Com o terminal rodoviário urbano César Guinle fechado para obras, passageiros dos ônibus municipais estão ocupando e lotando pontos no centro de Nova Friburgo. Na tarde desta segunda-feira, 15, os usuários do transporte, acostumados a esperar os coletivos na rodoviária, estavam espremidos em uma movimentada calçada na Rua Sete de Setembro devido as chuvas que caíram sobre a cidade.
“A maioria das pessoas se molhou por causa da falta de cobertura e do curto espaço da calçada. Nós ficamos na chuva, no sol, enquanto o valor da passagem só aumenta. Isso está vergonhoso”, disse Diego Gonçalves, que ainda criticou a falta de coberturas e bancos em outros pontos de ônibus do município.
Desde o dia 5 de fevereiro a rodoviária urbana está fechada para reformas na área interna e também para obras de adequação da área externa para o novo ponto de parada dos ônibus no local. Enquanto isso, o embarque e o desembarque de passageiros dos ônibus que vêm da região norte e zona rural estão sendo realizados na Rua Sete de Setembro e também em outros pontos na Avenida Alberto Braune.
Na manhã desta segunda-feira, 15, máquinas começaram a retirar os paralelepípedos do terminal, enquanto funcionários da Confia Construtora Ltda, empresa que venceu a licitação para realizar a obra, faziam medições no local. Segundo a prefeitura, os serviços no entorno da rodoviária devem durar pelo menos um mês e custarão cerca de R$ 160 mil aos cofres do município. Serão retiradas as grades e as catracas e os banheiros serão reformados. As plataformas laterais dos ônibus serão removidas para que os coletivos parem um atrás do outro.
“Antes, os ônibus entravam na rodoviária e depois tinham dar ré para sair de lá. Após as obras na área externa, os coletivos irão parar para embarque e desembarque no novo ponto, e seguirão para os seus destinos em fluxo contínuo. Os ônibus não ficarão muito tempo parados ali. Como isso, iremos melhorar o trânsito na Rua Sete de Setembro, que é o principal gargalo no centro da cidade”, disse o prefeito Rogério Cabral ao apresentar o projeto em janeiro.
A rodoviária está cercada por tapumes há cerca de 10 dias. A estrutura está impedindo a passagem de pedestres nas calçadas paralelas ao terminal. “Fecharam com tapumes a rodoviária e acabaram com a calçada. Por onde passam os pedestres? Pela rua junto com os veículos? A calçada faz parte de rodoviária? Se faz, está é nova para mim!”, reclamou Norma Martins.
Por causa das intervenções no terminal, as linhas Alto do Mozer, Alto de Olaria (micro-ônibus), Cascatinha, Catarcione, Felipe Camarão, Olaria, Perissê, Sítio São Luiz e Vargem Grande/Granja do Céu tiveram seus itinerários alterados na semana passada. Os ônibus agora estão entrando na Rua Dante Laginestra, ao lado do antigo campo do Friburgo, e param no ponto da Igreja Matriz, na Praça Dermeval Barbosa Moreira. As demais linhas que vêm da região sul da cidade estão parando no ponto na Rua Coronel Galeano das Neves, ao lado do Friburgo Shopping.
Integração com o cartão
A mudança na rodoviária faz parte do projeto do novo sistema de integração de passageiros implantado na segunda semana de fevereiro em Nova Friburgo. Os passageiros que desejam embarcar em dois ônibus e pagar um única passagem agora precisam ter o cartão Riocard. Mas, conforme A VOZ DA SERRA noticiou na edição da última sexta-feira, 12, a integração pelo bilhete eletrônico ainda não contempla todas as linhas.
Um exemplo: segundo a Cartilha do Usuário da Faol, os passageiros que saem de Varginha conseguem embarcar em outro ônibus e seguir para Mury, pagando uma única passagem. Mas aqueles que saem da Granja Spinelli precisam pagar mais uma passagem para chegar ao bairro Cordoeira. Antes, com a rodoviária, o passageiro saía da Granja Spinelli, descia no terminal e embarcava em outro ônibus para o Cordoeira sem pagar mais de uma passagem para isso.
Para o Procon de Nova Friburgo, o sistema pode estar violando o direito do consumidor. “Eu ainda não tive acesso às regras definidas para a integração. Porém, analisando os casos citados sob a ótica do direito do consumidor, sem sombra de dúvidas isso está errado. Conceder benefícios a alguns consumidores e à outros não viola flagrantemente o princípio da isonomia”, diz o gerente do Procon, o advogado Julio Siqueira Reis.
A Prefeitura de Nova Friburgo não comentou o problema na integração de algumas linhas na cidade, mas pediu a compreensão dos usuários alegando que a superlotação nos pontos de ônibus, devido às obras rodoviária, é temporária. “É do conhecimento de todos que o fechamento da rodoviária pode causar algum desconforto aos usuários. No entanto, a Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu) entende que esta é uma situação temporária e que as intervenções em andamento, neste momento, acontecem para oferecer melhores condições no futuro”, diz a nota.
Deixe o seu comentário