Henrique Amorim
Os artistas de Nova Friburgo vão ganhar um aliado na tentativa de captar apoio estrutural e financeiro para suas atividades, tanto nos espaços públicos como em locais fechados. A Associação Comercial e Industrial de Nova Friburgo (Acianf) vai elaborar uma cartilha com resumos dos projetos e iniciativas desenvolvidas por artistas do município para serem apresentados aos empresários locais. A intenção é que os associados da entidade conheçam o trabalho já desenvolvido, geralmente com dificuldade, pelos artistas, e invistam no apoio a essas manifestações culturais, muitas vezes inibidas devido à carência de recursos. A ideia foi lançada sexta-feira, 13, no Café Cultural que a Acianf promove todos os meses. A previsão da vice-presidente de cultura da entidade, Dalva Brust, é que a cartilha seja lançada em agosto.
“O artista precisa de incentivo financeiro para incrementar seu trabalho e apresentá-lo na rua ou em qualquer outro lugar. A dificuldade maior é captar patrocínio, já que os empresários nem sempre acreditam no trabalho dos artistas. Ao mesmo tempo, os empresários acabam injetando recursos em outros setores justamente por não conhecerem projetos interessantes de arte e cultura locais”, observa Dalva Brust, que pretende incentivar artistas residentes a terem mais visibilidade entre os micro, pequenos e médios empresários associados à Acianf.
No Café Cultural, abre-se ainda espaço para os artistas interagirem uns com os outros e conhecerem os trabalhos que os colegas estão desenvolvendo, formando-se uma rede. Na última edição do evento, o ator Patrick Nogueira expôs para os membros da Acianf e convidados as atividades que desenvolve a dez anos no Centro Cultural Viva. A iniciativa leva cultura itinerante às praças e demais espaços públicos do Rio de Janeiro e do interior, recentemente com mais ênfase em Nova Friburgo e Duas Barras, através do projeto “Fazendo arte na praça”.
A iniciativa conta com mostras circenses, contações de histórias, construção de brinquedos com materiais reciclados e biblioteca viva. Só entre março e maio deste ano, mais de 1,4 mil crianças participaram das atividades. Patrick também destacou sua participação no Festival de Circo de Duas Barras que conta com o apoio da Secretaria Estadual de Cultura e lembrou as dificuldades estruturais que todo artista enfrenta para desenvolver suas atividades nos espaços públicos.
Durante o Café Cultural de julho os artistas observaram que além da dificuldade financeira para montar espetáculos e atrações de entretenimento, há outro entrave: a falta de apoio do poder público. Às vezes não se consegue sequer um ponto de luz numa praça, nem liberação de órgãos de fiscalização para fazer arte em espaços públicos. O presidente da Acianf, Cláudio Verbicário, enfatizou a necessidade da utilização permanente das praças como palcos para os artistas manifestarem-se culturalmente e mostrarem ao público seu trabalho.
“Já se foi o tempo que as praças eram locais para encontros de pessoas. Hoje são belos espaços verdes e ajardinados que acabam ociosos enquanto os artistas querem expressar seu talento e não tem espaços, muito menos dinheiro para alugá-los. A praça tem que ser do artista, todos os dias e a todo tempo. Se os artistas ocuparem as nossas praças rotineiramente, essa novidade pode tornar-se uma atração turística em Nova Friburgo”, acredita Verbicário.
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