Uma bola de neve que se arrasta há anos
O Brasil tornou-se propriamente um Estado sem lei e sem ordem. O crime organizado sempre possuiu áreas livres em cidades, bairros e morros, a polícia está infiltrada por ele e inclusive setores do judiciário são permeáveis a ações criminosas. O cidadão está desprotegido, não podendo recorrer mais ao poder público. Segundo Arnaldo Jabor, “temos que mudar o foco”: no lugar de ver o horror do crime, ver o horror da incapacidade pública.
A polícia está despreparada, sobretudo no trato com os cidadãos, fruto das limitações culturais e de treinamento. A polícia cada vez mais combate o crime organizado, deixando de lado o conceito filosófico da investigação e da guarda ostensiva da população. Não existe coordenação nem estratégia, o que causa conflitos, já que as grandes metrópoles têm três polícias completamente descoordenadas: militar, civil e municipal.
Atualmente, o grande problema que notamos são os grupos policiais que deveriam trabalhar em conjunto, cada um com uma dinâmica distinta. Enquanto o crime organizado já mostrou que possui práticas de organização, até manual de guerrilha e padrões de operações com amplas redes de cooperação, os policiais brasileiros sequer compartilham informações. Portanto, sem a promoção verdadeira de reorganização e da modernização das instituições de segurança pública, torna-se impossível, ao menos, manter inalterados os atuais níveis de violência e criminalidade no país.
Infelizmente, não é “coisa de maluco” afirmar que nossa polícia é irreformável e que o mal já está enraizado. Alguns acham radicalismo dizer, mas os especialistas afirmam: é necessário cortar tudo do zero. Nova polícia, nova filosofia, sem vícios comportamentais, de modo a iniciar uma nova etapa nos padrões de segurança brasileira.
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