Pela manhã, bem cedinho, acordo com o despertador. Viro-me para o lado, confiro a hora e leio as manchetes do nosso A Voz da Serra. Checo meus e-mails na caixa-postal e o que os amigos madrugadores e insones escreveram nas redes sociais. Consulto minha agenda do dia, a previsão do tempo, assisto o jornal da manhã na TV e só aí pulo fora da cama. Pois é... e pensar que tudo isso foi feito com o recurso de um único e pequeno smartphone ou celular inteligente.
E ainda tem mais! Descubro que a internet caiu e preciso pesquisar alguns dados antes de finalizar esta crônica. Não tem problema: pego o netbook e me mando para um café lá no centro que tenha rede sem fio disponível. Peço um desjejum matinal, concluo o trabalho, reviso o texto e, pelo e-mail, mando direto para a redação. Rápido, prático, seguro, simples e indolor.
Vocês acham que eu estou falando só de gadgets eletrônicos? Que nada, hoje em dia até os cachorros estão conectados! A prefeitura de São Paulo vai colocar 480 mil microchips em cães e gatos da cidade, informando sexo, idade, vacinação, proprietário e castração. No futuro, até a localização do animal será conhecida, graças aos satélites de localização, o famoso GPS.
Aliás, cabe a pergunta: e nós, quando seremos chipados? Aí o controle do cidadão será total e com um simples toque na tela de um celular, você, minha cara leitora, vai descobrir se o maridão está no escritório ou flanando por aí! Aliás, isso já é possível sem nenhum chip, mas eu é que não vou ensinar uma coisa dessas aqui!
Existem, é claro, as excentricidades. Uma empresa inventou uma banheira de hidromassagem que pode ser acessada por qualquer dispositivo portátil. O feliz proprietário, ainda no trabalho, seleciona o tipo de banho que quer tomar depois de um dia duro: quente, frio, com ou sem massagem. Daí é só enviar a programação e ser feliz. Tem quem compre, não é mesmo?
Voltando a falar sério, imaginem a seguinte situação: o cidadão passa mal no meio da noite e, naturalmente aflito, liga para seu médico. O profissional acessa pelo celular o histórico do paciente e toma as decisões com a presteza que o caso requer, inclusive, se for o caso, providenciando uma internação. Ao contrário do que parece, isso não é invenção de seriado de televisão e já conta com um grande número de adeptos.
Câmeras fotográficas que enviam suas fotos diretamente para o escritório, tablets controlando estoques, vendas e linhas de produção, passagens de transportes urbanos pagas com cartões recarregáveis, compras de supermercados pela internet e por aí vai. A automatização e o acesso remoto chega a tal ponto que fica difícil lembrar como conseguíamos nos virar no século passado, usando máquinas de escrever, calculadoras, papel e canetas.
Na Índia, o meio de pagamento mais popular é o celular. E qualquer modelo serve, mesmo os mais baratinhos. Cheques, cartões de débito e crédito foram ultrapassados pela praticidade de um pequeno, confiável e seguro aplicativo. A propósito, esse sistema está em estudos para ser implantado no Brasil e tem tudo para ser um sucesso.
O próprio GPS, antes um equipamento exclusivo para aeronaves e embarcações, hoje é acessível a qualquer um, seja em aparelhos voltados para automóveis ou mesmo para se locomover a pé. Fiz um teste bem simples, uma caminhada das Braunes até o Centro. A rota programada funcionou de forma impecável, com os avisos bem audíveis e precisos. Realmente o smartphone virou um canivete suíço.
Adoro ler e os livros sempre foram uma ótima companhia. Como não dirijo mais, aproveito as horas livres das viagens ao Rio, por exemplo, para colocar a leitura em dia com um Kindle, uma espécie de tablet pequeno, muito leve e com uma tela que imita páginas impressas. E pensar que já fiz viagens ao exterior carregando livros com mais de setecentas páginas...
Não tem jeito, nossa maneira de viver mudou e, temos que reconhecer, para melhor. Tirando os evidentes exageros, o fato é que, querendo ou não, dependemos dessa conexão de tal maneira que só percebemos sua importância quando estamos desconectados. As chuvas de janeiro mostraram o vazio absurdo e angustiante que é uma cidade e sua população sem nenhuma comunicação com exterior.
O assunto é extenso e se bobear rende uma segunda parte. Aliás, tenho completa noção de que jamais conseguiria dividir minha vida entre Nova Friburgo e o Rio e nem conheceria em pouco tempo pessoas tão interessantes se não estivéssemos, definitivamente, todos conectados.
*carlosemersonjr@gmail.com
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