CINEMA - Professor ou educador?

sexta-feira, 22 de agosto de 2014
por Jornal A Voz da Serra
CINEMA - Professor ou educador?
CINEMA - Professor ou educador?

Fui à floresta porque queria viver deliberadamente, queria viver profundamente e sugar toda a essência da vida. Deixar apodrecer tudo o que não é vida e não, quando eu morrer, descobrir que não vivi.” (Henry Thoreau)
 

Antonio Fernando

A morte do ator Robin Williams, aos 63 anos, no dia 11 de agosto, surpreendeu fãs e o mundo cinematográfico, além de deixar uma lacuna na filmografia norte-americana, que tinha no ator um referencial. A geração que frequentou os cinemas na década de 80 e 90 acostumou-se com as interpretações inesquecíveis de Williams, sendo ‘A Sociedade dos Poetas Mortos’ (1989) um marco na sua carreira e um tento a mais nos trabalhos do diretor Peter Weir. 

Deixar a luz própria de cada aluno brilhar. Esta era a proposta do professor Keating, ao ser contratado para lecionar inglês numa escola tradicional de valores burgueses. O que em princípio fora um choque para os alunos evolui ao longo da trama para uma adoração cuja meta é mostrar que sempre há um outro lado na visão do mundo, estimulando o uso da crítica e da conclusão individual.

A educação rígida da escola, voltada para os valores do capitalismo e que prega uma formação que garanta aos formandos um futuro com dinheiro e status, é obrigada a conviver com a poesia incentivada pelo professor, estimulando emoções, inspiração e vivência, fazendo os alunos enxergarem o mundo de um jeito diferente. É a proposta do carpe diem (aproveite o dia, colha logo os seus botões). 

O filme, evocador e estimulante, é uma crítica aos moldes da educação tradicional e um brado à liberdade de opinião e ao crescimento individual, mostrando que o professor não é apenas isso – ele é um educador para a vida. Um reproduz o saber; o outro, transforma os seres humanos. Na história há a citação de Henry Thoreau que sintetiza com sabedoria este pensamento: "Fui à floresta porque queria viver deliberadamente, queria viver profundamente e sugar toda a essência da vida. Deixar apodrecer tudo o que não é vida e não, quando eu morrer, descobrir que não vivi.”.

Para criar um clima de união entre os alunos, o diretor reuniu a turma num quarto durante toda a filmagem. O filme vale a pena ser revisto e é um dos melhores da carreira de Williams, juntamente com ‘O pescador de ilusões’ e ‘Gênio indomável’.

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