Colégio Nossa Senhora das Mercês promove evento de arte urbana

Evento mesclou arte e educação, rua e escola, tradição e contemporaneidade
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
por Ana Blue
A apresentação da Coretto Cia. de Dança lotou o espaço onde o evento foi realizado
A apresentação da Coretto Cia. de Dança lotou o espaço onde o evento foi realizado

Na última sexta-feira, 11, o Colégio Nossa Senhora das Mercês, através de iniciativa dos professores Dalmo Latini e Solange Stutz, coordenação de Denise Satyro e apoio de toda a equipe de funcionários e demais colaboradores, protagonizou um evento que mesclou arte e educação, rua e escola, tradição e contemporaneidade. Trata-se do evento Mercês Arte Urbana, que trouxe para dentro do universo escolar os elementos da cultura hip hop, com oficina de dança, rima, beatbox, grafite, apresentação de rap, basquete de rua e até pista de skate montada na quadra da escola.

O hip hop, nascido nos guetos jamaicanos e alcançando sua fase maior nos subúrbios negros e latinos da Nova Iorque dos anos 70, foi decisivo para denunciar os problemas de ordem social vivenciados por este segmento da população naquele momento: violência, falta de perspectivas, racismo, tráfico, carência de serviços básicos como educação e saúde, enfim, o hip hop se tornou o símbolo máximo de um povo que, mesmo que não se mantivesse calado, ainda não tinha direito à voz. Aliás, passados 40 anos, o hip hop cresceu em número e tamanho, chegou a todos os cantos do mundo, mas, para perplexidade dos adeptos, muito pouco—quase nada—mudou. Grafiteiros, rappers e bboys (dançarinos) continuam tendo que ganhar seu espaço na cara e na coragem. Passam por diversas situações de desrespeito. Talvez o mundo não tenha evoluído tanto quanto a gente gosta de imaginar que evoluiu e o preconceito ainda impera.

No Brasil, expoentes da cultura de rua que alcançam sucesso positivo no país—e também internacionalmente—conseguem, pouco a pouco, desmistificar a máxima de que aba reta é sinônimo de descompromisso. Nomes como Criolo, Emicida e Racionais levaram a voz dos guetos para todo o Brasil e o mundo, assim como os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo—“Os Gêmeos”—levaram a imagem, e são reconhecidos como dois dos artistas plásticos mais expressivos na atualidade. Isso só para citar alguns exemplos, pois são milhares.

Um desses grandes nomes da street art foi convidado para compartilhar sua trajetória de vida com os alunos do Mercês: o grafiteiro Marcelo Eco. O artista faz parte da primeira geração de grafiteiros do Rio de Janeiro e já levou suas cores vibrantes para diversos países, como a Itália, Holanda, França, Argentina e Angola. Seu personagem principal—um carinha de queixo pontudo e ar debochado—fez sucesso entre os alunos, que ouviram Marcelo atentamente por cerca de uma hora. Marcelo deixou um grafite de presente na quadra da escola—e assinou sua passagem por aqui com um desenho embaixo do viaduto. Artistas friburguenses também participaram do evento, tais como o grafiteiro Maicon Tosth, o rapper Michael Puga—o MC MP—, o músico Celso Dakombi e a Coretto Cia. de Dança.

Eu também estive presente, fazendo uma oficina de rima—uma grande honra para quem ouve rap com o corpo e a alma. Foi um belo evento. A empolgação dos alunos era tamanha que nem parecia chover o esperado para o mês inteiro lá fora.  

Foto da galeria
Marcelo Eco deixou seu principal personagem gravado na quadra da escola
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