Depois de décadas pautadas na livre expansão industrial e tecnológica, o mundo volta-se novamente à natureza, sobretudo levantando a bandeira da conscientização. A esse respeito, cunhou-se o termo ‘sustentabilidade’, para definir aquelas ações cujo foco seja a preservação do meio ambiente e suas cadeias. O termo tem origem no latim, sustentare, e significa sustentar, favorecer, conservar. Mas, isso equivale a que, na prática? Para conversar a respeito, chamamos o arquiteto friburguense Camilo Folly, cujos projetos de construção contam com uma série de soluções ecologicamente corretas.
Para ele, o termo sustentabilidade já não é o mais indicado, “é batido”, tendo em vista o uso largamente propagado sem bom arbítrio, tanto por pessoas quanto empresas. “Entenda que a concepção da arquitetura ecológica ou arquitetura de baixo impacto respeita o meio ambiente. É algo que seja produzido pelo homem, mas que possua características ambientais corretas, seja economicamente viável e socialmente justo. Embora o termo sustentabilidade em si esteja batido, pelo mau uso, estes três pilares [meio ambiente, economia e sociedade] norteiam as intervenções que podemos chamar de sustentáveis, seja na arquitetura, na indústria ou em outros aspectos da vida em sociedade”, explica o arquiteto.
É através deste conceito que os recursos naturais são utilizados de forma inteligente — e são preservados para as gerações futuras. Camilo elaborou o projeto de uma casa nas Braunes seguindo exatamente estes critérios, e dividiu com os leitores do Light os seus pontos principais. Confira:
- Reaproveitamento de águas pluviais: todos os pontos de água (torneiras, chuveiros, vasos sanitários) utilizam um sistema onde a água é captada diretamente da chuva. Além do baixo impacto, a economia é um fator a ser considerado nessa escolha;
- O descarte da água utilizada é feito numa espécie de sumidouro, onde plantas específicas em torno a absorvem totalmente (no caso específico deste projeto, Camilo usou bananeiras);
- Teto verde: onde, em vez de telha ou laje simplesmente, cobre-se a construção com um jardim. Na área pode-se plantar, cultivar flores. “Você usa o solo para construir, mas ‘devolve’ esse elemento para a natureza, de alguma forma, dispondo-o na cobertura da obra”, diz Camilo. Além disso, o teto verde auxilia na regulação da temperatura interna dos ambientes;
- A estrutura é toda feita com madeira de reflorestamento (eucaliptos), em vez de madeiras tradicionais. Além do custo ser menor, a madeira de reflorestamento cresce mais rápido e pode ser encontrada na região, o que contribui ainda na geração de renda;
- Utilização de materiais alternativos como cimento queimado e pintura em caiação;
- Churrasqueira em tijolos de adobe [tijolos feitos de terra crua, água, palha e algumas vezes outras fibras naturais], produzidos com barro do próprio terreno;
- Resgate de flora nativa.
“No projeto, tivemos este esforço enorme na busca de soluções que minimizam o impacto ambiental da atividade humana. E conseguimos transformá-lo numa espécie de espaço didático, que abraça esta série de processos ecológicos dentro da construção, que acho muito válido ser difundido dentro da comunidade, tanto pelo impacto social quanto pelo menor custo, já que os materiais são mais baratos e melhor planejados para cada caso. Ser a favor do meio ambiente é mais barato que construir sem este cuidado. E cuidar do meio ambiente é tudo de bom, não?”, finaliza.
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