Desde que foi inaugurada, há pouco mais de seis meses, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Nova Friburgo, fruto de parceria entre a Prefeitura, Estado e União, tem alcançado um dos seus principais objetivos: desafogar o setor de urgência do Hospital Municipal Raul Sertã. De junho a dezembro do ano passado a UPA, situada na Avenida Governador Roberto Silveira, no distrito de Conselheiro Paulino, atendeu a quase 38 mil pacientes. A clínica médica foi a especialidade mais procurada até então, com a realização de 24.347 consultas e 8.630 atendimentos na pediatria. Neste período o laboratório de análises clínicas da unidade fez 9.046 exames de sangue e urina e o setor de raio X atendeu a 5.406 pacientes. Só nos primeiros seis meses de atuação, a UPA de Nova Friburgo distribuiu gratuitamente 204.977 medicamentos aos pacientes.
Estes dados estatísticos são motivos de comemoração para a diretora administrativa da UPA Nova Friburgo, a advogada Márcia Bustamante. Ela acredita que, embora muitos pacientes se queixem que o Hospital Municipal Raul Sertã continua lotado na maioria dos dias, com a UPA em funcionamento no distrito de Conselheiro Paulino aproximadamente 5 mil pessoas por mês deixaram de recorrer à Central de Tratamento de Urgência (CTU) do hospital, de junho a dezembro do ano passado. “Se não houvesse a UPA, todos esses pacientes recorreriam à CTU do Raul Sertã”, observa Márcia, lembrando que o hospital, na maioria das vezes, permanece com a urgência lotada devido à procura por pacientes de cidades vizinhas e o reduzido quadro de médicos.
A UPA Nova Friburgo funciona como um mini hospital, com 160 funcionários, entre eles, 21 médicos, que se revezam em plantões. Além de clínicos gerais disponíveis diariamente, há atendimento pelo menos três vezes por semana de pediatras, e um dentista todos os dias, 24 horas. Toda a equipe é terceirizada pela Cruz Vermelha de Barra Mansa, no sul do Estado, e Márcia está otimista com uma breve licitação para escolha de uma equipe definitiva, já que o contrato da Prefeitura de Nova Friburgo com a Cruz Vermelha terminará em março.
Atendimento na UPA é diferenciado, mas muitos pacientes a procuram para serviços ambulatoriais
Elogiada por muitos devido à qualidade do atendimento humanizado, com distribuição de medicamentos gratuitos e remoção dos pacientes mais graves para o hospital em ambulância própria, a UPA ainda é alvo de muitas críticas dos próprios pacientes, que reclamam da demora no atendimento. Há casos de mais de uma hora de espera por uma consulta, mas a diretora administrativa explica que o atendimento na UPA não é feito por ordem de chegada como muitos pacientes acreditam. A prioridade no atendimento é de acordo com a gravidade do caso e, ainda segundo Márcia Bustamante, infelizmente, muitos casos atendidos na UPA são típicos de ambulatório. “Mesmo assim, às vezes é esperar algumas horas aqui do que meses por uma consulta num posto de saúde”, argumenta a diretora administrativa.
A UPA é subdividida em quatro setores diferenciados por cores: o azul destinado a consultas de pacientes sem graves sintomas (gripes, diarréias, mal-estar, dores no corpo); verde, para pacientes que necessitam ser medicados e geralmente são liberados em seguida (casos de pressão alta, crises nervosas, feridas, gripes fortes e febres); amarelo, para pacientes que após medicados, necessitam ser observados através de internação ou não (dores internas, crises de bronquite e diabetes descompensado, por exemplo) e vermelho, casos graves que precisam dos serviços de UTI.
Pacientes que necessitam de cirurgias e atendimentos mais complexos são removidos para o Hospital Municipal Raul Sertã. No primeiro semestre de funcionamento, a UPA removeu 374 pacientes para o hospital. Apenas cinco deles morreram. Toda a estrutura física da UPA é de contêineres e padronizada. Em todo o Estado já são pelo menos 30 unidades que funcionam como mini hospitais. Na UPA não há Centro de Tratamento Intensivo (CTI) e a internação dos pacientes em observação não deve ultrapassar três dias. Só no mês de dezembro, por exemplo, 140 pacientes permaneceram internados no setor amarelo e outros nove no setor vermelho.
Acolhimento e acompanhamento social, outras prioridades da UPA
Outro diferencial da UPA é o acolhimento aos pacientes. Os atendentes valorizam a preocupação em tratar bem os pacientes que ao chegarem na unidade são recebidos por uma equipe de enfermagem que já pré-seleciona qual o setor que esse paciente será encaminhado para atendimento, com exceção dos casos graves que já são prontamente atendidos no setor vermelho. Nesses casos são mobilizados, se necessário, demais membros da equipe de atendimento e médicos de plantão. Após esse acolhimento, os pacientes aguardam chamado para consulta através de um computador. Para cada novo atendimento é aberto um prontuário on-line. Na UPA tudo é informatizado, até mesmo as solicitações de remoções.
A humanização garante ainda o encaminhamento de alguns pacientes à rede de atendimento em assistência social disponível no município. “Muita gente chega aqui se queixando de uma doença que, na verdade, não existe. Esses pacientes muitas vezes têm algum problema familiar e aqui encaminhamos para acompanhamento psicológico ou social”, destaca uma assistente social da UPA.
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