionaram o rastreador”, observou Odyr.
O gerente comercial salientou que o custo de operação deste rastreamento ficaria em torno de 600 a 700 reais por ano. “Isso não seria um valor tão alto para se ter segurança, no entanto, como apenas 5% foram acionados, a fábrica simplesmente teve que retirar o rastreador da linha de produção, porque ela estava tendo um custo o qual não cobrava, então, consideraram um custo desnecessário”, salientou.
Carlos Cortez, gerente da Prime Veículos, considera bom, de forma geral, tudo que venha a contribuir para a segurança do condutor e passageiros. No entanto, tem dúvida em relação ao custo dos equipamentos e se as pessoas estão dispostas a pagar por isso. “A tendência é encarecer os carros em média R$ 4 mil, porém, para um carro de luxo isso não faz diferença. Mas, para um carro popular, tem um valor bem considerável em relação ao preço final do automóvel. Agora, se tornar obrigatório, o custo pode cair por causa da quantidade de produtos fabricados”, considerou.
A preocupação das empresas é em relação aos carros considerados populares, já que o valor agregado elevaria o preço a um nível alto, mas que pode ser amenizado com a redução de impostos para estes modelos. “Nos carros mais populares não há demanda, porque, mesmo que o carro tenha esse equipamento, é difícil vender uma unidade com esses acessórios, porque a maioria dos clientes dos automóveis populares prefere os modelos mais simples”, acredita Cortez.
Silveira é favorável à aprovação da resolução, porque quanto mais segurança se oferecer ao usuário, menor será o risco de acidentes. “Acho que o custo desses equipamentos pode ser reduzido em virtude do aumento na instalação destes nos automóveis”, diz, lembrando que o Brasil é o sexto produtor mundial de veículos e detém o quinto lugar em relação às vendas.
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