Por Angela Pedretti e Henrique Amorim
O bom filho à casa torna. E, seja quando for, sempre será recebido com carinho. Que dirá, então, o filho prodígio nascido em numerosa família, que retorna às raízes depois de conquistar o mundo com seu talento musical. Benito di Paula está de volta a sua terra natal e para três shows superespeciais no Teatro Municipal Ariano Suassuna, hoje, 28 e amanhã, 29, às 20h, e domingo, 30, às 19h com classificação etária LIVRE, porém, menores de 18 anos deverão estar acompanhados dos pais ou responsáveis legais.
Os ingressos para o supershow Benito di Paula & Banda, no qual ele se apresentará com o irmão Ney Veloso, o filho Rodrigo e o sobrinho Cauã Veloso, atual revelação na MPB. Os ingressos estão a venda a R$ 60 e R$ 30 (estudantes, idosos e servidores públicos municipais) na Superpão, Majórica Delivery e Papelote.
Benito nasceu em Nova Friburgo como Uday Velloso; retorna agora como o internacionalmente famoso Benito di Paula. Mas esta é uma longa história. Afinal, nada nunca é tão fácil quanto parece.
Filho de uma família de 13 irmãos, herdou de seu pai a influência musical que o levaria a ser um dos grandes nomes do samba produzido nos anos 70 e 80. Em Nova Friburgo o jovem Uday começou sua carreira como crooner e costumava se apresentar em bailes estudantis de fins de semana. Até que podia ser divertido às vezes, mas aquele garoto queria mesmo era ampliar seus horizontes além-serra. E o que já era previsível, acabou se tornando realidade: lá se foi Uday em busca das oportunidades que só a capital poderia oferecer.
Já no Rio de Janeiro, começou a perceber tudo aquilo que suspeitara ainda menino entre as montanhas: o mundo era enorme, nem sempre justo, nem todo dia legal... Para concretizar seus sonhos e objetivos, o sofrimento parecia ser o preço a pagar. E Uday penou muito até conseguir impor o seu trabalho. Mas morar no Morro da Formiga e encarar constantes dificuldades financeiras não o fizeram desistir. Ao contrário: foi nesse cenário que ele estabeleceu contatos importantes com autênticos sambistas e começou a cantar na noite carioca.
Pianista autodidata, o talento do músico friburguense nas teclas tornou-se logo evidente e ele decidiu investir em algo ainda maior ao se mudar para São Paulo. Seu jeito diferente de fazer samba, quase sempre ao piano, misturando arranjos românticos e jazzísticos, lançou o estilo que ficou conhecido como samba joia e, somado a sua aparência invulgar, usando fraque, bigodão e costeletas, cunhou o chamado brega-chique da música, com um samba bem brasileiro, talhado pelo luxo das casas noturnas das capitais.
Cantando e tocando piano, se apresentou em diversas boates na terra da garoa, até conseguir fechar um contrato com a gravadora Copacabana. Nascia, assim, Benito di Paula. Logo, ele passaria a integrar a galeria de grandes sucessos comerciais, com constantes aparições em programas de tevê (chegou a apresentar um programa de música brasileira na televisão, o Brasil Som 75, com uma audiência espetacular), emplacando sucessos como Retalhos de Cetim, Meu amigo Charlie Brown (em homenagem ao personagem de Schultz, uma de suas leituras prediletas); Vai ficar na saudade, Se não for amor, Amigo do Sol, Amigo da Lua, Mulher Brasileira... O sucesso foi tão retumbante que Benito chegou a disputar a venda de LPs com Roberto Carlos nos anos 70. Daí para a carreira internacional foi um pulo, ou melhor, um primoroso salto que marcou a gloriosa trajetória de Benito di Paula.
Um presente para
Nova Friburgo há
muito aguardado
Benito di Paula devia mesmo um show especial aos seus conterrâneos friburguenses e este presente no mês de aniversário de Nova Friburgo – o mesmo show de sua turnê atual, que serviu ainda para gravação do mais recente DVD – foi viabilizado pelo Grupo de Arte, Movimento e Ação (Gama), com patrocínio da Stam Metalúrgica e apoio de diversos parceiros, como A VOZ DA SERRA.
O vice-presidente do Gama, Júlio Cézar Seabra Cavalcanti, abraçou de corpo e alma a causa e começou a unir esforços para viabilizar o retorno de Benito a Nova Friburgo ainda no ano passado, com a entrega do Troféu Benito di Paula aos melhores da cultura local, no dia 28 de novembro, data do aniversário do cantor e compositor. Nesse dia instituiu-se o Dia Municipal da Música – Benito di Paula, por força de lei municipal, já que o Legislativo acatou a proposta do Gama.
Sensibilizado com a honra ao emprestar seu nome ao troféu oferecido pelo Gama, Benito, que fixou residência na capital paulista, aceitou convite para vir a Nova Friburgo, onde moram muitos de seus familiares, entre eles, o irmão que também é cantor e compositor Ney Veloso, no último mês de janeiro. Cicereoneado pelo Gama, Benito di Paula reviu muitos amigos, acertou detalhes para sua apresentação especial neste fim de semana (dias 28 e 29, às 20h, e dia 30, às 19h) no Teatro Municipal Ariano Suassuna (Praça do Suspiro), e desfrutou durante cinco dias de todo o charme de Nova Friburgo, inspiradora de um de seus grandes sucessos: Homem da montanha.
O presidente do Gama, Chico Figueiredo, destaca que após as últimas quatro décadas de total sucesso de Benito, com uma série de apresentações agendadas, inclusive internacionais, ainda faltava o “coroamento de um show especial em Nova Friburgo”. Para Chico Figueiredo, os friburguenses precisam reconhecer e reverenciar os talentos da terra. “Infelizmente, muita gente ainda desconhece que ícones culturais, como o pintor Alberto da Veiga Guignard e Benito di Paula, são friburguenses. O Gama vem plantando a semente através de ações que valorizam esse reconhecimento necessário”, atesta o presidente do Gama.
“Poder assistir a um show de alto gabarito como o de Benito em Nova Friburgo é uma honra para todos nós, friburguenses de nascença ou de coração, não importa. O que vale é podermos prestigiar o Benito”, resume Jaburu. 18 ANOS
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