No dia 13 de abril passado, o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova Friburgo (Acianf), Cláudio Verbicário, enviou carta ao presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, narrando situações que aconteceram na cidade após a catástrofe, com ênfase para a paralisação dos serviços bancários. Uma cópia da correspondência foi enviada também ao Ministério Público e à Câmara dos Vereadores. Decorridos quatro meses, nenhuma resposta ou solução para os problemas apontados chegaram a Nova Friburgo. Assim, o presidente da Acianf mais uma vez se dirige ao presidente do Banco Central, através de carta, solicitando resposta aos pleitos da população friburguense.
“Excelentíssimo Senhor Presidente,
Nos reportamos à nossa correspondência encaminhada em 13/04/11, conforme comprovante em anexo, e cujo teor, em parte, reproduzimos abaixo:
“Como é de conhecimento geral, Nova Friburgo, município serrano localizado no Estado do Rio de Janeiro, na noite de 11 de janeiro de 2011, sofreu a maior tragédia climática do país e uma das maiores do mundo, inclusive, recebendo a visita da nossa presidente, a Sra. Dilma Rousseff, que com seu gesto sinalizou à nação o grave momento pelo qual passavam os sete municípios atingidos pela catástrofe.
Nos cerca de sete primeiros dias pós-tragédia, com precariedade absoluta de comunicação (falta de telefone, internet, luz) os estabelecimentos bancários do município, em sua totalidade, não abriram suas agências ou disponibilizaram seus caixas eletrônicos para uso da população. Entretanto, nenhuma providência foi tomada para proteger os milhares de correntistas (pessoas físicas e jurídicas) dos prejuízos financeiros que adviriam pela impossibilidade de os mesmos utilizarem os serviços bancários, e a consequência disto foi o pagamento de juros e taxas bancárias, além de terem seus nomes negativados em serviços de proteção ao crédito por alegada inadimplência.
Tanto as pessoas físicas como jurídicas que, por uma necessidade momentânea, faziam uso do cheque especial naquele momento - cujas taxas extorsivas de até 190% ao ano são de conhecimento geral - ou de qualquer outra garantia bancária, não tiveram a oportunidade de acesso aos bancos para efetuar depósito em suas contas, mesmo dispondo de recursos para tal. Para nossa perplexidade, os serviços de compensação bancária ocorreram normalmente, como se normal se encontrasse uma região totalmente devastada, com perda de mais de mil vidas.
Gostaríamos, respeitosamente, de perguntar ao mui digno dirigente do Banco Central do Brasil: a quem recorrer? A quem nos dirigir para cobrar o ressarcimento pelos prejuízos sofridos? O CADE, talvez?
Temos em nossa vida profissional e pessoal obrigações e deveres; mas parece não ser esta a diretriz do nosso sistema financeiro. Tudo nos leva a crer que exista uma “casta” especial, privilegiada, com direitos e prerrogativas não estendidas aos demais cidadãos, correntistas ou não.
E, por último, mas não menos importante, qual é o papel da toda poderosa FEBRABAN nos últimos acontecimentos? A nós, parece-nos surda e muda ante o desastre econômico que enfrenta a Região Serrana”.
Tendo em vista a seriedade e importância do assunto tratado, mais uma vez, respeitosamente, nos dirigimos a este órgão público, na pessoa de seu presidente, para informar que a população de Nova Friburgo aguarda uma resposta.
Cláudio Santos Verbicário
Presidente”
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