Foi proveitosa a visita do comandante-geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, ao município nesta sexta-feira, 29. Ele chegou à cidade pela manhã e foi recebido pelos tenentes-coronéis James de Barros, comandante do 11º BPM, e Marcelo Freiman, subcomandante, e pelo secretário de Ordem Urbana, o ex-comandante-geral da PM, Hudson de Aguiar Miranda. Em seguida as autoridades de segurança foram para a Prefeitura, sendo recebidos pelo prefeito Heródoto Bento de Mello, o secretário geral Braulio Rezende e outras autoridades.
A visita do comandante geral da PM teve como objetivo ouvir do prefeito Heródoto Bento de Mello reivindicações sobre a segurança pública no município. O chefe do Executivo perguntou ao coronel Mário Sérgio sobre as ações da PM que vêm sendo implantadas em morros do Rio de Janeiro e se estavam funcionando. O coronel destacou a nova postura do comando, assumindo favelas e devolvendo aos moradores o seu território.
O prefeito Heródoto e o secretário de Governo, Braulio Rezende, apresentaram ao comandante geral da PM um pedido de providências quanto à atuação dos policiais rodoviários do posto de Conquista que, segundo informações, não estariam agindo em conformidade com o esperado pelos moradores do 3º distrito. O pedido foi reforçado pelo vereador e atual diretor da Autran, Vanor Pacheco, que reclamou de multas que vêm sendo aplicadas naquela região. Outra reivindicação apresentada foi o aumento do reforço do contingente que, segundo o prefeito Heródoto, precisa de mais policiais, principalmente em distritos como Lumiar e São Pedro da Serra, e a necessidade de investimentos tecnológicos na área de segurança.
O comandante ouviu atentamente os pedidos e apresentou soluções. Sobre o BPRV de Conquista ele disse que não há por que tirá-lo de lá. “Digo que não vou tirar a polícia rodoviária de lá, mas posso criar um novo Posto de Policiamento Comunitário”, destacou, lembrando que a presença do policial rodoviário garante a segurança do turista, do morador e do trabalhador que usa a rodovia. Ele ainda disse que as supostas irregularidades denunciadas pelas autoridades municipais serão apuradas pela corregedoria.
Sobre os cursos de formação de policiais militares e o reforço do efetivo, coronel Mário Sergio se mostrou disposto a ajudar, mas esclareceu que o problema existe em todo o estado. “Tenho um baixa anual de 1.200 policiais. Para que haja equilíbrio, preciso de cinco mil novos policiais a cada ano. Tenho uma meta necessária de atingir o número de 62 mil PMs até a Copa de 2016”, concluiu.
Sobre o investimento em tecnologia, o comandante apresentou a proposta da implantação no município de um Centro de Comando de Controle, que integra a Polícia Militar, Guarda Municipal, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil. O major Fábio Cajueiro, chefe do Centro de Comunicação e Informática da PM, apresentou slides sobre o projeto e explicou que prevê um local único, com um só telefone, de onde seriam acionadas todas as viaturas necessárias na ocorrência, de acordo com o que for apurado pelo Centro. O prefeito Heródoto acionou o coronel Hudson de Aguiar para que seja providenciada a implantação do sistema no município.
Comandante diz que polícia pacificadora dá certo e não acredita na migração de traficantes do Rio para a serra
“A postura da polícia pacificadora é atuar na comunidade, tirando do traficante o ‘poder de Estado’ que ele achou ter desde a década de 80, quando chegaram os primeiros fuzis nos morros”, explicou o coronel. Para o comandante, o consumo de drogas não é o maior problema, mas a ausência do Estado e o armamento usado pelas quadrilhas. “Temos sido mais vistos nas ruas e o Estado está mais presente. Agora temos que atuar mais com a educação”.
O exemplo do Morro Dona Marta, citado por Heródoto, foi apresentado pelo coronel Mário Sérgio como uma prova de que a ação vem dando certo. “Lá, casas vêm sendo pintadas e a população tem o resgate da civilidade”, afirmou. Entre suas análises, Mário Sérgio destacou que há o projeto de implantação de 40 unidades pacificadoras em todo o estado. Atualmente são seis, que já estão provando que a forma de ação é acertada.
“Trabalhamos em três estágios: combate, ocupação temporária e pacificação. Tivemos que reconhecer que estávamos em guerra. Tanto a população, quanto a própria polícia desacreditavam que o jogo poderia mudar. Muitas achavam que o poder era o tráfico. Começamos a investir em policiais novos, sem vícios das ruas e que estivessem preparados para atuar de forma pacificadora. Remuneramos melhor este policial e conseguimos hoje começar a devolver à população a crença de que o Estado somos nós”, frisou.
“Manter a ordem sempre causa prejuízos para alguém. Às vezes até para o cidadão de bem. O estabelecimento desta ordem eventualmente é motivo de reclamações. Cumprir a lei pode causar problemas, mas não cumpri-la também”, analisou. “O maior problema é o desvio de conduta, isto é grave”, disse, ressaltando a necessidade de punição ao policial que agir fora da lei.
Sobre a migração de traficantes da capital para Nova Friburgo, o comandante afirmou que não há certeza. “Isto é uma tese. O que percebemos é que os traficantes que foram expulsos das comunidades onde a polícia dominou estão sendo abrigados em outras favelas do próprio estado. Não há evidências de que estejam vindo para a serra”, concluiu.
Deixe o seu comentário