Juliana Scarini
Há aproximadamente dois meses, o Departamento de Posturas ordenou que todas as mesas e cadeiras da Rua Portugal, no Centro, fossem retiradas. O fato gerou muita polêmica e indignação dos frequentadores de bares e restaurantes do local. A principal prejudicada foi a Pizzaria Califórnia, que durante anos utilizava parte da rua a fim de oferecer mais mesas aos clientes. Para tentar reverter a situação foi feito um abaixo-assinado, que já conta com mais de duas mil assinaturas. O objetivo é revogar a proibição de colocação de mesas na calçada da Rua Portugal, usando como argumento que a pizzaria existe há 40 anos em Nova Friburgo e sempre foi um ambiente familiar.
O grande questionamento dos comerciantes e alguns moradores é: por que a medida de retirada das mesas só aconteceu na Rua Portugal? Segundo Patrícia Vieira, comerciante há três anos no local, o problema da rua não eram as mesas, e sim, algumas pessoas que frequentam os bares. “O problema é a falta de segurança”, acredita, lembrando que depois que tiraram as mesas as pessoas sentam nas portas das lojas e deixam garrafas de bebidas largadas por todo lado.
A rua também apresenta outros problemas que antes ficavam escondidos pela presença das mesas. O piso está todo danificado, além de muitos buracos onde, segundo relatos, idosos caem frequentemente. O estacionamento irregular também se tornou frequente na Portugal, sendo comum ver carros e motos ocupando a rua.
“Moro aqui há 40 anos e as mesas nunca me incomodaram, nem o barulho”, comentou Glória Elias. O auxiliar de escritório Vagner Silveira também não concorda com a retirada das mesas, alegando que frequenta os bares da rua. “O que atrapalha hoje são esses carros que ficam o dia inteiro estacionados aqui”, reclamou.
Já para Antonio Wermelinger, comerciante há oitos anos na rua, a retirada das mesas foi melhor. “A pizzaria, algumas vezes, fechava a passagem e a entrada da minha loja. Não tenho nada contra a pizzaria, mas atrapalhava. Se for uma coisa organizada, não vejo problema algum”, explicou.
A ideia de muita gente é que a Rua Portugal possa se transformar num ponto turístico, reunindo comércio local, bares e restaurantes. “Foi muito ruim retirarem as mesas. Eu sei que ninguém quer barulho e bagunça, mas o local perdeu a sua identidade. A rua é um local de contato, perdeu a alegria daqui”, destacou o estudante e morador da Rua Portugal, Wagner Aquino. Ele ainda lembrou que a medida prejudicou o comércio. “Seria bom que a rua fosse revitalizada. Muitas famílias ficavam aqui”, revelou.
Outro argumento para os que defendem a recolocação de mesas é o fato de a Portugal ser uma rua tradicional da cidade, onde muitas gerações já curtiram carnavais e encontraram amigos. “As mesas não atrapalhavam. O pessoal que faz a confusão não é da pizzaria. O problema da rua é a falta de segurança e as pessoas que não frequentam os bares e usam a rua para outros fins. Essas pessoas, sim, extrapolam o limite de ir e vir”, criticou o morador Antonio José Trancoso. Para ele, antes de o Departamento de Posturas proibir as mesas, deveria ter ido ao local e ver quais medidas devem ser tomadas para melhorar a rotina dos moradores e comerciantes, além de observar a rotina da rua.
“A rua deve ter vigilância e segurança. Sem falar que a Portugal está sendo punida individualmente. Os bares estão sendo prejudicados”, concluiu Antônio José Trancoso.
Prefeitura responde dúvidas de moradores e comerciantes
1 - Depois da retirada das mesas, o “estacionamento irregular” de motos e carros se tornou frequente na rua. Por que não há nenhum tipo de fiscalização nesse sentido?
O superintendente da Autran, Rubem Braga, informa que é proibido o estacionamento na Rua Portugal. Na semana passada foram rebocados dois veículos e somente esta semana outros seis foram advertidos. O superintendente garante que a fiscalização na Rua Portugal é frequente e será intensificada, inclusive com emprego de reboques. Rubem Braga frisa que a única exceção para trânsito na Rua Portugal é dos moradores, em direção à garagem, e nem os moradores podem parar na rua. Por fim, o superintendente sugere que os casos de abusos devem ser informados à Autran (2526-9261 e 2526-9662).
2 - Os buracos se tornam um perigo para idosos que trafegam pelo local. A Prefeitura pretende fazer reformas nesse sentido?
O secretário municipal de Obras, Clauber Domingues dos Santos, informa que não havia reclamações nesse sentido na sua secretaria e que vai verificar a situação da referida rua.
3 - Existe algum projeto para revitalizar a Rua Portugal e transformá-la numa rua organizada e, quem sabe, um ponto turístico?
O subsecretário municipal de Obras, Luiz Claudio Gonçalves, informa que o município concluiu recentemente um projeto de revitalização da via, orçado em 200 mil reais. Este projeto pretende organizar a circulação dos pedestres e veículos dos moradores, transformando o espaço em um centro de convivência urbana.
4 - Com relação à retirada das mesas, porque esta medida só foi válida na Rua Portugal?
O secretário municipal de Ordem Urbana, Hudson de Aguiar Miranda, informou que a medida se deveu a uma ação no Ministério Público movida pela associação de moradores da Rua Portugal, por perturbação do sossego e intranquilidade, e a sua secretaria acatou a determinação do MP. O secretário comentou que no dia 4 passado foi realizada reunião do prefeito Sérgio Xavier com representantes das secretarias de Governo, Ordem Urbana, Fazenda e Procuradoria Geral, finalizando estudos para disciplinar o uso de mesas e cadeiras nos passeios em todo o município e não só na Rua Portugal.
5 - A segurança é a principal queixa dos moradores e comerciantes. Por que não há medidas de prevenção da violência e outros problemas que a rua oferece?
O secretário municipal de Ordem Urbana, Hudson de Aguiar Miranda, informa que a Polícia Militar tem mantido, principalmente nos fins de semana, uma viatura com ponto fixo nas proximidades da Rua Portugal, e quem se sentir incomodado pode ligar para 190 e assim estará auxiliando a PM, que realiza um belo trabalho, com resultados significativos em termos de segurança para o município.
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