Colégio Nossa Senhora das Graças já tem sistema de alerta de chuvas fortes

segunda-feira, 29 de agosto de 2011
por Eloir Perdigão

O Colégio Nossa Senhora das Graças (CNSG) fica situado na margem direita do Rio Cônego, em Olaria. Desde a época de sua fundação, pelo saudoso monsenhor Caetano Antônio Mielli, muitas enchentes invadiram suas dependências, provocando perdas e muito transtorno. E a situação não é diferente nos dias atuais. Para contornar esse problema, a diretora Sônia Maria Ferre Penna (Soninha) conta que toda a equipe do educandário já é treinada para ficar de olho no nível do rio quando da ocorrência de chuva forte. Se a água do rio alcança um determinado nível, todos os alunos do pré-escolar, que ocupam as salas do térreo, são levados para os andares superiores, onde ficam o salão (auditório dotado, inclusive, de data-show), salas de informática e de vídeo, biblioteca e outros espaços para que se ocupem de várias atividades sem que percebam o que, na realidade, está ocorrendo.

É um sistema de prevenção visual adotado pelo fato do CNSG se situar próximo a um rio. Não é usado com qualquer chuva, somente em caso de chuva forte. Existe um nível que, segundo Soninha, é tido como seguro. Se o rio ultrapassar esse nível é hora de começar a evacuar as salas do andar térreo, ocupadas pelas crianças menores, da educação infantil.

Quando isso acontece tudo é feito organizadamente. As professoras sobem com os alunos sob o pretexto de uma atividade—por exemplo—no salão. Situação semelhante ocorreu no mês de abril passado e estava próxima a hora do lanche e todos subiram estimulados a fazer um piquenique. As cadeiras foram afastadas e todos lancharam no salão. Quando a chuva passou todos retornaram à suas salas (com muita história para contar em casa, com certeza). Em outra ocasião, que não era hora do lanche, foi projetado no telão um vídeo, chamado de “sessão de cineminha”.

Os pais sabem desse sistema de prevenção adotado pelo CNSG. Há casos em que ficam preocupados com a chuva, telefonam e buscam seus filhos, que também saem sem que percebam a real situação. Todos, nesse caso, são liberados pelo colégio. Alguns responsáveis julgam estarem os filhos mais seguros sob sua responsabilidade, enquanto outros se sentem seguros deixando os filhos no colégio.

Atualmente o CNSG mantém no andar térreo apenas os alunos da educação infantil e uma turma do segundo ano do ensino fundamental, que estudam à tarde, e apenas três turmas a partir do quinto ano, pela manhã, com alunos maiores, que já compreendem a situação, caso ocorra, tornando a operação bem mais simples. E todos sobem organizadamente (para a sala de informática, a preferida). Nunca houve problemas nessas situações. Em caso positivo, a psicóloga é chamada para contornar a situação.

De acordo com Soninha, o CNSD tem planos para que todos os alunos estudem nas salas superiores. Essa é a tendência, o que daria tranquilidade maior a toda a equipe e pais de alunos. Enquanto isso não acontece, no final de cada ano, antes das férias, todo o material do andar térreo é levado para o segundo piso. No ano seguinte, em fevereiro, antes do início das aulas, é recolocado no lugar. Ainda assim, em caso de chuva forte, o sistema de prevenção é acionado e tem funcionado satisfatoriamente.

Só para lembrar, na tragédia de janeiro passado, embora as consequências não tenham sido tão catastróficas em Olaria, o CNSD ficou com uma lâmina de 1,20m de água no andar térreo.

A lição vem do Oriente: japoneses se preparam para catástrofes todos os anos

A Região Serrana registrou em janeiro a maior catástrofe climática da história do país e até agora se mostra indefesa para as próximas chuvas. Do outro lado do mundo, o Japão já está acostumado a lidar com este tipo de acontecimento. Os terremotos são tão comuns que há anos os japoneses recebem treinamento para saber lidar com desastres naturais.

Os treinamentos simulados são realizados para a comunidade através das escolas, empresas, instituições, associações de bairro, bombeiros e envolvem todos os moradores das cidades, japoneses ou estrangeiros. Foram esses treinamentos que ajudaram a atenuar o número de mortos durante o abalo de 8,9 de intensidade em março, dois meses após a catástrofe em Nova Friburgo. Até mesmo o tsunami que seguiu os tremores poderia ter feito uma quantidade muito maior de vítimas não fosse a preparação da população japonesa.

Após a catástrofe de janeiro ficou claro que os friburguenses também precisarão de treinamento para saber como agir em caso de uma nova tragédia. A Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e o Viva Rio estão agora convocando a população para treinamentos sobre a implantação do sistema de alerta e alarme por sirenes. Trata-se de medida simples, mas deveras importante, que pode ajudar a salvar muitas vidas, mas que, para garantir sua eficácia, é necessário que toda a população participe.

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