“Ficar velho” não tem porque significar estagnação. Idoso é um adulto e idade não determina o que devemos fazer com nossa vida, determina apenas o passar do tempo cronológico. Claro que não podemos viver independentemente de uma realidade sociocultural e aspectos fisiológicos, mas podemos buscar o “singular”.
O que vai determinando nossa vida é a intensidade com a qual lutamos para buscar uma autenticidade e para encontrar a melhor forma para amadurecer. Resumindo, façamos algo, para que o envelhecimento possa significar novas possibilidades.
Envelhecer também significa mudanças: perdas, como a viuvez, o ‘ninho vazio’; e ganhos, como a aposentadoria, novas criaturas me nossas vidas, como netos e bisnetos. Sim, temos que conviver com alguma e muita perda de autonomia e, para outros, doenças crônicas. Mas, nada disso, necessariamente. Para o bem ou para o mal.
“Todo bônus, tem um ônus”, dizem. O mais provável é que à medida que envelhecemos, ganhemos mais em serenidade e em experiência, e tenhamos que enfrentar percalços nesta etapa da vida. Nos resta seguir em frente, apreciando o lado bom da vida. Como faz Maria da Conceição Cardoso Piragibe Magalhães - que vai comemorar 80 anos em dezembro -, diretora do departamento de Jardins Históricos do Nova Friburgo Country Clube. Confira seu depoimento:
“Para mim, envelhecer é algo natural, penso que não devemos nos preocupar com isso. Cada um deve viver a vida do seu jeito. Eu, por exemplo, curto muitas coisas, como praia, estar com amigas, almoçar fora, viajar. Mas, principalmente, adoro morar em Friburgo, o melhor lugar para se viver, entre essas montanhas, reunida em casa com a minha família. Meus filhos, netos e bisnetos são a minha prioridade. Só me dão alegria e ainda mais vontade viver.
A família sempre foi e sempre será o que tenho de mais importante na minha vida. Meus filhos são maravilhosos e carinhosos comigo. Tenho dois Marcelos na minha vida, um filho e um genro, este casado com a minha filha Maria Helena, e uma nora, todos muito importantes para mim. Adoro ver toda família reunida, a casa fica alegre e colorida nessas ocasiões. Sempre agradeço a Deus por ter uma família tão querida e amada.
Não senti os anos passarem, quando vi, já estava beirando os 80. E daí? Não fico pensando nisso. Tenho disposição para curtir tudo o que a vida me oferece, com sabedoria, algo que só o tempo pode nos oferecer. A gente dá mais valor à vida, às coisas simples, como observar a natureza, as plantas, os pássaros. O verde me acalma, e agradeço a Deus por por esse privilégio de morar aqui. Deve ser horrível viver num lugar de que não se gosta.
Tenho todos os motivos para me cuidar, para viver mais e melhor. Tenho o meu médico cardiologista, faço pilates, gosto de cinema, de assistir filmes em casa. Vou a festas, adoro o Festival de Inverno com sua programação de clássicos no Country Clube e no Teatro Municipal Laercio Ventura. Encontro as amigas para tomar cafezinho e aos domingos tenho o hábito de almoçar fora. Aliás, temos ótimos restaurantes.
Agora mesmo, voltei de viagem à Alemanha. Como não tenho restrições alimentares, pude aproveitar a culinária local e destaco o kassler (costeleta defumada), o einsbein (joelho de porco), a bratwurst (salsicha) com uma mostarda maravilhosa e conheci uma receita maravilhosa de repolho roxo. De bebida, primeiro o vinho, depois, a cerveja, e estando na terra das melhores cervejas, experimentei vários tipos e descobri que uma delícia, mesmo no frio.
Quanto à morte, a perda de familiares e amigos, é terrivel e assustadora. Eles se vão, mas ficam na memória, e com saudade lembramos dos bons momentos vividos juntos. Nos servem de consolo as novas gerações que vão chegando e os amigos que vamos conquistando. Me relaciono com facilidade e não me canso de repetir, tenho a felicidade de ter nascido nessa cidade encantadora e acolhedora.”
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