Pedágio, combustível, lanche, gastos com o carro, impostos. Qual o custo de sair da sua cidade para viajar? Aqui no Brasil são muitos pormenores envolvidos na hora de fazer essa soma, principalmente no que se refere ao transporte rodoviário, até porque a quantidade e a qualidade das estradas não acompanham nem o aumento gradativo da população, tampouco o recente aquecimento do comércio de automóveis. Além disso, desde que foi inventado, o carro é um dos símbolos da sociedade moderna: status, poder econômico, ascensão social, independência — quem, dentre vós, nunca quis atirar a primeira chave na ignição aos 18 anos? Para a maioria, hoje, o carro é um dos artigos top 10 das necessidades diárias; no entanto, mais recentemente, tem sido também uma das pautas nas discussões sobre o futuro temeroso do planeta, dada a emissão de gases¹ poluentes na atmosfera.
Ideal seria se o transporte público pudesse oferecer as mesmas comodidades que o carro oferece. Assim, o transporte de massa poderia representar uma melhora significativa em todas as vertentes que envolvem o trânsito: menos carros nas ruas², menos gases na atmosfera, menos retenção no trânsito, menos dinheiro gasto com combustíveis, impostos, estacionamentos. Mas, e quando o transporte público, por uma série de questões, é inviável ou apresenta muitas desvantagens em relação ao bom e velho quatro rodas? Como aproveitar a praticidade do automóvel sem impactar tanto o meio ambiente e o trânsito, e com custos reduzidos?
Enquanto isso, em Nova Friburgo...
Pedro Kiua, 32 anos, baiano de nascença, friburguense de carteirinha e cosmopolita de espírito, sempre circulou no circuito Lumiar–Rio por conta da profissão — que engloba praticamente todas as formas de cultura. Por isso, deu início aqui a um mesmo sistema que conheceu em Goiás: o movimento da carona solidária. Naquele estado, o número de pessoas que faz o percurso Brasília–Alto Paraíso³ é muito grande, mas a quantidade de ônibus disponível para o trajeto nunca supriu a demanda. Por causa disso, Ivan Diniz, que também trabalha com arte, criou no Facebook o grupo Conexão Chapada, com o intuito de promover caronas entre as pessoas que fazem o trajeto. Quem vai fazer o percurso anuncia na página, informando quantas vagas estão disponíveis no carro e quanto gostaria de receber de colaboração — geralmente uma ajuda em dinheiro para suprir os custos com o combustível; segundo as regras estabelecidas para os participantes do grupo, essa ajuda não pode ultrapassar o valor de R$ 35. Em outros casos, é o caroneiro quem publica mensagens procurando carona, indicando dia/horário em que pretende viajar.
Kiua, igualmente, em 2013, criou um grupo no Facebook chamado "Caronas Rio - Nova Friburgo - Rio”, para promover essa facilidade também para os moradores daqui. Os participantes publicam no mural mensagens solicitando ou oferecendo carona, geralmente no circuito Friburgo–Niterói–Rio.
O estopim para a criação do grupo foi a 11ª Feira da Terra, que ocorreu entre os dias 26 e 28 de julho de 2013. O evento, que surgiu da necessidade de se disseminar a conscientização sobre o meio ambiente, partindo de tópicos como sustentabilidade e alimentação saudável, sempre gerou uma grande movimentação de visitantes, tanto os locais quanto os que vinham de outros pontos do estado. Por isso, ter na internet um grupo onde se promovia caronas facilitava significativamente a viagem.
Para quem logo pensou no perigo de se entrar em carros de desconhecidos, Pedro afirma: "A prática é segura. Os membros do grupo passam por análise, até pra todo mundo ter certeza de que nenhum perfil ali é falso. Mas o que mais ocorre, na maioria dos casos, é a pessoa acabar pegando carona com um conhecido. Um amigo seu vai viajar no mesmo dia que você, mas você não sabia. Quando um ou outro publica no grupo que precisa de carona ou que pode oferecê-la, o encontro acontece. É o lado bom da comunicação via internet”, diz.
Claro que nem sempre é o caso. Cláudio Raposo, ator, morador da cidade, teria que descer ao Rio para participar de uma gravação da novela Geração Brasil. Cláudio planejou, a princípio, viajar de ônibus às 14h, mas antes disso resolveu procurar carona no grupo. "Quando entrei na página, acabei vendo a mensagem da Natália Muller, informando que ia descer às 5h. Embora fosse muito mais cedo do que eu havia planejado descer, optei pela carona e foi ótimo. Eu nunca tinha visto Natália na vida, mas descobri que tínhamos vários amigos em comum. Ela é veterinária, trabalha na clínica de um amigo meu. Acabou sendo uma viagem divertida e foi o início de uma grande amizade.”
Cláudio sugere que as pessoas no grupo se conheçam, se adicionem como amigas no Facebook antes de oferecerem ou aceitarem caronas. Uma vez sabendo quem é a pessoa, sabendo quem são os amigos em comum e conversando com ela, todo o processo será mais seguro.
E aí, deu vontade de viajar?
Pedágio, lanche, combustível, disso não dá pra fugir muito, mas se você quiser diminuir a grana que vai ter que gastar com isso, o link para a página é http://on.fb.me/1tVa7Wq.
Juízo e boa viagem!
1 - Em grandes centros urbanos, veículos leves à gasolina são os principais responsáveis pela poluição do ar por monóxido de carbono e hidrocarbonetos ;
2 - Hoje, Nova Friburgo tem uma frota de aproximadamente 120 mil carros;
3 - Local de grande movimentação turística no coração do Brasil, em Goiás, com mais de 120 cachoeiras catalogadas. Cenário que incentiva o ecoturismo e o turismo de aventura ;
4 - No percurso Friburgo–Rio, contando ida e volta, gasta-se cerca de R$ 30 nas praças de pedágio.
Confira abaixo o custo de uma viagem do percurso Nova Friburgo - Rio de Janeiro:
Carro:
IDA:
Pedágio – R$ 12,80
Combustível – R$ 37,80
Total: R$ 50,60
VOLTA:
Pedágio – R$ 14,60
Combustível – R$ 37,73
Total: R$ 52,33
* O cálculo acima é feito considerando um veículo popular que faça 11km/litro
Ônibus:
IDA:
Ônibus Tipo I: R$ 33,35
Ônibus Tipo II: R$ 42,65
VOLTA:
Ônibus Tipo I: R$ 36,39
Ônibus Tipo II: R$ 45,69
* Ônibus tipo I: convencional
Ônibus tipo II: com ar-condicionado
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