Cerca de 150 pessoas lotaram o auditório da sede da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e do Sindicato do Comércio Varejista (Sincomércio) de Nova Friburgo na noite do último sábado, 19, durante a cerimônia realizada pelas entidades em comemoração ao Dia do Comerciante — festejado em 16 de julho — e para entrega do Troféu de Mérito Lojista 2014. Todos os anos, empresários que prestaram relevantes serviços ao comércio da cidade recebem a condecoração, que desta vez agraciou a família fundadora da tradicional Casa Nader, na figura de José Nader.
Abrindo a solenidade, o presidente da CDL e do Sincomércio, Braulio Rezende, lembrou que os imigrantes libaneses, entre eles a família homenageada, deram o impulso inicial ao comércio de Nova Friburgo, hoje um dos setores que mais geram empregos e contribuem para o desenvolvimento econômico e social do município. Ele observou que o auditório estava lotado porque cultivar amizades é uma das características marcantes dos Nader.
"Junto com a bonita história da família, tenho alegria de fazer esta homenagem a José, um dos meus melhores amigos, leal, fiel e companheiro de todas as horas”, acentuou Braulio.
Presidente da Colônia Libanesa, o empresário Gilberto Sader foi portador de presente enviado a José Nader e sua esposa, Najibe, pelo cônsul geral do Líbano no Rio de Janeiro, Ziad Itani: uma escultura em acrílico de cedro, árvore-símbolo do país. Gilberto comentou que jamais se esquecerá dos gestos de solidariedade de José Nader após a tragédia de 2011, em que ele perdeu o estoque, os equipamentos e teve danificadas as instalações de sua loja na Praça do Suspiro. "O Líbano se orgulha de filhos como vocês”, disse ele.
O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Sustentável, Ivison Soares Macedo, que representava o prefeito Rogério Cabral no evento, também ressaltou os laços de amizade e carinho que sua família manteve, durante toda a vida, com os Nader. A presidente do Conselho Regional da Firjan, Márcia Carestiato Sancho, destacou a sensibilidade demonstrada pela CDL e pelo Sincomércio ao organizarem homenagem a família tão importante para a história do comércio de Nova Friburgo.
"Muito emocionado e agradecido”, como frisou, José Nader citou as presenças na cerimônia de colegas de infância, escola e de clientes que o acompanharam no comércio. Ele aproveitou para parabenizar a CDL pelos 50 anos de fundação, a serem comemorados no próximo dia 8 de setembro.
"Estou agradecido não só pela condecoração, mas por tudo que Braulio faz pelo comércio de Nova Friburgo, assumindo o problema de cada um de nós como se fosse dele. E sou agradecido a Deus por ter me dado Najibe como esposa”, acrescentou.
Irmã de José, Geni Nader, professora da Faculdade de Filosofia Santa Doroteia e coordenadora do Colégio Nossa Senhora das Dores, se referiu ao filme sobre a família exibido durante a solenidade para manifestar sua gratidão aos amigos.
"Toda narrativa é incompleta, porque sempre muitas histórias se trançam às nossas. E elas estão simbolizadas aqui, neste dia, com vocês, que são parte da nossa história e emprestaram significado às nossas vidas. Tudo aquilo que vivemos só se tece no coletivo. Quando celebramos, mais do que honrar o passado, firmamos compromisso com o presente e o futuro. Isso a CDL tem feito bem, pois quando presta homenagens, demonstra respeito com a memória”, salientou Geni.
Compuseram a mesa principal do evento, além de Braulio Rezende, Ivison Macedo, Gilberto Sader, Márcia Carestiato, Nauro Eduardo Grehs, secretário de Turismo e Marketing da Cidade, padre Alex de Paiva Ribeiro, representando o bispo diocesano de Nova Friburgo, Dom Edney Gouvêa Mattoso, e Adriana Ventura, diretora de A VOZ DA SERRA.
José Nader – uma trajetória de sucesso
José Nader nasceu em Nova Friburgo em 5 de fevereiro de 1945, segundo filho de Nader Youssef Bou Nader e Mery Amin Bou Nader. Os outros filhos do casal são Gilberto, Geni Amélia e Maria do Carmo.
José viveu boa parte da infância na loja dos pais, a Casa Nader, e brincando na Rua Eugênio Thurler com as crianças vizinhas. Sempre calmo, gostava de passarinhos e de andar de bicicleta pelas redondezas.
Cursou o ensino primário no Externato São José e depois se transferiu para o Colégio Anchieta. Era um aluno aplicado, condecorado com várias medalhas durante a fase escolar.
José foi aprovado no vestibular para Engenharia Civil na Pontifícia Universidade Católica (PUC) e numa universidade federal, que dava direito a hospedagem no Rio de Janeiro e alimentação. Antes de optar por um dos cursos, conversou com o pai. Ouviu de Nader que ele preferia arcar com as despesas da faculdade particular a tirar vaga de alunos que não tinham condições de pagar as mensalidades. O pai procedeu da mesma maneira com o outro filho, Gilberto.
José morou no bairro de Botafogo enquanto estudava na PUC, mas vinha nos fins de semana matar as saudades de Nova Friburgo, sua maior paixão.
Assim que concluiu o curso, em 1968, foi premiado pela Associação Brasileira de Cimento Portland por ter obtido o terceiro lugar na turma de formandos. Conseguiu seu primeiro emprego no Metrô do Rio de Janeiro. Passou em concurso público do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e foi trabalhar na Região Norte do Estado. Abriu muitas estradas em cidades como São Fidélis e Miracema.
Recebeu então oferta para atuar na Mares Guia, onde continuou abrindo estradas, agora em todo o Estado do Rio. Nessa empresa, desenvolveu com o dono — e, posteriormente, os filhos dele — uma relação de afeto, além de grande admiração profissional.
Em 1980, em viagem ao Líbano, conheceu Najibe. Pouco mais de um ano depois, já casado, resolveu largar o emprego na Mares Guia, que o obrigava a deixar a esposa sozinha por longos períodos.
José — que colaborava com a mãe na Casa Nader desde a morte do pai — começou a dar expediente integral na loja. A família constituiu um verdadeiro mutirão para apoiar Mery: contratou gerente; José viajava com a irmã Maria para fazer compras; o marido de Geni organizava o setor financeiro da empresa.
Quando Mary apresentou problemas de saúde, José e Najibe assumiram de vez a Casa Nader. Para acompanhar as mudanças do mercado, abandonaram os ramos de enxovais de noivas, armarinho e cama e mesa, e se especializaram em roupas prontas (femininas, masculinas e infantis).
José e Nagibe mantiveram os princípios de bom atendimento implantados por Nader e Mery, que transformaram cada cliente e cada funcionário em amigo da família. Simultaneamente, adotaram práticas que visavam fortalecer a imagem do estabelecimento como parceiro de iniciativas de cunho social. Exemplos dessas inovações foram os desfiles com renda revertida para obras assistenciais, promovidos em locais como Country Clube, Hotel Dominguez, emissoras de TV e até na calçada da Avenida Alberto Braune em frente à Casa Nader.
Em 2008, José e Najibe fecharam a loja para reforma. Em setembro, após 70 anos de atividade comercial, se decidiram pelo encerramento definitivo dos negócios.
Naquele momento, todavia, concretizaram um sonho de Nader: construíram no mesmo endereço uma galeria com cinco lojas, que ganhou o nome do patriarca da família. O próprio Nader já havia erguido, atrás da Casa Nader, um prédio ao qual dera o nome de Mery, sem ter concluído o projeto na parte da frente do imóvel.
Embora livre dos compromissos diários com a loja, José nunca parou: é membro das diretorias da CDL e do Sincomércio; foi presidente do conselho deliberativo da Associação Comercial e presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Nova Friburgo; é representante dos usuários da rodovia RJ-116 junto à empresa Rota 116, desde a concessão da estrada, em 2001; foi subsecretário de Obras no governo Heródoto Bento de Mello; e faz parte da Mitra Diocesana e da Colônia Libanesa.
Neste mês de julho, José Nader completa 33 anos de casamento com Najibe, com quem teve um casal de gêmeos: Thiago, engenheiro civil como o pai, e Nathalie, analista de sistemas. Thiago e Nathalie comemoraram 30 anos em 18 de julho.
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