O maior objetivo da minha carreira sempre foi estar em Cannes
O filme foi selecionado para participar da mostra Short Film Corner, que será aberta nesta segunda-feira, 22, com encerramento no próximo domingo, 28. Durante uma semana serão exibidos curtas de vários países - 1.452 produções, com o Brasil representando 2,5% desse total. Segundo Leo Arturius, o Short Film é destinado a produções de cineastas iniciantes e/ou estudantes, para fazer negócios, atrair compradores para seus filmes e apresentar projetos.
“Este segmento não é uma competição, portanto, não há premiação. É uma feira de negócios que atrai produtores mundiais em busca de novidades, diretores com ideias originais, novas linguagens, enfim, gente criativa. Um guichê ficará disponível das 9h às 21h para passar filmes para os produtores e sessões públicas seguidas, diariamente. A programação é extensa, com oficinas, palestras, masterclass, e ainda uma festa do cinema brasileiro, além de outras atividades”, explicou o produtor, que embarcou na sexta-feira, 19, para a França.
Leo Arturius terá acesso a todos os eventos, assistirá as premieres na companhia de consagrados cineastas e atores. “Vou ter a chance de mostrar o meu trabalho para pessoas importantes do setor, além da oportunidade de fazer contatos e fechar negócios diretamente com as produtoras”, adiantou. Nesta entrevista exclusiva, o produtor fala de sua carreira, suas expectativas e de sua paixão pelo cinema.
A Voz da Serra - Quando surgiu o seu interesse pelo cinema? Algum filme em especial o incentivou a conhecer esse ofício, despertou a sua curiosidade sobre o processo de produção e filmagem?
Leo Arturius - Meu primeiro impacto com o cinema se deu em 1989, com o “Batman”, de Tim Burton. Fui com a minha mãe e saí do cinema curioso. Ao chegar em casa, ficava me perguntando como o Batman voava, não no sentido real, mas no filme - que efeito era aquele? Desde então, minha mãe me levava ao cinema toda semana. Já no ensino médio, quando pensava em carreira profissional, só dava cinema. Como não tive professores para me incentivar, fui atrás por conta própria. Dos 16 aos 18 anos trabalhei numa locadora de VHS, o que foi fundamental para ter acesso a filmes e revistas especializadas em cinema. Aprendi com o melhor curso de cinema que encontrei: assistir filmes.
Qual o seu gênero preferido? Algum diretor em especial?
Não tenho gênero preferido, mas não me interesso muito pelo terror, pra mim um gênero que não conseguiu se reinventar ao longo da história. “Nosferatu”, de 1922, por exemplo, causa muito mais impacto do que os filmes atuais. Hoje, tenho como referência, os diretores Terrence Malick, Ridley Scott e Apichatpong Weerasethakul.
Que filme marcou você, ficou na sua memória afetiva?
Lembro muito do “Rei Leão”, que assisti várias vezes. A partir dele descobri Shakespeare, e também, que o cinema engloba várias artes.
Dos diretores brasileiros, qual deles o inspira? E dos filmes, qual mais o empolgou?
Eduardo Coutinho, Nelson Pereira dos Santos e Kleber Mendonça. “Vidas Secas”, do Nelson, é uma aula de cinema, todos os aspectos técnicos são transformados em narrativa, difícil ver isso no cinema brasileiro de hoje.
Qual personalidade do cinema nacional desperta a sua admiração?
Eduardo Coutinho. Acho incrível como ele desconstrói o cinema e se reinventa a cada filme. É um cineasta fundamental para pensar a vida. Sua perda foi muito triste. Na minha cerimônia de graduação em Cinema, ele foi a nossa escolha natural como patrono. Foi a nossa singela homenagem.
Qual a sua expectativa em relação ao festival de Cannes?
O maior objetivo da minha carreira sempre foi estar em Cannes. Independentemente da categoria, só quero estar no ambiente que reúne os principais profissionais do mundo na área do cinema, como produtor ou diretor de um filme participante. Mas não imaginava ir tão cedo, sempre achei um sonho distante. Retorno é apenas meu quinto filme. Tenho a expectativa de fazer muitos contatos para produzir o próximo filme com mais conforto, e ainda vender projetos para fora do Brasil. Quero manter a produção de um filme por ano, o que já cumpri esse ano, mas após Cannes espero fazer mais. E todos eles tendo como locação nossa Nova Friburgo.
Você tem metas, quais são?
O que alcancei até o momento já é uma conquista e tanto. Não preciso de muito mais. Quero viver da arte e com a arte, e de quebra pagar as contas. Ter o respeito daqueles com quem trabalhei e as pessoas ligarem para pedir consultoria de produção, é suficiente para viver em paz. Ter reconhecimento pelo que se faz significa não parar de trabalhar nunca e poder viver do que se gosta. Quero, cada vez mais, levar a minha paixão para outros jovens e apresentar a arte como possibilidade de questionamento moral e ético. Quero subverter o mundo todo dia, quero desconstruir o pensamento todo dia. Quero viver com a utopia ao meu lado, não tenho receio de desafiar o status quo da sociedade. Por isso faço arte.
Sinopse:
“Retorno” conta a história de uma banda de rock que faz seu primeiro show após um ano de hiato. Nina, a vocalista, guarda um segredo dos demais membros. O retorno aos palcos desperta dilemas internos e incertezas – mas o show vem primeiro.
Elenco: Mari Milani, Nicole Torrez, Julianna Firme, João Linhares, Artur Serpa, Caio
Fontes Neves
Participação em festivais:
Seleção Oficial “XII Cinefest Gato Preto”; Seleção Oficial “1º Festival Cine Tamoio”; Seleção Oficial “20ª Mostra de Tiradentes”; Seleção Oficial “Short Film Corner”, Festival de Cannes (FR) 2017.
Equipe técnica:
Direção, roteiro e montagem: Kaio Caiazzo
Produção: Leo Arturius
Direção de fotografia: Sidney Dore
Direção de arte: Rafaela Abreu
Figurino: Lilian Alves
Som direto: Luiz Felipe Netto
1ª assistente de direção: Marcelle Ribeiro
2ª assistente de direção: Nicole Carvalho
Continuidade: Ana Luíza Falcão
Assistente de produção: Priscilla Lima, Maria Chafir, Eduardo Veras
Produção de locação: Júlia Martins
Coordenação de transporte: Elba Cynthia
Contrarregra: Bruno Adnet
Assistente de fotografia: Igor Duarte, Mateus Cabral, Raphael Hollanda
Correção de cor: Bernardo D'Ávila
Still: Bruno de Holanda
Logger: Eduardo H. Sant Anna
Produção de arte: Bruna Zaccaro
Assistente de arte: Marcela Porto, Victoria Zanardi
Cenografia: Mariana Assis
Maquiagem e cabelo: Mariana de Medeiros
Assistente de figurino: Karolina Gameiro
Gaffer: Danilson Souza Costa
Assistente de elétrica: Bartolomeu
Enfermeiro: Hans Bossan
Trilha sonora e produção musical: Kaio Caiazzo
Edição e mixagem de som: Fernando Aranha
Mixagem das faixas musicais: Diego Matheus
Transporte: Cleilson Felix
Locação: Rock Experience Music Club - Lapa (RJ)
Músicas gravadas no Estúdio Ipiranga, Laranjeiras (RJ)
Serviço:
Produção Arturius Filmes
Produtora associada 3lhamas Produções
Patrocínio PUC-Rio
Ficção, 2016, 15 minutos
Leo Arturius
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