Flávia Namen
A rica trajetória de vida de Antônio Clemente Pinto, o Barão de Nova Friburgo, que chegou ao Brasil aos 12 anos, fugindo da pobreza de Portugal, foi tema de concorrida palestra do projeto Quartas na História, realizada na noite do último dia 18, no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). O evento marcou o lançamento do livro Barão de Nova Friburgo: impressões, feitos e encontros, do historiador Luiz Fernando Dutra Folly, da arquiteta Luanda Jucyelle Nascimento de Oliveira e de Aura Maria Ribeiro Faria.
A abertura da noite ficou a cargo da cantora Ayla Freitas, que interpretou o Hino de Nova Friburgo, e do secretário de Pró-Leitura, Francisco Gregório Filho, que recitou o poema Rosas Silvestres, de Clarice Lispector. Em seguida, discursaram o secretário de Governo, Braulio Rezende, e o prefeito Heródoto Bento de Mello, para uma plateia formada por representantes do setor cultural, autoridades, jornalistas, estudantes universitários e de cursos técnicos como o de turismo do Colégio Estadual Jamil El-Jaick.
Ministrada por Luiz Fernando Dutra Folly, a palestra consistiu num retrospecto das principais realizações da família Clemente, pioneira na região no processo de interiorização do café, em meados de 1825. A substituição da mão de obra escrava por modernos maquinários nas fazendas da família, em Cantagalo, e o incentivo financeiro aos pequenos produtores da região foram alguns dos itens abordados pelo historiador, que também é mestre em urbanismo e doutorando pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ. “Toda a história cafeeira de nossa região passa pelo Barão e as famílias associadas a ele”, afirmou.
Realizações que deixaram um importante legado
Os empreendimentos de Antônio Clemente e seus dois filhos foram outro ponto da palestra que listou uma série de realizações da família como a abertura e pavimentação da Serra da Boa Vista (atual rodovia RJ-116), a construção das estradas de ferro Mauá e de Cantagalo (a 4ª do Brasil, inaugurada em 1860) e o financiamento para o projeto dos jardins da Praça Princesa Isabel (atual Getúlio Vargas), de autoria do paisagista francês Auguste Glaziou. Essas iniciativas, conforme destacado pelo palestrante, acabaram rendendo vários títulos de nobreza a Antônio Clemente e os filhos, Antônio e Bernardo.
As obras que o Barão e seus filhos deixaram em Nova Friburgo, Cantagalo e no Rio de Janeiro também foram citadas por Luiz Fernando. Ele ressaltou o lado visionário e humano da família que oito anos antes da promulgação da Lei Áurea alforriou todos os seus escravos e passou a pagá-los pelos serviços prestados. A gratidão dos alforriados atravessou gerações que preservaram a tradição de cuidar e depositar flores no túmulo de Bernardo Clemente, em Cantagalo.
Ao final da palestra, os autores participaram de um coquetel de confraternização onde autografaram os exemplares para os muitos convidados presentes ao lançamento, prestigiado por descendentes do Barão, das famílias São Clemente e Milhorance. Com 160 páginas, o livro é resultado de um amplo trabalho de pesquisa sobre a vida de Antônio Clemente, reunindo lendas e fatos reais sobre um homem fascinante que deixou um legado para seus filhos e netos. Vale destacar que a obra será lançada também nesta sexta-feira, 20, no Museu da República, no Rio de Janeiro.
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