Conselho Nacional de Justiça lança cartilha de combate ao bullyng

terça-feira, 16 de novembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Justiça nas Escolas. É com este título que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou neste mês a cartilha de combate ao bullyng, nas instituições de ensino do país. A obra é de autoria da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva (também autora de Bullyng: mentes perigosas na escola), coordenada por Sidmar Dias Martins e organizada por Daniel Issler e Reinaldo Cintra Torres de Carvalho. Nela são apresentadas 15 questões que visam esclarecer dúvidas comuns, tanto de pais e responsáveis quanto de educadores e diretores de escolas. O material será distribuído nas redes pública e privada de ensino, e também em conselhos tutelares e varas de infância e juventude.

Diferentemente do que muitos pensam, o bullyng não ocorre somente em ambientes escolares, mas também em locais de trabalho, vizinhança e até mesmo entre povos e países. Tais atitudes configuram atos ilícitos por desrespeitarem princípios constitucionais, como a dignidade da pessoa humana, e o Código Civil determina que tal prática é passível de indenização. Os atos de bullyng podem se enquadrar também no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviços e são responsáveis por qualquer situação que ocorra neste sentido.

O que é bullyng?

- Termo ainda pouco conhecido do grande público, utilizado para qualificar comportamentos agressivos no âmbito escolar, praticado tanto por meninos quanto meninas, sem motivações específicas ou justificáveis. Os atos de violência ocorrem de forma intencional e repetitiva, contra um ou mais alunos que se encontrem impossibilitados de fazer frente às agressões sofridas.

Quais são as formas de bullyng?

- Verbal (insultar, ofender, colocar apelidos pejorativos), física e material (bater, empurrar, roubar, furtar ou destruir pertences da vítima), psicológica e moral (humilhar, excluir, chantagear), sexual (abusar, assediar, insinuar) e virtual (realizada através de ferramentas tecnológicas, como celulares e filmadoras).

Como ajudar as vítimas a superar o sofrimento?

- A identificação precoce do bullyng pelos responsáveis é de suma importância. As crianças normalmente não relatam o sofrimento vivenciado na escola por medo de represálias e vergonha. A observação dos pais sobre o comportamento dos filhos é fundamental, assim como o diálogo franco entre eles. Os pais não devem hesitar em buscar a ajuda de profissionais da área de saúde mental.

Como perceber quando uma criança ou adolescente está sofrendo bullyng?

- Na escola: no recreio, encontram-se isoladas do grupo ou perto de adultos que possam protegê-las; na sala de aula apresentam postura retraída, mostram-se tristes, deprimidas ou aflitas; nas atividades são as últimas a serem escolhidas ou são excluídas.

- Em casa: frequentemente se queixam de dores de cabeça, enjoo, dor de estômago, tonturas, vômitos, perda de apetite. Todos esses sintomas passam a ser mais intensos no período que antecede ao horário escolar. Apresentam desculpas para faltar às aulas e mudanças intensas no estado de humor, com explosões repentinas de irritação ou raiva.

Quais as principais razões que levam os jovens a serem os agressores?

- Muitos se comportam assim por uma nítida falta de limites em seus processos educacionais no contexto familiar. Outros procuram nessas ações um meio de adquirir poder e status. Há também os que vivenciam dificuldades momentâneas e adotam essa prática de modo circunstancial. E existem os considerados mais perversos: os que apresentam a transgressão como base estrutural de suas personalidades.

Quais os problemas mais comuns que a vítima do bullyng pode enfrentar na escola e ao longo da vida?- As consequências são variadas e depende de cada indivíduo. Muitos levarão marcas profundas provenientes das agressões para a vida adulta, necessitando de apoio psiquiátrico ou psicológico. Os problemas mais comuns são desinteresse pela escola e problemas psicossomáticos, comportamentais e psíquicos.

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