Assim como no computador vemos uma lixeira na qual vamos jogando tudo o que é inútil, na nossa vida pessoal, deve-se fazer o mesmo com as coisas que nos incomodam e são inúteis.
A gente vai juntando tantas coisas durante toda a nossa vida, que deveríamos ter um lixão se quiséssemos nos desfazer delas.
Não digo as coisas que representam para nós uma fase da vida, isso deveríamos guardar em um museu.
Se morrêssemos daqui a pouco, logo mais tudo seria jogado no lixo. Isso quando respeitam a nossa presença nesta vida ... Pois, muitas vezes, diante de nosso nariz, vão jogando as coisas às quais somos apegados.
Infelizmente, somos apegados a algumas coisas inúteis. Isso também é verdade. Por que não tentamos fazer uma avaliação do que tem serventia para outra pessoa e para nós não tem grande utilidade? Se doarmos essas coisas para uma obra de caridade, poderá ajudar, agasalhar alguém que passa frio, calçar alguém descalço, ale¬grar alguma criança, algum adolescente ...
São tantos os papelinhos, cartas que nada mais significam para nós, caixinhas que vieram com presente de alguém que gostamos e que não existe mais ... Essas coisas dariam uma boa fogueira.
Lembro-me de uma senhora em cujo quarto, depois de seu sepultamento, descobriram uma dúzia de guarda-chuvas.
Há os que, ao enviuvar, não dividem o espólio com os filhos e às vezes com o filho único, que deveria receber a metade dos bens. Fazem o tal do usufruto, de que os filhos podem tomar posse apenas depois da morte dos pais. E com isso muitas vezes é exigido deles que deixem a casa onde moram para ser alugada Dor um bom preço e melhorar a renda. Exigem que o filho ou a filha more em sua casa para que tenham alguém para cuidar deles. Eles não imaginam ou não percebem que, quando se morre, não se leva na da deste mundo? Nem os faraós, que construíram pirâmides para serem enterrados juntos com seus bens materiais, conseguiram transporta-los para a outra vida; o que conseguiram foi apenas, depois de séculos, de milênios, serem invadidos, destruídos para que seus bens fossem roubados.
(*) Médica Geriatra e escritora, colaboradora de jornais e revistas
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