Antonio Fernando
O cinema conseguiu, nos dias de hoje, superar as barreiras que até então rotulavam os filmes como aventura, comédia, romance, terror etc., como estamos acostumados a ver nas locadoras de DVD. Hoje, contudo, um filme pode ser classificado como romance e possuir um enfoque de terror, uma comédia com uma aventura, um suspense com a ficção e por aí vai.
Quem ama cinema não pode deixar de observar a trajetória do diretor chinês Zhang Yimou e notadamente o seu deslumbrante O clã das adagas voadoras, onde o amor e a guerra se misturam numa simbiose tipicamente taoísta na qual os opostos se complementam e não se anulam. O roteiro mostra isso de maneira bela e contundente.
Rodado no norte da China, o filme traz uma história ambientada no século 5, na dinastia Tang, onde uma jovem rebelde de uma sociedade secreta enfrenta o poder do imperador, perseguida por um guerreiro. Amor e morte caminham no filme de maneira harmoniosa com efeitos visuais espetaculares, como a famosa batalha dos lutadores sobre um imenso bambuzal, interpretada por atores de circo que não tocam os pés no chão, e a não menos famosa cena da "dança dos feijões”, em que a atriz Zhang Ziyi mostra toda a sua beleza e sensualidade num cenário magnífico.
Os efeitos especiais de O Clã não roubam o conteúdo do filme. Yimou consegue ministrar a história combinando romance e aventura, fazendo do filme um clássico do cinema e abrindo o caminho para as produções orientais de qualidade, coisa que o diretor já demonstrou em O Herói. Assistir este filme nos coloca frente a frente com a resistência do guerreiro e a fragilidade do amor, este sim, o grande vencedor na disputa.
Vale também notar no filme a belíssima trilha sonora interpretada pela soprano Kathleen Battle, que se não chega a roubar a beleza do espetáculo, nos proporciona momentos de encantamento e deslumbramento. O filme, embora produzido em 2004, tem uma atualidade permanente, pois, afinal, o amor é eterno. É para ver e rever.
Deixe o seu comentário