EM RECENTE mapeamento sobre a taxa de desemprego no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, dos 13 milhões de brasileiros desempregados no terceiro trimestre do ano passado, 8,3 milhões, que correspondem a 63,7%, eram negros ou pardos.
O RESULTADO faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua e representa um cenário desfavorável ao simbolismo do Dia do Trabalho, comemorado há dois dias. De acordo com o IBGE, o dado indica que a taxa de desocupação dessa parcela da população ficou em 14,6%, enquanto a da população branca ficou em 9,9%.
NA AVALIAÇÃO de especialistas, as estatísticas deixam evidências de que a desigualdade ainda é expressiva no Brasil. Além disso, os dados preocupam porque são referentes a uma população que tem origem afrodescendente e que entrou no país através da escravidão. Para os pesquisadores, a raiz histórica dessa parte da população é a responsável pela geração desse contexto de falta de oportunidade.
NA REALIDADE, segundo eles, dentre as pessoas ouvidas, muitos não têm acesso a educação, e isso tem consequências diversas, como a presença em postos de trabalho que exigem pouca formação e em grupamentos de atividade com menor remuneração.
O CONTRASTE racial no mercado de trabalho se estende, também, à remuneração. Na avaliação do IBGE, pretos e pardos recebem, em média, R$ 1.531. Esse valor é quase a metade do rendimento médio dos brancos, que é de R$ 2.757.
O QUE também chama a atenção é que o fim do túnel parece estar bem longe, já que as questões que envolvem a discriminação racial são bem mais profundas. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), essa situação ainda afeta a capacidade da população negra em ter acesso não somente ao mercado de trabalho, mas também à Justiça. A negação da sociedade da existência do racismo ainda continua sendo uma barreira à Justiça.
EM RELAÇÃO ao Brasil, o racismo ainda é considerado como um fator estrutural e institucionalizado e que permeia todas as áreas da vida. A conclusão é da ONU. Em documento sobre o assunto, os peritos concluíram que o "mito da democracia racial" ainda existe na sociedade brasileira e que parte substancial dela ainda nega a existência do racismo.
Deixe o seu comentário