Quinta-feira, 8 de dezembro, dez da manhã. Em nove meses, esta é a terceira vez que a equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA vai ao Catarcione e se depara com a mesma cena de descaso: o que fez parte de uma grande festa e foi aplaudido na Avenida Alberto Braune por milhares de friburguenses durante o último desfile de carnaval, hoje é um problema para os moradores do bairro. E mais: não é só lá, o mesmo contratempo ocorre em outra localidade do município. Dez meses após a festividade, carros alegóricos, adereços, fantasias, entre outros objetos, estão abandonados nas ruas.
Na Rua Eugênio Nideck, na entrada do bairro Catarcione, pelo menos três carros alegóricos ainda montados encontram-se em um terreno a céu aberto. No local, apesar de uma placa com a inscrição: “Proibido jogar lixo neste local. Sujeito a multa”, há ainda restos de papelão, isopor e até sacolas de lixo doméstico.
“Já cansamos de reclamar com a prefeitura e até com o próprio pessoal do bloco carnavalesco. Vai fazer um ano que essa sujeira está largada nesse terreno. Acho um absurdo ninguém tomar alguma providência. Tem mosquito, mosca, barata, aranha, rato e mais todo o tipo de bicho aí”, disse a moradora Sueli Gomes de Almeida.
Em março, logo após o carnaval, nossa equipe procurou o então presidente do bloco de enredo Bola Branca, Johnny Vogas, que, na época, informou que realizaria uma reunião com os responsáveis para fazer a limpeza do local. Três meses mais tarde, em junho, a diretoria da agremiação foi novamente procurada, mas não se pronunciou sobre o caso.
Desta vez, o novo diretor de carnaval da entidade, Pedro Gomes Vicente, disse que um mutirão de limpeza será promovido amanhã, 10, a partir das 10h. “A prefeitura disponibilizou um caminhão e nós vamos desmontar os carros para tirar do terreno. Já fomos notificados pela prefeitura sobre o caso, mas não tomamos as providências antes porque houve mudança da diretoria do bloco, entre outros problemas na gestão e administração da entidade”, explicou ele.
Cláudia Azevedo, que também faz parte da diretoria do bloco, disse que o material será levado para a calçada em frente a sede do Bola Branca, também na Rua Eugênio Nideck. “Não há espaço na quadra. Montaremos uma estrutura para que fique tudo tapado, mas não tem como colocar dentro do barracão. Não cabe!”, exclamou. Ou seja, o problema vai somente trocar de lugar.
Do outro lado da cidade
No bairro Duas Pedras, o mesmo problema acontece na Rua João Pinto Faria, em frente a sede do Grêmio Recreativo Escola de Samba Vilage no Samba. No local, restos das estruturas metálicas dos carros alegóricos, pedaços de bonecos, caixas de papelão, madeira e sacolas de lixo ocupam toda a calçada -- sem deixar espaço para os pedestres nos dois lados da rua -- e até mesmo em parte da via.
Uma moradora do bairro, que preferiu não se identificar, informou que o lixo está há dias no local. “Aqui a gente não tem vez; quando não é carro, é um monte de entulho espalhado pela calçada. Esse lixo é um risco para nossa saúde, já que atrai bichos peçonhentos”, falou.
Em contrapartida, o presidente da agremiação, Bruno Lanes, explicou que: “Não temos espaço dentro do barracão da escola. Nessa época do ano, por conta dos preparativos para o desfile de carnaval, produzimos muito entulho. Estamos desmontando os carros antigos e confeccionando peças novas”, disse ele, acrescentando que: “a cada duas semanas a prefeitura recolhe todo o lixo. Ao contrário do que muita gente pensa, os entulhos não estão aqui desde o início do ano. A coleta não é feita todo dia; é preciso esperar acumular. Mas, não está atrapalhando ninguém”, argumentou.
Muito além de dificultar a passagem de pedestres, tanto no Catarcione quanto em Duas Pedras, a preocupação é com os riscos de doença. “Lixo em espaço aberto é um perigo. Além de atrair animais de todo o tipo pode virar um criadouro de mosquito da dengue, logo agora que está chegando o verão e a época de chuvas”, exclamou a aposentada Marly da Silva.
Sobre o problema, em nota, a Prefeitura informou que: “A Subsecretaria de Posturas já notificou o bloco [Bola Branca] e o proprietário do terreno. O proprietário já pediu para o bloco retirar os carros que ainda permanecem lá. Informamos que a Prefeitura não pode fazer a retirada dos carros pois é terreno particular. Em relação a escola de samba Vilage, ela já foi notificada”.
A prefeitura não informou, no entanto, quais medidas serão adotadas caso as agremiações não façam a limpeza dos locais e não comentou os riscos a saúde e proliferação da dengue.
Com fotos/ Henrique Pinheiro
Legendas:
Foto 8: Entulho de escola ocupa calçada dos dois lados da rua
Foto 5: Restos de restos das estruturas metálicas dos carros alegóricos estão entre material deixado em calçada
Foto 3:
Foto 4: Sujeira, água parada, mosquitos e animais peçonhentos são alvos de reclamações dos moradores
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