A Conjuração Mineira

1789 – Vila Rica
sexta-feira, 17 de abril de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Neste porão ficaram presos alguns inconfidentes antes de virem para o Rio de Janeiro (Reprodução)
Neste porão ficaram presos alguns inconfidentes antes de virem para o Rio de Janeiro (Reprodução)

A Conjuração Mineira foi uma tentativa de revolta abortada pelo governo em 1789, em pleno ciclo do ouro, na então capitania de Minas Gerais, contra, entre outros motivos, a execução da derrama e o domínio português.

Foi um dos mais importantes movimentos sociais da história do Brasil e significou a luta do povo brasileiro pela liberdade, contra a opressão do governo português no período colonial.

No final do século 18, o Brasil Colônia sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas impostas por Portugal. Além disso, a metrópole havia decretado uma série de leis que prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial do Brasil. Em 1785, por exemplo, Portugal decretou uma lei que proibia o funcionamento de indústrias fabris em território brasileiro.

Causas

Neste  período era grande a extração de ouro, principalmente na região de Minas Gerais. Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou seja, vinte por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses. Aqueles que eram pegos com ouro “ilegal” (sem ter pagado o imposto), sofria duras penas, podendo até ser degredado, ou seja, enviado à força para o território africano.

Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas minas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não diminuíam as cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama, que funcionava da seguinte forma: cada região de exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1.500 quilos) por ano para a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido.

Estas atitudes foram provocando uma enorme insatisfação no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns membros da elite brasileira (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pela ideias de liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da independência do Brasil.

Os Inconfidentes 

Na cidade de Vila Rica, um grupo de intelectuais — representantes da elite local e integrantes de setores médios da população —, articulou uma insurreição. Entre eles estavam os poetas Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga; os padres José de Oliveira Rolim, Carlos Correa e Manuel Rodrigues Costa; os coronéis Domingos de Abreu, Francisco de Paula Freire de Andrade, Antonio de Oliveira Lopes e Joaquim Silvério dos Reis; o dono de mina e advogado Inácio José de Alvarenga Peixoto; e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

A ideia era conquistar a liberdade definitiva e implantar o sistema de governo republicano no país. Sobre a questão da escravidão, o grupo não possuía uma posição definida, já que alguns deles pertenciam à elite e eram escravocratas, ao contrário de Tiradentes e alguns poucos. Os inconfidentes chegaram a definir até mesmo uma nova bandeira para o Brasil, que seria composta por um triângulo vermelho num fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que Tardia), adotada depois pelo estado de Minas Gerais.

Consequências

A Inconfidência Mineira transformou-se em símbolo máximo de resistência para os mineiros, a exemplo da Guerra dos Farrapos para os gaúchos, e da Revolução Constitucionalista de 1932, para os paulistas. A Bandeira idealizada pelos inconfidentes, afinal.
 
Curiosidades

Na primeira noite em que a cabeça de Tiradentes foi exposta em Vila Rica, foi furtada, sendo o seu paradeiro desconhecido até aos nossos dias.

Tratando-se de uma condenação por inconfidência (traição à Coroa), os sinos das igrejas não poderiam tocar quando da execução. Afirma a lenda que, mesmo assim, no momento do enforcamento, o sino da igreja local soou cinco badaladas.

A casa de Tiradentes foi arrasada, o seu local, salgado, para que mais nada ali nascesse, e as autoridades declararam infames todos os seus descendentes.

Tiradentes jamais teve barba e cabelos grandes. Como alferes, o máximo permitido pelo Exército Português seria um discreto bigode. Durante o tempo que passou na prisão, Tiradentes, assim como todos os presos, tinha periodicamente os cabelos e a barba aparados, para evitar a proliferação de piolhos, e, durante a execução estava careca com a barba feita, pois o cabelo e a barba poderiam interferir na ação da corda.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: Tiradentes | inconfidência mineira | independência | Light
Publicidade