Concluída recuperação da estrada de acesso ao Pico do Caledônia

Falta agora resolver problema do abandono da guarita e das instalações que eram mantidas pela Petrobras; local continua sem vigilância
quinta-feira, 04 de julho de 2019
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
Funcionários da prefeitura trabalham na estrada de acesso ao Pico (Fotos: Divulgação)
Funcionários da prefeitura trabalham na estrada de acesso ao Pico (Fotos: Divulgação)

Após cerca de duas semanas de trabalho, a Prefeitura de Nova Friburgo anunciou que concluiu nesta quarta-feira, 3, as obras emergenciais de recuperação da estrada que dá acesso ao Pico do Caledônia, um dos principais pontos turísticos de Nova Friburgo e uma das maiores elevações da Serra do Mar. A intervenção foi realizada após uma série de reportagens de A VOZ DA SERRA denunciando a precariedade da estrada e o consequente abandono da guarita de entrada do local, que era mantido pela Petrobras.

De acordo com o informe publicado no site oficial da Prefeitura de Nova Friburgo e antecipado por A VOZ DA SERRA com exclusividade, “esse trabalho emergencial tornou-se necessário porque a dificuldade de acesso ao maciço era grande e comprometia o funcionamento das várias torres lá instaladas, inclusive com risco de pane geral, o que impediria a comunicação na cidade e região”.

Os trabalhos foram coordenados por uma equipe da Subprefeitura de Olaria, Cônego e Cascatinha. Com o auxílio de caminhões, uma retroescavadeira, um trator e um veículo bobcat, todo o entulho que obstruía o acesso foi retirado, também foi realizada a capina do mato que invadia a pista, além de reparos no calçamento, até mesmo com a colocação de asfalto nos trechos mais críticos da subida para o Pico do Caledônia.

"Esse trabalho visa viabilizar, em especial, o acesso dos trabalhadores às torres para a realização do serviço periódico e necessário de manutenção. Do contrário, sérios danos poderiam acontecer nos equipamentos e, consequentemente, à população", afirmou Priscila Pitta, subprefeita de Olaria, Cônego e Cascatinha.

Apesar de a manutenção da estrada estar em dia, o mesmo não se pode dizer da guarita de entrada e das instalações do Pico do Caledônia, que eram mantidas pela Petrobras e seguem abandonadas, sem qualquer tipo de vigilância. Isso tem aumentado a quantidade de lixo acumulado no local, além de ser um risco para a segurança dos visitantes, fatores que preocupam bastante montanhistas e amantes da natureza.

A VOZ DA SERRA alerta para o problema há cerca de um mês

No último dia 13 de junho, A VOZ DA SERRA denunciou em primeira mão (https://avozdaserra.com.br/noticias/trilheiros-pedem-socorro-pico-do-caledonia-esta-abandonado) o abandono e apelo de montanhistas com relação ao Pico do Caledônia. Segundo a reportagem, por conta de buracos de grande profundidade, somente veículos potentes, com tração nas quatro rodas e uma boa dose de experiência do motorista, conseguiam chegar até o fim do trajeto onde é possível ir de carro.

O estado de abandono do ponto turístico também fica evidenciado na entrada da guarita que era mantida pela Petrobras e servia para controlar o acesso dos visitantes. Para frequentar o espaço era preciso portar algum documento com foto e ser ou estar acompanhado de uma pessoa maior de idade. Hoje isso não é mais necessário, já que não há nenhum funcionário da Petrobras trabalhando no local. O portão de acesso está fechado com cadeado, mas um buraco foi aberto na grade permitindo a entrada.

Abaixo-assinado

A repercussão das matérias veiculadas por A VOZ DA SERRA foi tanta que até uma petição pública online denominada “Salvem o Caledônia” (https://peticaopublica.com.br/?pi=BR112590) foi criada com o intuito de preservar o espaço. Endereçado à Prefeitura de Nova Friburgo, o abaixo-assinado pede a realização de obras de manutenção na estrada de acesso ao Pico do Caledônia. Até o fechamento desta reportagem, 646 pessoas assinaram a petição.

Risco de apagão

Na edição do último dia 25 de junho, A VOZ DA SERRA abordou novamente o tema com uma revelação exclusiva (https://avozdaserra.com.br/noticias/torres-do-pico-do-caledonia-podem-sofrer-apagao). Segundo especialistas, a falta de vigilância no Pico do Caledônia pode causar um apagão nas telecomunicações de Nova Friburgo e região, além de ser um risco em potencial para os montanhistas.

O local conta com uma série de torres e antenas que auxiliam na comunicação de grande parte de Nova Friburgo e do interior do estado, como as repetidoras das polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, além de equipamentos de transmissão de dados da Petrobras, antenas das operadoras de telefonia Oi e Vivo e ainda a Marinha do Brasil.

A VOZ DA SERRA também ouviu um engenheiro de telecomunicações que atestou o risco de apagão. Ele garantiu que o Pico do Caledônia ainda é estrategicamente muito importante para as regiões Serrana, dos Lagos e Noroeste Fluminense e fez um alerta: “Com a evolução tecnológica e, consequentemente, das telecomunicações, muita coisa hoje em dia é feita através de satélite. Mas se houver algum tipo de falha nesse sistema, a comunicação terrestre é o stand-by disso tudo, daí a importância das torres do Altíssimo Caledônia no tocante ao atendimento a regiões por ele atendido”, explicou o engenheiro de telecomunicações, que preferiu não se identificar.

Relato de biólogo chamou a atenção dos friburguenses

No dia seguinte, em 26 de junho, A VOZ DA SERRA publicou o relato do biólogo Maycon Saivole (https://avozdaserra.com.br/noticias/biologo-sobe-o-caledonia-e-faz-relato-impressionante-sobre-o-que-viu), especialista em Planejamento Urbano Ambiental, que viralizou nas redes sociais também gerou grande repercussão.

"Não quero ser alarmista, mas considero que em breve teremos tristes notícias de algum acidente ocorrido no local, uma vez que não existe o mínimo de oferta de segurança e o número de visitantes no último feriadão - apenas no dia 20 - foi impressionante. Fomos os primeiros a subir, chegamos ao topo às 2h da madrugada e amanheceram conosco no local para ver o nascer do sol cerca de mais 25 pessoas que chegaram até as 6h. Ao descermos encontramos e contamos nas escadas e até a antiga pista de salto de parapente mais 143 pessoas subindo. Não tenho acesso a estudos e nem o conhecimento da capacidade suporte deste espaço, porém pelas limitações de espaço existentes no cume, considero demasiado o número”.

 

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