Colecionador quer transformar seu acervo em centro social

sexta-feira, 18 de novembro de 2011
por Eloir Perdigão /
Colecionador quer transformar seu acervo em centro social
Colecionador quer transformar seu acervo em centro social

O marinheiro aposentado Darcely Emanuel Pombo tem um acervo capaz de encantar historiadores, pesquisadores e qualquer pessoa interessada em preciosidades. A coleção teve início em 1965, quando Darcely estava na Marinha, onde chegou à patente de cabo, tendo ido para a reserva mais tarde com a patente de sargento. Para abrigar seu acervo de forma mais apropriada, há três anos construiu um sobrado em sua propriedade (Rua Araguaia, 115, Loteamento Nosso Sonho, Olaria), onde zela por toda a coleção, não somente de fatos históricos e atuais de Nova Friburgo, como de todo o Brasil e até do exterior. Ele quer transformá-la em um centro social.

Darcely se entusiasma ao mostrar aos visitantes jornais de 1904, 1933 e A VOZ DA SERRA desde o início, em 1945, e um álbum de figurinhas da década de 1950. Porém, o forte são as fotos, desde a década de 20, a Avenida Alberto Braune, o Colégio Anchieta ainda sem as palmeiras, o Sanatório Naval, fotos panorâmicas da cidade e o primeiro casamento negro registrado em Lumiar, datado de 1938.

A coleção de Darcely também tem fotos das primeiras indústrias, o primeiro ônibus da Faol, em 1954; o primeiro ponto de táxi, na esquina da atual Rua Farinha Filho, no Centro; enchente em 1944; e o ex-prefeito Amâncio Mário de Azevedo servindo o Tiro de Guerra.

E o acervo de Darcely também tem fotos mais recentes, a cores, como colegas da Marinha, Igreja Nossa Senhora das Graças, em Olaria, e panorâmicas da cidade, Três Picos e outras paisagens friburguenses. Textos, livros, inclusive da Marinha, também integram esse acervo, juntamente com medalhas, peças de artesanato, binóculo, filmadora, discos de cantores antigos e uma infinidade de outros artigos, guardados e apresentados pelo colecionador sempre com empolgação.

 

O centro social

 

Mas engana-se quem pensa que Darcely se satisfaz somente em colecionar e mostrar todos esses apetrechos. Ele precisa de alguém que possa lhe dar orientação especializada, jurídica talvez, para transformar seu espaço num centro social, capaz, inclusive, de participar de campanhas beneficentes.

Inicialmente, Darcely guardava seu acervo em casa. Começou com um pequeno quarto, que foi ficando pequeno à medida que ele ia se entusiasmando com a coleção. Até que lhe veio à mente ter um espaço maior para que futuramente pudesse criar um centro social. A solução foi erguer o sobrado que hoje abriga seu acervo. Procurou ajuda, mas não encontrou ninguém que apostasse no seu intento. Obstinado, pegou empréstimo no banco e construiu sozinho as novas dependências.

Agora, através da imprensa, Darcely busca maior divulgação do seu trabalho, já imaginando o seu futuro centro social. Não deseja vantagens financeiras, apenas colaborar em casos de necessidade, uma catástrofe, como a de janeiro passado, por exemplo. Ele se propõe a levar seu acervo para onde for preciso a fim de que sirva de exposição e assim arrecadar donativos para os necessitados.

Para isso, falta a Darcely apoio, orientação especializada para que ele possa regularizar sua situação. Ele não abre mão de poder colaborar em situações extremas, fazendo tudo dentro da lei, sem problema com nenhum órgão.

A origem do Cônego

Em algum lugar do acerco de Darcely, que ele não sabia onde, durante a entrevista, está um texto que aborda um certo padre Xavier, que em 1786 comprou uma fazenda de 1.200 alqueires nas montanhas de Cantagalo. Esse padre tinha o título de cônego, o que deu origem ao nome do bairro.

Entre 1786 e 1818 pessoas chegavam onde hoje é a Praça Marcílio Dias, no Paissandu, e perguntavam como chegar à fazenda do padre Xavier, o cônego. Era-lhes informado, na época, seguir um caminho que, em determinado local, encontrariam escravos trabalhando numa olaria, fazendo as telhas e os tijolos para consumo da própria fazenda, que era chamada de Olaria do Cônego, nome que perdurou durante algum tempo para indicar o bairro.

Quando chegou o ano de 1818, com a chegada das famílias suíças, Nova Friburgo, então Fazenda do Morro Queimado, foi desmembrada de Cantagalo. Nessa época, na então Vila de Nova Friburgo, Olaria e Cônego já existiam. Em 1824, com a chegada dos alemães, começaram a ser instaladas as indústrias, que colaboraram com o desenvolvimento da vila, até que em 1890 Nova Friburgo ganhou a categoria de cidade.

Curiosidades como essa, fotos e relíquias continuam sendo colecionadas por Darcely, enriquecendo seu acervo. Os últimos dados conseguidos foram relativos à tragédia de janeiro passado. Quem tiver algo assim e queira entregar ao colecionador pode entrar em contato com ele, pessoalmente no seu “centro social” ou pelo telefone 2528-0216.

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