Dalva Ventura
Pobre cidade a nossa! As marcas da destruição causada pela tragédia do dia 12 de janeiro ainda estão por toda parte. Os friburguenses ainda vivem em meio a muita lama e destroços. As montanhas que cercam Nova Friburgo estão feridas, com enormes ranhuras, como se um enorme dinossauro tivesse passado suas garras sobre elas de cima para baixo.
Como não poderia deixar de ser, o município está sofrendo – e muito - com o esvaziamento do turismo, que era uma de suas mais importantes fontes de renda. Os veranistas este ano não vieram, com graves consequências para o comércio e outros setores da economia local. Basta um olhar atento para perceber este fato. As lojas de moda íntima ainda estão com o movimento fraco. Os restaurantes estão às moscas, apesar da comprovada qualidade gastronômica. Turismo, por enquanto, só o solidário.
Os dados do setor hoteleiro falam por si. Enquanto no período de alta temporada os hotéis operam com 90 a 95% de ocupação, estão agora operando com 30 a 35% de sua capacidade. Mesmo distritos como Lumiar e São Pedro da Serra, que não foram atingidos pelas chuvas, tiveram sua taxa de ocupação diminuída. No carnaval a situação deve melhorar, mas nem tanto. Espera-se que a taxa fique entre 40 a 45%, quando nesta época do ano chegava facilmente aos cem por cento.
O Dia Nacional do Turismo, comemorado ontem, 2 de março, é um bom pretexto para lembrar a importância deste setor e de apostar, senão todas, mas muitas de nossas fichas em investimentos que tragam de novo os turistas para Nova Friburgo.
Este parece ser, inclusive, o pensamento do secretário municipal de Turismo, José Carlos da Motta. Ao mesmo tempo, acredita na volta à normalidade. Ele está animado, sobretudo com o chamado “turismo ecológico” e os encantos que os distritos afastados do Centro oferecem para os turistas. Empresários de Mury, Lumiar, São Pedro da Serra e adjacências estão fazendo o possível e o impossível para atrair de volta os turistas.
Para começo de conversa, os hotéis e pousadas situados nesta região de natureza preservada, com cachoeiras e rios de águas transparentes, adotaram tarifas reduzidas. Além de hotéis de primeira, esta região conta com simpáticas pousadas, com chalés de serra que garantem um clima romântico bem em meio à natureza. Sem falar nos restaurantes e bares onde sempre rola um animado forró de pé de serra.
Impressionante, mas tem gente que escolheu Nova Friburgo para passar o carnaval justamente para contribuir com a cidade. “Vocês já sofreram um baque grande e, por isso mesmo, estamos indo passar uns dias aí. Se todo mundo deixar de viajar para Friburgo, o que vai ser desta cidade?”, pergunta a jornalista Elisabeth Ramos. Assim como Elizabeth e seu marido, muita gente está escolhendo Nova Friburgo com a mesma finalidade. Ajudar a cidade a se reerguer.
Claro que, tanto este casal como todos os que para aqui acorrem, estão em busca basicamente de descanso e contato com a natureza. Além disso, Nova Friburgo é reconhecidamente um local onde se come muito bem sem gastar muito. E continua sendo a cidade ideal para quem quer fugir de shoppings, cinemas e restaurantes lotados e de engarrafamentos causados pelos blocos.
Motivos não faltam para visitar Nova Friburgo
A maioria dos pontos turísticos da cidade foi afetada ou destruída, como o Jardim do Nêgo, com suas esculturas gigantes feitas no barranco de sua casa, o Parque das Furnas do Catete, onde fica a Pedra do Cão Sentado, o símbolo da cidade (após reformas, reabre neste sábado, 5), o Teleférico, que foi, inclusive, interditado, e tantos outros. Mesmo assim, ainda temos muitos programas interessantes para quem optar por passar o carnaval aqui.
Lojas de lingerie
As dezenas de lojas de moda íntima (e também de moda praia, fitness e linha noite) da Ponte da Saudade abrem de segunda a sábado, mas, apesar do movimento aos poucos estar se normalizando, ainda ficam vazias boa parte do tempo.
Casa Suíça (antiga Queijaria Escola)
Localizada no quilômetro 49 da RJ-130, que liga Teresópolis a Nova Friburgo, a Casa Suíça oferece diversas atrações. Na queijaria propriamente dita, aberta há mais de 20 anos, é possível acompanhar a produção de queijos artesanais e a fabricação de chocolates e trufas produzidos pela Chocolataria. Há também um pequeno museu da imigração suíça na região, com vestimentas, fotos e documentos. Na parte de trás, lojinhas vendem artesanato.
Apiário Amigos da Terra
Localizado no km 51 da RJ-130, o apiário é um ótimo passeio para as crianças. Lá, além de uma lojinha de mel e outros derivados, há o Museu da Abelhinha, onde o visitante pode fazer visitas guiadas a uma colmeia.
Gastronomia
Comida francesa, portuguesa, japonesa, árabe, alemã, churrascarias excelentes... Grandes chefs, serviço impecável. Temos tudo isso aqui. E, o que é melhor, pagando menos da metade do preço cobrado numa cidade grande. A excelente qualidade de opções torna difícil mesmo é escolher onde almoçar e jantar.
Parque São Clemente
O parque, onde se situa o Nova Friburgo Country Clube, não sofreu nada de grave, exceto o lago superior que está destruído por cinco barreiras e árvores caídas, ficando com acesso interditado. Os demais lagos estão assoreados, mas os jardins estão intactos, assim como o Chalé do Barão. O clube realizará em sua boate cinco bailes de carnaval e duas matinês.
Carnaval de São Pedro da Serra
Quem quer sossego, mas não abre mão da folia, tem endereço certo: São Pedro da Serra. Plantio de mudas na estrada da Bocaina, bloco da Vovó Dalila, rodas de samba, bloco das piranhas, circo a céu aberto, bloco Flor do Luar e encontro de sanfoneiros são algumas atrações programadas, que culminarão com o evento “Poetando no carnaval”, para os amantes de poesia.
Rio Bonito de Lumiar e seu “desfile das moitas”
O artesanato sempre foi uma das atrações deste aprazível logradouro do distrito de Lumiar. Lá, numa casa feita de pau-a-pique, típica da região, onde se chega atravessando uma pequena ponte de madeira, encontra-se o espaço Simplório, que pertence a Seu Antônio, figura muito conhecida no lugar. Ali são encontrados artigos de artesanato como cestos, mesas, cadeiras, bancos, luminárias, utensílios de madeira, cajados (muito usados em caminhadas), entre outros trabalhos. Lá também se pode encontrar fantasias conhecidas como “moitas”, por serem feitas com fibras naturais. As moitas já são características do carnaval de Rio Bonito. A dedicação é tanta que a população chega a fazer um desfile para a escolha da melhor moita.
O acesso mais utilizado para Rio Bonito é via Galdinópolis, na RJ-142, no trecho Mury-Lumiar. É um lugar de tantas belezas naturais que artistas, empresários, gente famosa e turistas de todos os lugares têm ali os seus sítios para recarregar as energias em qualquer época do ano.
Voos de parapente
Quem quer sobrevoar toda a região e ver do alto as belezas e também os estragos causados pelas chuvas pode fazer um voo de parapente. A No Ar Escola de Parapente (tel.: 9986-4965 e 2526-9553) oferece a quem gosta de aventura voos de 15 minutos a uma hora, dependendo do vento e das posições climáticas, por um preço médio de R$ 70.
Programação especial de hotéis
A maioria dos hotéis está preparando programação especial para o carnaval, como o famoso Hotel Bucsky, que oferecerá aos hóspedes aulas de samba no pé, matinês de carnaval com desfile de fantasias infantil, bailes noturnos, passeio de trenzinho, entre outras atrações. E tudo isso a preços especialmente promocionais, para atrair os turistas.
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