Eloir Perdigão
O Conselho Municipal de Meio Ambiente (Commam), através de seu presidente, professor Fernando Cavalcante, está entrando com uma ação na Justiça contra a direção da Uerj (que tem como reitor o friburguense Ricardo Vieiralves), por causa do abandono do campus regional em Nova Friburgo, situado no antigo Colégio Nova Friburgo da Fundação Getúlio Vargas. Mais de um ano já se passou da tragédia que se abateu sobre a cidade e nada foi feito no local.
De acordo com Cavalcante, há aparelhos no campus regional que valem algumas centenas de milhares de reais que estão completamente abandonados. E o pior: ao ar livre, se degradando, oxidando, gerando produtos químicos que entram em contato com o solo, possivelmente poluindo o córrego, água, além do patrimônio que representa todo aquele complexo sendo depreciado.
O presidente do Commam chama atenção para um detalhe. A pessoa que idealizou o complexo do Colégio Nova Friburgo e inclusive tem seu nome na placa alusiva à inauguração é o professor da Coppe/UFRJ e atual ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raup, que poderia ser acionado para uma solução do problema.
Fernando Cavalcante, através do Commam, tem recepcionado representantes de universidades e da própria Coppe interessados em transformar aquele complexo num condomínio de inovação tecnológica, a fim de que se instalem em Nova Friburgo empresas e universidades para atuarem na área de inovação tecnológica, fazendo novas pesquisas de materiais e fontes de energia.
Porém, esse objetivo está impedido de ser alcançado porque, como diz Cavalcante, a estrutura do complexo está apodrecendo a olhos vistos e a Uerj não está tomando nenhuma providência. “Os investidores têm interesse em vir para cá, mas tem que estar tudo arrumado. A Uerj tem que dizer o que ela quer da vida com aquilo. Ela não pode deixar passar um ano com tudo se deteriorando”, protesta o professor, que visitou o local na quarta-feira, 15. “É uma pena se ver aqueles escritórios todos com computadores, impressoras e tudo parado.”
Os protestos de Cavalcante se ampliam por ele ter constatado que 95% das instalações estarem em perfeito estado. “Eu desafio os leitores a olhar o Google Earth e perceber que tem dois ou três prédios que foram afetados duramente. Agora o restante, os grandes prédios, ginásio, salas de aula estão perfeitos, inclusive o prédio principal, que não foi afetado em nada.” Há o problema na rua de acesso, mas segundo o presidente do Commam, várias empresas já se manifestaram de que é fácil a reparação do problema. “O problema é haver interesse político”, salienta.
A ação na Justiça do Commam vai expor o abandono do campus regional da Uerj, um espaço público, para que seja reestruturado ou ser dada uma nova destinação, caso a Uerj não tenha mais interesse, desde que ela faça uma manifestação pública nesse sentido. “Porque aí o povo de Nova Friburgo, que já lutou muito para ter uma destinação de uma universidade ali, vai lutar de novo para dar uma nova e digna destinação. Nós só não podemos ficar observando aquilo sem fazer nada. Por exemplo, agora, a Uerj tirou os vigilantes, só tem um vigilante. Daqui a pouco aquelas casas vão ser ocupadas por pessoas que às vezes não têm onde morar e depois sabemos que é difícil tirar.”
Para Fernando Cavalcante, a meta, com a ação na Justiça contra a Uerj, é a reabertura do campus regional com objetivo de se agregar ao desenvolvimento de Nova Friburgo. “Aquele espaço tem que ser um fator de desenvolvimento e não de empobrecimento da cidade”, finalizou.
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