Flávia Namen
Elaborar um plano estadual de cultura que leve em conta elementos regionais, através de ações integradas que potencializem as singularidades e vocações das diversas regiões do estado do Rio de Janeiro foi a principal proposta da Conferência de Cultura da Região Serrana, realizada em Nova Friburgo no último sábado, 31. O encontro reuniu cerca de 200 participantes, entre autoridades, gestores e profissionais do setor de 15 municípios da região, que lotaram o teatro do Country Clube. A programação contou com solenidade de abertura, palestra e debates.
Honrado em sediar o evento, o prefeito Heródoto Bento de Mello falou da importância do setor cultural para a integração dos municípios fluminenses. “A cultura não tem adversários e através dela podemos nos associar e prestigiar uns aos outros. Agradeço ao governo do estado por ter trazido a conferência para cá”, disse Heródoto, dando boas vindas aos participantes. Para o prefeito é preciso trabalhar pela valorização do patrimônio histórico-cultural do interior do estado, através da criação de “um grande consórcio, a começar pela cultura”.
A importância das ações e políticas públicas voltadas para a interiorização da cultura foi abordada pelo secretário municipal da pasta, Roosevelt Concy, que elogiou as iniciativas que vêm sendo promovidas pelos governos estadual e federal. “Trazer a conferência para Nova Friburgo é voltar a atenção para o interior, que não é tão distante assim, devendo ser visto com carinho e, acima de tudo, respeito, já que faz parte do estado”, disse. O secretário convocou os participantes a lutar por mais investimentos para o setor. “Temos que fazer um bloco de união e reivindicar uma verba de 2% para a Cultura, conforme determina a Unesco. Precisamos parar de brigar por migalhas e buscar mais recursos”.
Convênios e políticas públicas
A representante do Ministério da Cultura, Ana Lúcia Pardo, também destacou a necessidade de mais investimentos, ações e políticas públicas para o setor. “Sem cultura não podemos pensar uma política de segurança, saúde e educação. É uma área que trafega por todas as outras, mas que ainda é vista como diletante. É preciso um olhar diferenciado para o nosso setor”, afirmou ela, ressaltando a importância da conferência para a elaboração de novas parcerias e consórcios como os convênios de colaboração cultural que haviam sido assinados pelo prefeito Heródoto.
Para o coordenador do sistema estadual de Cultura (SEC), Renato Dantas, é preciso implantar uma política cultural que sobreviva às mudanças de governo. “Para isso é fundamental que a sociedade civil se engaje nessa luta”, declarou ele que considera a realização das conferências de cultura o primeiro passo para o avanço do setor. Segundo Renato, outra forma de incentivar as ações culturais no interior do estado é formar grupos de trabalhos nas regiões para aprofundar os estudos que vêm sendo feitos, como o diagnóstico preliminar do setor na região.
A conferência contou ainda com palestra do historiador Henrique Bon sobre a vasta região dos sertões do Macacu, situada entre os rios Paraíba e seus afluentes. À tarde o destaque da programação foi a apresentação do diagnóstico preliminar da Região Serrana, apresentado por Renato Dantas, Delmar Cavalcante e Zeca Barros, da SEC, além de Saulo Diniz, da União dos Jovens Trajanenses (Trajano de Moraes) e Orleni Torres, da Vox Produções (Carmo). O encerramento foi marcado por uma eleição dos representantes da Região Serrana que participarão da elaboração de propostas para o plano estadual de Cultura. O setor público será representado pelo assessor técnico de Cultura de Cachoeiras de Macacu, Sílvio Leal. Já pela sociedade civil, os escolhidos foram Nobel Medeiros, de Nova Friburgo, e Wellington Lyra, de Cachoeiras de Macacu.
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