Por Alessandro Lo-Bianco
“Foi tudo mundo rápido”, relembra a paulistana Maria Gadú, nova promessa da música popular brasileira. Quando decidiu vir para o Rio de Janeiro, no início de 2008, não imaginava que, em menos de cinco meses, fecharia contrato com uma grande gravadora para o lançamento do seu primeiro disco, atraindo para sua temporada de lançamento ninguém menos que Caetano Veloso, Milton Nascimento, Nelson Motta e João Donato, além de uma penca de artistas, cineastas e críticos da mídia que, naquele momento, presenciavam o nascimento de uma artista diferente de tudo que já havia sido visto. Diferente, porque quando Gadú sobe ao palco, qualquer desavisado pode achar que ela faz parte de uma nova onda rock´n´roll, meio punk. Mas basta abrir a boca para, com muita suavidade, encantar a todos com o que tem de sobra: uma linda voz, suaves melodias e ótimas letras. Como disse Caetano: “Não é preciso pensar muito no que ela é, apenas prestar atenção e deixar acontecer”, resumiu. Gadú começou a prática musical ainda criança. Aos sete anos, já gravava músicas em fitas cassetes e com apenas dez compôs uma que viria a ser um grande marco em sua vida, a canção Shimbalaiê, que foi tema da novela Viver a Vida, 13 anos mais tarde. Quando chegou ao Rio, após muitas apresentações em casas na Barra da Tijuca, a jovem conheceu artistas da TV Globo, daí surgindo o convite para fazer uma participação na minissérie Maysa. Foi na festa de lançamento do programa que a sua apresentação lhe rendeu um encontro com a Som Livre, que despertou interesse pela cantora. Na ocasião, Maria Gadú ganhou destaque ao interpretar Ne me quitte pas, de Jacques Brel, para o diretor Jayme Monjardim, que estava em fase de pré-produção da minissérie. A versão de Gadú foi logo incluída na trilha sonora, pois a mãe do diretor fez muito sucesso nas décadas de 50 e 60 cantando, dentre outras, essa canção. Após o lançamento do primeiro álbum, em meados de 2009, Maria despontou. Ne me quitte pas foi regravada e, junto com A História de Lilli Brown, de Chico Buarque e Edu Lobo, participou da trilha sonora da minissérie Cinquentinha, de Aguinaldo Silva. No dia 21 de janeiro, a bela participou de um show do cantor sueco Eagly Eye Cherry, em São Paulo, e ficou registrada no DVD ao vivo do astro. Também participou do CD e DVD do álbum N9ve, da cantora Ana Carolina. No dia 21 de fevereiro, Maria Gadú ganhou o disco de ouro no Domingão do Faustão, onde foi homenageada por Nelson Motta. “Ela provou que qualidade pode ser popular”, afirmou. Segue o bate-papo que tive com ela aqui no Rio!
Como foi sua infância e o início dessa trajetória musical?
Minha avó me influenciou bastante, pois era cantora lírica. Cresci e comecei aos seis anos escutando músicas clássicas e Adoniram Barbosa. Na infância, eu ia com minha mãe a casas de músicas ao vivo e ela sempre pedia para os artistas pra eu cantar alguma coisa no fim. Eu morria de vergonha (risos). Fiz parte também, quando criança, de um grupo de São Paulo chamado Escola Municipal de Iniciação Artística (Emia), e lá tive contato com todos os instrumentos. Fui crescendo então tocando em bares, festas de amigos e até velórios já fiz (risos).
O que você costuma escutar?
Gosto de tudo! Não tenho preconceitos. Gosto de escutar Chico Buarque, Marisa Monte, Caetano Veloso, Sandy & Junior, Kelly Key, e por aí vai (risos).
Você chegou a gravar Baba, da Kelly Key, como foi isso?
Acho a música muito boa e por isso fiz uma versão para eu cantar que acabou ficando no meu repertório. Cantava com os meus amigos essa canção. Meu disco registra 20 anos de tudo que passei, muita coisa! Então escolhi tudo que fez parte da minha vida.
Você escreveu Shimbalaiê aos 10 anos, bem cedo...
Sim. Eu estava na Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e a letra veio na minha cabeça. Então odiei essa música por muito tempo (risos). Achava a letra muito infantil, acho que isso aconteceu por ter sido a primeira letra que eu criei na minha vida, logo na infância. Mas dê uns tempos pra cá, fizemos as pazes (risos).
Com pouco tempo no Rio sua vida mudou completamente. Como foi a chegada desse sucesso todo de uma hora pra outra?
Foi muito bom! Nunca pensei que tudo isso pudesse acontecer. Eu amo tocar e já estava satisfeita tocando nos bares. Nunca criei expectativa de tocar nas rádios, essa coisa toda. Então tudo veio somar à minha felicidade. Fico emocionada de receber elogios dos grandes músicos, pois só estou aqui hoje por culpa deles, que me influenciaram muito ao longo da minha vida.
E como veio o contato com a TV Globo?
Sou amiga do Rafael Almeida, que é irmão da Tânia Mara, esposa do Jayme Monjardin. Através deles, acabei sendo apresentada pra ele. Depois de me escutar cantando Ne me quitte pas, ele me convidou para participar da minissérie Maysa.
Por isso saiu de São Paulo?
Não, não... Não teve nada planejado. Vim passar férias e acabei ficando (risos).
Como você procura aproveitar sua vida fora do trabalho? Costuma badalar bastante, ficar na internet... Como é isso?
Até que saio bastante, mas ultimamente tenho saído pouco devido a agenda corrida. Mas curto ficar em casa com os amigos também. Se pudesse, ia a todos os shows, desde Sepultura até Erasmo Carlos (risos). Tenho usado bastante a internet, tenho Orkut, Facebook, twitter, tudo! Adoro falar com as fãs por lá e acompanhar as coisas.
Como pretende seguir sua carreira daqui em diante?
Quero continuar levando e aproveitando as oportunidades que forem chegando. Não faço planos e nem crio muitas expectativas, para não acabar me frustrando (risos).
Deixe o seu comentário