Colagem

sexta-feira, 12 de outubro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Colagem
Colagem

Carlos Emerson Junior

O casarão - Já vi esse filme antes e não gostei: um imóvel histórico é ocupado durante anos por um órgão público, sem a menor preocupação com sua conservação. Um belo dia é devolvido aos antigos donos em estado tão deplorável, que torna proibitiva a sua manutenção. É o que aconteceu com a casa que abrigou a delegacia de polícia de Nova Friburgo e acabou sendo interditada pela Defesa Civil, dada a precariedade de suas instalações.
O governo do estado não tinha a obrigação, como qualquer inquilino, de devolver o casarão da Vila Amélia em boas condições? E agora, vão esperar a casa cair de podre ou ser consumida em um incêndio? Assistir sua demolição e a construção de um condomínio num bairro pra lá de maltratado?  Não sei qual a saída, mas pelo andar da carruagem, vamos acabar perdendo mais um pouco de nossa arquitetura e história.
Tomara que não.

Direito de não votar - “Se não fosse obrigação, o voto seria mais pensado. Hoje em dia, o cidadão que vai às urnas acaba votando em uma pessoa cujas propostas nem conhece. Só vota porque é um dever e não porque pensou naquele voto”. (David Fleischer, professor de Ciência Política da Universidade de Brasília). 
Segundo Senado Federal, o voto obrigatório só existe em 38 países, a maioria aqui na América Latina. E o professor tem razão, muita gente escolhe o candidato na última hora e só vota porque é obrigado. Nas eleições para cargos executivos, 15% dos eleitores definem seu voto na boca da urna. Para cargos legislativos, a indefinição é pior: 45% saem de casa sem ter a menor ideia em quem vão votar. Se o voto fosse facultativo, o nível eleitoral subiria, já que os eleitores teriam que ser convencidos a ir para as urnas. 
Como diria Aristóteles, se brasileiro fosse, deem-me um bom nome e uma boa causa e irei com fé na zona eleitoral digitar meu voto! Precisamos de democracia plena, justiça e igualdade para todos, ética e ideias de verdade, não a mesma lenga-lenga de sempre. E antes que me critiquem, é bom deixar bem claro que acredito que a consulta popular é essencial para o funcionamento de um regime democrático. 
Todos os brasileiros tem o direito de votar em branco, nulo e até mesmo, porque não, deixar de votar. Na verdade, a obrigação do voto não passa de conversa mole para manter no poder os medalhões de sempre. E é por exatamente por esse motivo que a tão desejada reforma eleitoral nunca entre em pauta para valer. 
Vamos discutir esse assunto?

Medo de avião - Sabem quantas pessoas morreram em acidentes de aviação no ano passado, aqui no Brasil?  Os dados são do Cenipa – Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes, do Ministério da Defesa: foram 90 vítimas fatais, envolvidas em 156 incidentes. Como é praxe no setor aéreo, todos os casos  estão sendo investigados e suas causas serão exaustivamente estudadas para que não se repitam.
Já no trânsito, lamentavelmente a coisa muda de figura.  Segundo o Denatran – Departamento Nacional de Trânsito, cerca de 42 mil brasileiros morreram no mesmo período, entre motoristas, motociclistas e pedestres.  E mais, 51 mil transeuntes foram atropelados, provocando a perda de 5 mil vidas, um verdadeiro massacre que não já provoca a menor comoção na população.
E ainda existe quem tenha medo de voar de avião...

Cidades para pessoas  - “O que eu defendo é a necessidade de pensar duas vezes antes de construir avenidas e viadutos, que são um estímulo para que as pessoas usem mais e mais carros. Por outro lado se erguermos praças e ciclovias boas e seguras, estaremos incentivando as pessoas a andar de bicicleta ou mesmo a pé. Sou um defensor da ideia de que mais ruas sejam vetadas aos carros e que se cobre uma taxa de quem dirige em áreas de trafego mais intenso. Desde 2003, os motoristas pagam para circular no centro londrino e, sozinha, essa medida foi capaz de fazer o transito cair 20%. Cabe a nós, planejadores urbanos, dar às pessoas o estímulo correto.” (Jan Gehl, arquiteto, urbanista e criador do conceito “cidade para pessoas”)
A hora de levar Nova Friburgo para o futuro é agora.  

carlosemersonjr@gmail.com

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade