OS ACONTECIMENTOS ocorridos no Alto de Olaria, envolvendo traficantes e a Polícia Militar, culminando com a morte de dois jovens, na semana passada, reacendem a questão da juventude e a marginalidade, o tráfico, a desestruturação da família e a maioridade penal. Temas recorrentes, tais assuntos merecem uma reflexão maior sobre os descaminhos de parcela significativa dos jovens no país e as medidas para conter a escalada crescente da violência.
A PREOCUPAÇÃO não diz respeito apenas às autoridades constituídas, mas também à população em geral. As duas mortes naquele bairro friburguense motivaram o fechamento de parte do comércio local, a suspensão das aulas nas escolas e a adoção de certa lei do “ninguém sabe ninguém viu”, tornando a comunidade refém dos marginais. Isto não deve continuar.
É ELOGIÁVEL A ATUAÇÃO da Polícia Militar no episódio, embora com a morte dos jovens, mas que motivou a divulgação de uma nota emitida pelo comando do 11ºBPM, lamentando o ocorrido. Para a polícia, “Nova Friburgo, cidade tão linda e com uma rica história, não merece ver seus jovens trocarem livros por armas, e bons hábitos por vícios”. Correta a avaliação da autoridade policial, que inclui em sua nota uma frase emblemática: “Uma cidade com jovens praticando crimes é uma cidade doente”.
ALÉM DE UTILIZAREM menores nas tarefas ilícitas — pois estes escapam das punições legais — o tráfico tem promovido a divulgação dos seus feitos demonstrando “orgulho” pelo recrutamento dos jovens. Estes, ingenuamente, aparecem nas redes sociais portando armas, ostentando joias, vangloriando-se de pertencerem a um grupo de “poderosos”, acima das punições e contando com o beneplácito do Estatuto da Criança e do Adolescente que os protege, sem, entretanto, proporcionar-lhes uma mudança na sua formação social.
ATUALMENTE, A POSSIBILIDADE de o Brasil reduzir a maioridade penal para 16 anos criou uma polêmica entre os defensores da medida e os favoráveis à manutenção da lei atual. O assunto, claro, ainda promoverá um amplo debate no Congresso, mas desde já sinaliza para um questionamento maior sobre a capacidade da sociedade brasileira, com o apoio do Judiciário e do governo, de redirecionar a juventude para um caminho saudável, longe da criminalidade.
AS MEDIDAS PARA CORRIGIR os rumos da juventude exigem um trabalho de longo prazo, com mudanças profundas que envolvem a educação, saúde e, mais importante, a forma de como a família pode colaborar para que seus filhos fiquem longe da marginalidade. Assunto polêmico e exaustivo, certamente, mas que dará uma nova feição à juventude no país, proporcionando mais estabilidade social e permitindo a formação de uma geração mais saudável e equilibrada. O futuro do Brasil está nas mãos deles e todo o esforço compensará. Como bem diz a nota da Polícia Militar, fiquemos atentos aos nossos jovens, senhores e respeitáveis pais, familiares e professores.
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