Centro de Documentação D. João VI - O reencontro

sexta-feira, 04 de março de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Vasculhando as gavetas do Pró-Memória, xeretando uma pasta e outra, deparei-me com a foto estampada nesta coluna. Para a maioria, nenhuma novidade até então, e perguntariam ao Guguti: “E daí?”. Bem, o ano é 1994; o local é o Eldoradinho, no pátio interno da PMNF; as pessoas: Regina Laforet, Iracema Moreira, Martin Nicoulin, Thereza Albuquerque e Raphael Jaccoud. Exatamente nessa época nasceu essa “ideia maluca” de digitalizar o acervo. Naquela oportunidade, pouco podia ser feito, pois a tecnologia não permitia tamanha extravagância, e me dei por satisfeito quando em 1997, encerrei o trabalho “Nova Friburgo - 177 anos em CD-Rom”, comemorando mais um aniversário da cidade. Surgia então a primeira coleção digital de fotografias antigas da cidade, resultado de três anos de trabalho - tempo em que convivi com essas pessoas, tempo suficiente para entender o que eles estavam construindo. Um privilégio ter sido testemunha desse esforço. Passadas quase duas décadas, aqui estou, perseguido pela mesma “ideia maluca”. Agora, não tão maluca assim, pois deu certo e o Pró-Memória cresceu, ganhou uma Fundação com o nome de um rei - aquele mesmo que deu foros de reino à antiga colônia portuguesa do Brazil, e nela fundou Nova Friburgo. Certo rei chamado João.

Hoje, parte do Arquivo Pró-Memória não reside em sala alguma. Ficou digital e saiu para fora, saltou as fronteiras e ganhou o mundo. Chegou até a Suíça e lá reencontrou amigos. Também alcançou a França, a Inglaterra e a Alemanha, e de lá recebeu muitos elogios, alguns de friburguenses com o coração apertado de saudades. De Portugal nem é bom falar, pois são os donos da língua e querem logo saber: “Que fundação é essa a carregar o nome do seu rei? Afinal, em Portugal não existe uma fundação com o nome de D. João VI... Em Nova Friburgo, sim, ora pois!”. E não podia faltar os americanos lá do norte, é claro! De Fort Lauderdale, onde há tanto friburguense quanto chuchu na feira. Pois é, nosso arquivo virou celebridade e em 2009 foi parar nas páginas do belíssimo livro do famoso fotógrafo carioca Ricardo Siqueira, “Ponha-se na rua”. Em 2011, para não perder a pose, foi a vez do livro da Fundação Armando Alvares Penteado e do Congresso Nacional, “Joaquim Nabuco - O valor da palavra empenhada”. Isso mesmo! Das prateleiras do Pró-Memória para a página 31, sob o título “Primeiras Letras - Nova Friburgo”, a passagem do brasileiro notável por nossa cidade, onde ensaiou as primeiras letras.

Olho novamente a foto, fito cada uma dessas pessoas e, silencioso, me rendo em homenagens a cada uma delas. Depois de tanto tempo reencontro esse grupo fantástico, revejo o interior do Eldoradinho, local onde o Pró-Memória cresceu, se tornou adulto, respeitado e admirado por todos nós.

Para terminar, uma última novidade: na semana passada tivemos um encontro na sede do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, com o Diretor Geral dessa importante instituição, o Sr. Paulo Knauss. Uma visita de cortesia de muitas horas, uma tarde inteira de boa conversa e muitos assuntos. Não é preciso dizer da surpresa do Diretor Geral quando apresentado ao portal da nossa instituição e à toda tecnologia presente nas pesquisas ao acervo, via INTERNET. “Mas como é possível! Que fantástico!”, exclamou várias vezes. Conclusão: a Fundação D. João VI de Nova Friburgo estará presente no próximo encontro do Conselho Estadual de Arquivos para apresentar a solução desenvolvida em solo friburguense. Também, no dia 15 de junho, o convite para participar do Colóquio, cujo tema será o Governador Roberto Silveira. Novamente nosso acervo se prestará cedendo um documentário cinematográfico, realizado em 1959, quando a sede do governo do Estado do RJ foi transferido para nossa cidade e aqui permaneceu durante todo o verão.

Pois bem, aí está: eis o resultado alcançado depois de tanto esforço; eis o nosso Pró-Memória reconhecido muito além das nossas fronteiras, com toda a justiça, diga-se logo. E assim, continuamos em frente, digitalizando e difundindo e mostrando ao mundo como se faz, mostrando o valor de nossa terra, de nossa gente.

Nelson A. Bohrer (Guguti)

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade