Amine Silvares
Após as chuvas de janeiro, a Chácara do Paraíso ganhou ainda mais problemas para serem resolvidos e que, no entanto, continuam sem solução. Das antigas às mais novas, as reclamações só se acumulam. O local parece ter sido esquecido pelos governantes e as obras de contenção são necessidades urgentes por todo o bairro.
Um problema fácil de notar é a falta de acostamento de calçadas ao longo da RJ-150 (Nova Friburgo-Amparo-São José do Ribeirão), que corta o bairro. A via, que tem um grande fluxo de veículos e pedestres, é sinuosa, tem sinalização insuficiente, que muitas vezes não é respeitada, como ficou óbvio durante a apuração desta reportagem, e já esteve em melhores condições. Em alguns trechos, o barranco que desabou com as chuvas de janeiro passado ainda espera para ser devidamente retirado. Com a chegada do verão em menos de um mês e o aumento da quantidade de chuvas, é provável que parte da estrada fique bloqueada após um próximo e iminente desmoronamento de terra. Próximo à rodovia, na Rua Frutuoso da Silva, os moradores acentuam uma queixa antiga e pedem um corrimão para a perigosa e estreita calçada.
As calçadas recebem pouca ou nenhuma atenção. Quando existem, estão quebradas, e aparentemente o serviço de capina não é feito já há algum tempo, pois o capim chega a atingir 30 centímetros em diversos locais. Em muitas ruas as calçadas são bastante estreitas e os pedestres precisam dividir o espaço com árvores, lixo e entulhos. Ao longo da RJ-150, onde há calçadas, o comércio se apropriou dos espaços para colocar carros e mesas, dificultando a passagem dos pedestres.
O lixo é outro grande problema na Chácara do Paraíso. As lixeiras vivem abarrotadas e a quantidade de dejetos é tanta que acaba transbordando, se espalhando pelo chão e virando comida para animais de rua. As ruas também vivem imundas e ainda há restos de terra dos desmoronamentos de janeiro nos cantos das vias.
A Praça Lino da Fonseca está completamente abandonada. Os bancos já não têm mais assentos e o capim cresce por todos os lados. Os blocos de cimento precisam ser realinhados. Os brinquedos estão em péssimas condições e precisam ser substituídos. Não há áreas de lazer pelo bairro. Na mesma condição estão os pontos de ônibus, também abandonados, com telhas quebradas, precisando de pintura e consertos. Onde havia bancos hoje só restam os suportes, pois os assentos estão quebrados.
A tragédia no dia a dia
Quase 11 meses depois da tragédia, as marcas estão visíveis e muitos problemas continuam sem resolução. Na Rua Andreliano Vianna da Silva, parte do calçamento foi arrancada durante as chuvas de janeiro e até hoje não foi refeito. Onde passa o córrego a via está cedendo próximo às casas e continua sem nenhuma obra de reparo.
Na mesma rua, mais acima, não há calçamento e foram os próprios moradores que fizeram uma pequena passagem de concreto. No local ainda estão algumas ruínas das casas que desmoronaram em janeiro. De acordo com a moradora Laiane de Jesus, a Defesa Civil esteve no local há alguns meses, embargou algumas construções e voltou há algumas semanas para informar aos moradores que eles estão em área de risco. “Fomos nós mesmos que pagamos para ter uma equipe aqui, retirando pedras soltas que podiam cair com a primeira chuva mais forte”, relatou. Laiane ainda contou que perdeu sua casa e que já fez dois cadastros para receber o aluguel social, só que não recebeu nenhum tipo de ajuda do governo.
Os bueiros e manilhas que ficaram entupidos com a terra continuam cheios de entulhos e dejetos, enquanto os moradores aguardam sua limpeza. Muitos bueiros estão sem tampa e algumas manilhas também estão quebradas e precisam ser trocadas urgentemente, já que o período de chuvas fortes começa em menos de um mês.
Uma barreira na RJ-150, na altura do km 3, cedeu em janeiro e uma obra de contenção foi feita para impedir novos desmoronamentos de terra, só que o reparo já está cedendo e há riscos de novos deslizamentos.
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