Cavalos sofrem com falta de estrutura na Praça do Suspiro

quinta-feira, 28 de abril de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Cavalos sofrem com falta de estrutura na Praça do Suspiro
Cavalos sofrem com falta de estrutura na Praça do Suspiro

Karina Monnerat

Nova Friburgo caminha para a normalidade e os animais de passeio da Praça do Suspiro já voltaram à rotina. Mas a cena de descaso e a falta de cuidado com os cavalos, jumentos e bodes que fazem parte do ponto turístico da cidade continua a mesma de antes da tragédia.

A situação desses animais não é problema recente — acontece há anos. Moradores das redondezas se indignam com a exploração desses animais, que trabalham debaixo de sol quente e não têm nem lugar específico para beber água. “Esses cavalos precisam descansar na sombra, só de olhar para eles dá pra ver que estão cansados e precisam de cuidados”, desabafa Bruna, moradora da Vila Amélia.

Mas este não é o único problema: o mau cheiro no local quando os animais estão por perto também incomoda bastante. No início da semana ainda é possível ver as fezes do domingo espalhadas pela praça. Este é um problema que também vem sendo reclamado pela população há bastante tempo.

Rodovaldo Calderario trabalha há 50 anos com os cavalos de passeio e, segundo ele, foi prometido um espaço para os animais, com galpão e baia, mas nada foi feito. “A gente precisa desse trabalho para sobreviver, as pessoas têm que entender que a gente precisa de estrutura, mas ninguém fez isso até agora. A culpa não é nossa”, diz Rodovaldo.

A Coordenadoria de Bem-Estar Animal de Nova Friburgo (Coobea) é o órgão responsável pela fiscalização desses animais. Recentemente, o médico veterinário Luiz Fernando Bonin assumiu o cargo e, de acordo com ele, o bebedouro da praça, destruído com as chuvas de janeiro, será reconstruído. Existe ainda, segundo ele, um projeto para construir uma cobertura e abrigar os cavalos. Ele esclarece que os animais não são submetidos a excesso de peso, pois são alugados principalmente para o lazer de crianças, e que a Coobea recomenda que não seja carregado número excessivo de passageiros nas charretes.

Luiz Fernando ressalta que há orientação para que os proprietários dos equinos usem arreamentos corretos, a fim de que os cavalos não sofram nenhum tipo de lesão, e que a Coordenadoria pretende promover reuniões com os donos dos cavalos para informar sobre nutrição e saúde dos animais e também fazer a identificação destes. “Nós estamos estudando a possibilidade de fornecer medicamentos, vacinas e exame laboratorial para detecção da Anemia Infecciosa Equina (AIE)”, revelou o responsável pela coordenadoria, que é especializado em animais de grande porte.

Todo o trabalho feito pela Coobea está assegurado pela Lei 24645, que define maus-tratos como a prática de manter animais em lugares anti-higiênicos ou que impeçam a respiração, movimento ou descanso; trabalho excessivo ou que resulte no sofrimento; causar ferimentos voluntariamente; abandono de animal ferido ou doente e outras práticas que, de acordo com Luiz Fernando, não são observadas na Praça do Suspiro.

“Entendemos que podemos fazer uma integração com o poder público e os proprietários dos equinos para que o aluguel dos animais na praça aconteça de maneira que não haja nenhum tipo de sofrimento para esses cavalos”, disse o veterinário.

A Coordenadoria também recebe reclamações, queixas e sugestões pelo telefone 2522-1356. Todas as denúncias são direcionadas ao Ministério Público, uma vez que todo animal é tutelado pelo Estado, conforme dispõe o artigo 1º da Lei 24645.

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