Cartões de Natal: a tradição permanece

Por que o hábito resiste às novidades tecnológicas? Porque receber um e-mail de Natal simplesmente não é a mesma coisa...
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
por Eloir Perdigão
(Foto: Amanda Tinoco)
(Foto: Amanda Tinoco)

Em plena era digital, em que muitos nem tiram a mão dos aparelhos eletrônicos, o tempo todo para utilizar ferramentas como o WhatsApp, Facebook, e-mail e outras novidades tecnológicas que brotam aqui e ali, ainda há quem compre cartões de Natal para enviar mensagens de boas festas, via Correios, aos entes e amigos queridos. O público dos compradores é formado predominantemente pelos mais velhos, mas alguns jovens ainda se aventuram nessa tradição.

Os cartões de Natal — e também de ano-novo — são relativamente baratos. E ainda há promoções. No Centro, observou-se nos últimos dias a venda de cartões em pelo menos três locais, entre a Avenida Alberto Braune e as praças Dermeval Barbosa Moreira e Getúlio Vargas. O faturamento... Bem, os vendedores afirmam ser apenas um quebra-galho. Porém, todo ano eles estão aí. Sinal que vale a pena.

Ivânia Carlos Quimas Machado manteve nesta última semana seu ponto de venda de cartões de Natal em frente à agência da Caixa Econômica Federal, na Avenida Alberto Braune. Moradora da Granja Spinelli, doméstica de profissão e desempregada, viu na venda dos cartões um modo de garantir um dinheiro extra para o fim de ano. Iniciou o trabalho no último dia 10 e pretende continuar no mesmo ponto até esta quinta-feira, 24. Em sua simplicidade ela comenta que dinheiro mesmo não dá, mas é um quebra-galho para o Natal não passar em branco. Tem dia que vende mais, uns 50, em outros vende menos, uns 20. Os mais baratos custam R$ 1 e os mais caros, R$ 3. Ela admira quem ainda compre cartões de Natal, pois há quem mande para outras cidades ou os utilizam como adereço para dedicatórias nos presentes de Natal.

O jovem cozinheiro Sérgio Caetano da Silva Berriel, residente na Rua General Osório, no Centro, há nove anos vende cartões de Natal, sucedendo o pai nesta atividade. Baseado em frente à agência do Banco Itaú, na Praça Dermeval Barbosa Moreira, vende os cartões desde o último dia 7, estendendo seu ofício até este dia 24, o que lhe rende um extra para a virada do ano. E entrega que vai para a praia. Ele diz que há quem procure os com a inscrição ‘de-para’, mais simples, que custam R$ 0,50 centavos. E se o cliente levar 15 paga R$ 5. Outros custam R$ 1 e, na promoção, quem leva dez paga R$ 5, cada. O maior custa R$ 4,50, e se levar três paga, R$ 10. Sérgio observa que todo ano o movimento cai um pouco, mas ainda vende bem os cartões. Para ele é uma cultura do povo que permanece, principalmente entre os mais velhos. E que lhe garante uma renda extra todo fim de ano.

Em frente à uma agência do banco Itaú na Avenida Alberto Braune, o pedreiro Valdecir Vieira também marcou presença este ano vendendo seus cartões. Todo fim de ano, há mais de dez anos, ele deixa as obras de lado para essa atividade extra. Residente na Fazenda da Laje, ele esteve na avenida desde o último dia 2 e pensa em esticar o ofício até o próximo dia 30, se o setor de Posturas da Prefeitura permitir. Isto porque após o Natal ele ainda vende cartões de ano-novo e também de retribuição e agradecimentos. Não dá para ganhar muito dinheiro, mas ele garante que ajuda.

As comunicações instantâneas pelas redes sociais, em sua opinião, fez cair bem a venda de cartões. Mas há quem ainda os compre, como os mais antigos que estão acostumados com a tradição de enviá-los ou colocar nos presentes. Para Valdecir a atividade vale a pena, pois, honestamente, ganha um dinheiro extra que lhe permite comprar os presentes de Natal e ajudar nas despesas domésticas

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TAGS: Natal
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