Vinicius Gastin
Não importa a época. O prazer em abrir um pacote de figurinhas e completar o álbum da Copa do Mundo resiste a qualquer tecnologia. Em Nova Friburgo, a Praça do Viagra se transforma em um verdadeiro ponto de encontro entre gerações. Os bancos e parte da calçada são tomados por crianças, jovens, adultos e idosos, que negociam minuciosamente cada figurinha. Algumas, consideradas as mais difíceis pelos colecionadores, chegam a custar R$ 5. Vale qualquer esforço para completar o livro antes de a bola começar a rolar, em 12 de junho.
"É a oportunidade que tenho para fazer uma atividade junto com o meu filho. Nesta vida tão corrida, eu quase não tenho tempo de almoçar com ele, acompanhá-lo na escolinha de futebol e uma série de outras coisas. É muito prazeroso sentar com o Deivid, abrir os pacotes e colar cada figurinha no álbum”, relata o empresário Cláudio Marcos Silveira, 39 anos.
Os números comprovam que os adesivos ainda representam um mercado atrativo também para a indústria fabricante e, por isso, as empresas investem em novidades e novos investimentos devem ser feitos. Para este ano, a Panini afirma ter gastado R$ 2 milhões, e a produção diária beira os 10 milhões de envelopes. Cada seleção possui 19 cromos, 17 deles de jogadores, uma do time posado e outra do escudo, em forma holográfica. O álbum brochura custa R$ 5,90 e, em capa dura, R$ 24,90. O envelope com cinco cromos é vendido a R$ 1.
O livro da Copa do Mundo de 2010 teve cerca de três milhões de colecionadores, segundo a editora. Estima-se que o álbum da Copa de 2006 tenha vendido 140 milhões de envelopes (de cinco cromos cada) — ou seja, 700 milhões de figurinhas. A previsão para este ano é superar os números anteriores. O Brasil foi a filial que mais vendeu figurinha durante a última Copa do Mundo, à frente da Alemanha e da Suíça.
A história das figurinhas
O primeiro livro oficial de figurinhas de futebol a circular no país foi o da Copa de 1950, realizada no Brasil. O produto era patrocinado pelas Balas Futebol, mais conhecidas exatamente pelos álbuns do que pelo próprio sabor. Anos mais tarde, a Editora Dimensão Cultural lançou um álbum de figurinhas metálicas, como o do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, antigo Campeonato Brasileiro. A inovação deu lugar ao "Futebol Card”, da Ping-Pong, no fim dos anos 70, quando surgiram os cards (cartões) com as fotos dos jogadores, a respectiva equipe e a ficha técnica na parte de trás.
À época, as figurinhas eram fixadas com cola ou arroz, bem diferente das autocolantes de hoje em dia. Pouco depois, um álbum intitulado "Os grandes jogos” foi lançado, retratando algumas partidas históricas e as informações sobre cada uma delas. O livro traz ainda registros de públicos de até 140 mil pessoas.
Os cromos autocolantes estrearam em 1971, com o livro ilustrado do campeonato italiano. No Brasil, a novidade chegou em 1979, com a coleção "Amar é...”. A evolução permitiu a melhor conservação do álbum e as novidades não devem parar por aí. A Panini planeja lançar um material especial para abordar as outras edições da Copa, intitulado "O Brasil de Todas as Copas”, para contar a história dos mundiais.
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