Casa Húngara promove exposição sobre vida e obra de Paulo Rónai

Reconhecido por sua contribuição para cultura brasileira, professor húngaro viveu por mais de 10 anos em Friburgo; mostra acontece no Espaço Cultural InterTV
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
por Karine Knust
A exposição sobre a vida e a obra de Paulo Rónai (Foto: Henrique Pinheiro)
A exposição sobre a vida e a obra de Paulo Rónai (Foto: Henrique Pinheiro)

Pela segunda vez, a Casa Húngara de Nova Friburgo promove a exposição “Vida e Obra de Paulo Rónai”, o célebre professor húngaro que veio para o Brasil nos anos 40. A exposição fica em cartaz até o domingo, dia 3 de setembro, no Espaço Cultural InterTV, no Cadima Shopping, aberto todos os dias das 10h às 22h.  

Com 40 imagens, a mostra conta em pequenos relatos momentos marcantes da trajetória de Rónai. Dentre eles, sua infância na Húngria, momentos difíceis de sua vida - como quando foi levado para um campo de trabalho nazista -, sua vinda para o Brasil e o reconhecimento de seu amplo trabalho literário, além de, claro, flagrantes de seus dias no sítio Pois É, em Nova Friburgo, onde viveu por mais de dez anos.

A exposição foi oficialmente inaugurada no sábado, 12, pela presidente da Associação Húngara de Nova Friburgo, Eva Bitó. O evento ainda contou com a presença especial da diplomata comercial Zsuzsanna Laszlo e o diplomata cultural e educacional da Hungria, Balázs József.

“Rónai foi um homem com trajetória extremamente inspiradora, reconhecido não só no Brasil. Além de ter sido uma importante personalidade húngara, ele ainda teve forte ligação com Nova Friburgo. A cidade tem uma riqueza histórica muito grande que, em muitos casos, é desconhecida pelos próprios friburguenses. Precisamos valorizar essas histórias. Ficamos muito agradecidos pela grande colaboração do presidente do Memorial Judaico, Luiz Benyosef, que nos ajudou a resgatar as histórias, a Laura Rónai, filha de Paulo Rónai, por ceder todos os retratos, ao Hotel Bucsky, pelo constante apoio, à direção do shopping, e à InterTV, pelo espaço que nos ofertaram para expormos mais uma vez esse trabalho”, afirma Eva Bitó.

Para estimular o interesse pela história e literatura, a exposição de Paulo Rónai ainda será tema de um projeto realizado com alunos de escolas da rede municipal de Nova Friburgo. A ação, organizada pela Associação de Colônias de Nova Friburgo, é direcionada a alunos de 8º e 9º anos do ensino fundamental de cerca de cinco unidades. Os estudantes deverão visitar a exposição, pesquisar sobre a vida e obra de Rónai e produzir uma redação que deve responder à seguinte pergunta: "Qual é o legado de Paulo Rónai?”. Uma comissão julgadora, composta pela Ascofri e membros da Secretaria de Educação irá eleger os melhores textos, que serão premiados pela organização.

“A ideia é incentivar nos alunos o resgate de valores e a identidade da cidade para que possamos planejar o futuro do município, que deve começar pela educação”, explica Eva.

Para os 200 anos de Nova Friburgo, Eva afirma que projetos ainda estão sendo estudados. “Estamos pleiteando a possibilidade de cada colônia ter um dia oficial de festejo. Para que assim as comemorações aconteçam de forma organizada e cada uma delas possa contar com a presença de representantes de seus respectivos consulados e embaixadas”, defende.

O Cadima Shopping fica localizado na Rua Moisés Amélio, no Centro. O Espaço Cultural Inter TV fica no segundo piso.

Paulo Rónai

Paulo Rónai nasceu em Budapeste, Hungria, em abril de 1907 e morreu em Nova Friburgo, em dezembro de 1992. Ensaísta, tradutor, linguista e professor foi filho de um livreiro e, aos 19 anos, já traduzia poetas latinos para revistas. Em 1929, terminou o doutorado e começou a publicar textos de crítica literária.

Lançou, em 1939, uma coletânea de poetas brasileiros, traduzidos por ele mesmo. No mesmo ano, entretanto, por ter ascendência judaica, foi enviado a um campo de trabalho forçado. Em 1941, através de contatos com intelectuais brasileiros, conseguiu refúgio no Rio de Janeiro.

No Brasil, casou-se com Nora Tausz, com quem teve duas filhas, Cora e Laura. Aqui, passou a escrever textos para periódicos cariocas, além de lecionar latim e francês e se empenhar em trabalhos de tradução. Recebeu diversas condecorações dos governos brasileiro, italiano, francês e húngaro. Dentre elas, premiações da Academia Brasileira de Letras, Ordem do Rio Branco, do governo brasileiro, e Ordem da Estrela com Coroa de Ouro, do governo húngaro.

Rónai se mudou para Nova Friburgo em 1977, onde viveu no sítio Pois É até sua morte. O corpo do professor húngaro foi velado na Academia Friburguense de Letras e está enterrado no Cemitério Evangélico Luterano Jardim da Paz.

 

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