Comemorações à parte, Dia Internacional da Mulher também serve de alerta para a prevenção de doenças cardiovasculares

quinta-feira, 07 de março de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Em meio aos festejos pelo Dia Internacional da Mulher, a data também pode ser voltada para chamar a atenção sobre a importância dos cuidados de prevenção às doenças cardiovasculares. É o que destacam cardiologistas da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), que alertam as mulheres para os cuidados diferenciados que devem ser dispensados ao coração feminino. Isso porque a vida moderna trouxe muitas conquistas mas também aumentou o risco de problemas cardíacos entre as mulheres. Prova disso é que as doenças cardiovasculares, até então vistas como típicas do sexo masculino, já ultrapassam as estatísticas dos tumores de mama e útero e provocam um terço das mortes entre mulheres no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). 
As particularidades do coração feminino são uma das razões que apontam a necessidade de um olhar preventivo para as doenças cardiovasculares. “O coração da mulher tem menores dimensões em média do que o dos homens e, como consequência, o volume de sangue ejetado também é menor. Suas células são afetadas de forma diferente por medicamentos e, acredita-se que os hormônios femininos estejam implicados nessas oposições, já que são observadas variações na ocorrência de arritmias de acordo com a fase do ciclo menstrual e também aumento dessas ocorrências durante a gravidez”, lembra, a cardiologista e membro da Sobrac, Denise Hachul.
Segundo ela, o funcionamento básico do sistema elétrico do coração tem suas peculiaridades no sexo feminino, afetando na incidência, na apresentação e no desfecho clínico de arritmias (alterações elétricas que provocam modificações no ritmo das batidas do coração). Por alguma razão, não totalmente conhecida, alguns tipos de arritmias são mais comuns em mulheres, especialmente as taquicardias supraventriculares, que se iniciam nos átrios e chegam a ser duas vezes mais frequentes no sexo feminino do que no masculino.

Sintomas de arritmias costumam ser negligenciados pelas mulheres
A cardiologista explica ainda que, no período do ciclo menstrual, conhecido como fase lútea, na qual ocorre aumento de progesterona, a incidência de arritmias também é maior. “Entre as possíveis explicações para isto estão fatores como a maior temperatura média corporal e a maior atividade de adrenalina circulante. Mas o seu mecanismo real ainda não está completamente desvendado”, diz Denise Hachul, avaliando também que, pelas modificações circulatórias próprias da gestação, a frequência cardíaca da mulher grávida tende a ser ainda superior, assim como a vulnerabilidade às arritmias. “Isso se deve, provavelmente, à maior concentração de adrenalina no sangue e maior irritabilidade do músculo cardíaco”, explica Hachul.
A cardiologista destaca que os sintomas das arritmias, como palpitações, dores no peito e tonturas, tendem a ser menos valorizados no sexo feminino, já que muitas mulheres os atribuem a distúrbios emocionais. Para a especialista, esses sintomas precisam ser considerados e valorizados, e as diferenças entre os sexos e os seus respectivos riscos devem ser adequadamente conhecidos para que medidas preventivas e terapêuticas possam ser inseridas precocemente na população feminina.
A cardiologista ressalta que a prevenção é o melhor remédio contra qualquer doença. É recomendável levar uma vida com hábitos saudáveis, praticar atividades físicas frequentemente, realizar exames preventivos e consultar, pelo menos uma vez por ano, um clínico ou cardiologista. São pequenas mudanças na rotina feminina que poderiam evitar oito em cada dez casos de doenças cardíacas. 

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