Antonio Fernando
Não dá para resistir nem contestar: as mulheres fizeram bonito no cinema em 2014. Na frente das câmeras, com trabalhos premiados nos principais festivais do planeta; e atrás delas, dirigindo, produzindo e roteirizando filmes que foram sucesso de público e de crítica. Impossível negar a importância da mulher na indústria cinematográfica. Não são meras figurantes. São estrelas principais no romance, na aventura e na fantasia. São, mesmo, poderosas.
Diversas colunas especializadas discutem atualmente aspectos da representação feminina no cinema e do trabalho de mulheres atrás das câmeras. No ano passado, duas super-heroínas ganharam filmes-solo e um deles com uma diretora no comando. O Oscar já aconteceu, mas mostrou a que veio em sua lista de indicados. Todos os 20 indicados a Melhor Ator/Atriz e Melhor Ator/Atriz Coadjuvante são brancos. E não há uma única mulher nos indicados a Melhor Diretor — nem Ava Duvernay, diretora de Selma, indicado como Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Fotografia.
Por mais que conquistem no cinema e por melhor que seja seu trabalho, as mulheres continuam tendo grandes dificuldades em serem reconhecidas. Até o ano passado, somente quatro diretoras — todas brancas — haviam sido indicadas ao Globo de Ouro. Barbra Streisand, por Yentl (1983) e O Príncipe dos Mares (1991); Jane Campion, por O Piano (1993); Sofia Coppola, por Encontros e Desencontros (2003); e Kathlyn Bigelow, por Guerra ao Terror (2008) e A Hora Mais Escura (2012). Streisand, com Yentl, foi a única a levar a estatueta.
Mas isso não é tudo com as mulheres no cinema. Coco Chanel, Diana, Frida, Margaret Thatcher, Marylin Monroe, Joana d’Arc, Edith Piaf… Pintoras, personagens políticas, escritoras, estilistas: mulheres de todos os horizontes e épocas, todas têm um ponto em comum: são mulheres excepcionais.
Livres, fortes, independentes, apaixonadas, inconformistas, essas mulheres expressaram, contra todas as adversidades, sua personalidade, suas capacidades e talentos únicos. Seus nomes fazem parte da nossa memória coletiva, e o cinema aproveitou a deixa para contar a história dessas mulheres importantes e lendárias e, assim, reviver, às vezes até fazer justiça a seu gênio.
Em todos esses filmes são talentosas atrizes que interpretam papéis de peso ao viver nas telas as grandes figuras femininas da história. E, sem exceção, o sonho de toda grande atriz é o de interpretar, pelo menos uma vez em sua carreira, o papel de uma mulher lendária. Esta é a forma de como nos lembramos Greta Garbo na pele da rainha Cristina da Suécia, ou Ingrid Bergman no papel de Joana d’Arc.
Conheça as biografias femininas, filmes de sucesso, atrizes especiais que celebram mulheres icônicas na tela grande.
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Um nome conhecido pelo mundo inteiro e a dona de um destino fora do comum. Mas nada predestinava a jovem Diana Spencer a se tornar uma das mulheres mais célebres do planeta ao casar-se com o Príncipe Charles. De seu casamento, em 1981, até sua morte trágica num acidente de carro, em 1997, em Paris, a princesa do povo cativou multidões. O filme biográfico sobre a vida da princesa foi dirigido pelo alemão Oliver Hirschbiegel, e traça os últimos dois anos de vida da princesa. Fora do Palácio de Buckingham Lady Di, já divorciada, mas ainda cumprindo obrigações. E sua paixão pelo último grande amor Hasnat Khan, um cirurgião paquistanês em exercício em Londres. Uma história também desconhecida do público, revivida pela belíssima Naomi Watts no papel da princesa.
A Rainha Margot
Atrás do título real esconde-se Marguerite de Valois, filha de Catarina de Médicis e irmã do Rei Carlos IX. O filme do diretor de teatro Patrice Chéreau lançado em 1994, inspirado no romance de Alexandre Dumas, trata das intrigas e complôs da corte, dando foco aos problemas e os amores de Rainha Margot. Estrelado por grandes atores como Daniel Auteuil e Isabelle Adjani no papel principal, o filme ganhou dois prêmios no Festival de Cannes em 1994 e cinco Césares em 1995.
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Como abordar o mito que foi Marilyn Monroe, objeto de desejo, ícone mundial e de sensualidade, a mulher mais sexy do século XX, morta prematuramente, esmagada pelo peso de sua imagem que se tornou ícone absoluto? Sete Dias com Marilyn, de 2012, retoma uma semana no verão de 1956, na primeira visita da estrela à Inglaterra. Foi lá que ela encontrou o jovem Colin Clark, com quem ela criará laços íntimos, longe dos cliques dos fotógrafos e das luzes dos refletores. O papel de Marylin foi interpretado pela talentosa Michelle Williams, que levou duas indicações ao Oscar pelo trabalho.
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Frida Kahlo, pintora mexicana, viveu no início do século 20, e é conhecida por suas obras surrealistas, mas também pelas suas relações bissexuais, a luta pela emancipação das mulheres, o seu compromisso com seu país e ideias comunistas. Seu caso com Trotsky também se tornou famoso.
Desde muito jovem, Frida nunca hesitou em expressar sua independência e opiniões que muitas vezes eram contrárias ao que se esperava de uma mulher. O filme, lançado em 2002, aborda a vida e obra da artista e é centrado na sua relação turbulenta com seu marido, o pintor Diego Rivera. Salma Hayek interpreta o papel principal e mostra com propriedade o caráter digno da personagem: apaixonada e criativa. O filme ganhou dois Oscar e vários outros prêmios em festivais de cinema.
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No poder há mais de 60 anos, a Rainha Elizabeth II da Inglaterra só poderia ser a mais pura inspiração para qualquer diretor de cinema. Símbolo dos valores da monarquia britânica e das tradições da corte, a Rainha Elizabeth II viu a sociedade de seu país evoluir ao longo das décadas, e ela soube se adaptar às novidades. A partir dos anos 1980, algumas revelações da imprensa abalaram o reino e na década de 1990 a pressão da opinião pública sobre a fortuna da Rainha Elizabeth II foi tanta que ela concordou em pagar o imposto de renda, como todos os outros cidadãos. Mas não foi graças ao seu vasto patrimônio que Elizabeth viu o declínio de aprovação da opinião pública. Suas decisões foram duramente contestadas, além de ter levado a fama de fazer a vida de Lady Diana um inferno... mesmo nos dias que se seguiram à morte da princesa. O filme aborda justamente os momentos seguintes à morte de Lady Di e a atitude da monarca perante ao fato. Silenciosa e distante, trancada em seu castelo escocês, e quase insensível à onda de emoções e de luto que invadiu toda a Inglaterra. Incrivelmente interpretada pela atriz Helen Mirren, que ganhou o Oscar de melhor atriz em 2007 por seu retrato como a Rainha Elizabeth II.
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Jeanne d’Arc, a virgem de Orléans, Joana d’ Arc, mestre de guerra, a heroína Joana d’ Arc, a herege ou mesmo até Santa Joana d’ Arc. Chefe do exército francês aos 17 anos e queimada viva aos 19, Joana d’ Arc, mulher histórica e mítica, inspirou escritores, pintores e, claro, os diretores. A história do cinema está repleta de biografias sobre Joana d’ Arc, começando com A Paixão de Joana d’ Arc, filme mudo de Carl Theodor Dreyer, lançado em 1928. Há também Joana na fogueira, de Roberto Rossellini (1954), Santa Joana, de Otto Preminger (1957), ou Joan of Arc, de Jacques Rivette (1994), e ainda Joana D’Arc, de Luc Besson, estrelado por Milla Jovovich no papel da guerreira durante os períodos de batalha e, finalmente, Jeanne Captive, de Philippe Ramos, lançado em 2011, de visão mais introspectiva e intimista da Virgem de Orléans.
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Apenas maravilhoso. Edith Piaf, cantora francesa mais reconhecida e ouvida em todo o mundo por décadas, e Marion Cotillard, atriz francesa que devora todos os prêmios de atuação para os quais é indicada, incluindo um Oscar de melhor atriz em Hollywood em 2008 para Piaf — Hino ao amor, de Olivier Dahan. O filme é um retrato detalhado sobre a juventude da cantora, o início de sua carreira artística e seu primeiro amor. Marion Cotillard explode no papel árduo de interpretar uma das maiores figuras francesas de todos os tempos. A transformação física fez da jovem Marion uma estrela internacional, posição da qual nunca abdicou desde então.
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Se você deseja citar uma figura-chave na política britânica, o nome de Margaret Thatcher é com certeza o primeiro a vir à cabeça. Reformas ultraliberais, privatizações, equidade, posição anticomunista: suas escolhas e intransigência a tornaram famosa, apelidada de A Dama de Ferro. Mas não é essa figura que nos é apresentada no filme homônimo, lançado em 2011. De fato, em A Dama de Ferro vemos uma senhora idosa com Alzheimer, interagindo com o fantasma de seu marido e voltando em flashbacks muitos destaques de sua vida. Longe de ser um filme político, é mais intimista e perfura a película da grande figura política para abordar uma simples mulher que foi Margareth Tatcher. Continua sendo muito bom desempenho de Meryl Streep e sua impressionante semelhança com a dama da política britânica.
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Não se apresenta mais Gabrielle Chanel, ou Coco Chanel, que fundou a maison de alta costura mais famosa do mundo. Mas quem foi essa mulher tão importante... antes de Chanel? A resposta é: uma mulher de muita personalidade e caráter forte. Assista ao filme para entender a grande personagem da moda e como ela se transforma em Coco Chanel em sua cinebiografia. Vanguardista em sua época, uma mulher que recusa a resumir sua vida à de outro homem, ela reivindica algo que sua condição não lhe permite: um trabalho. Conheça também o grande ícone da moda que abdica das saias e frufrus, se veste de preto para ir ao baile e adota como roupas do dia a dia a alfaiataria masculina. Coco antes de Chanel, lançado em 2009, é um dos melhores papéis de Audrey Tautou, que nos dá uma boa interpretação da figura intransigente da elegância francesa.
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