Moradores da Via Expressa (Rua José Pires Barroso), em Olaria, vivenciaram uma situação infelizmente comum em qualquer cidade do país, mas que teve um desfecho diferente do esperado. Na quinta-feira passada, 18, um cavalo teria quebrado uma das patas ao cair nas margens do Rio Cônego e, não podendo se locomover, acabou morrendo no local. O corpo do animal não foi retirado, o que começou a incomodar os moradores da localidade, por causa do mau cheiro e do risco de contaminações. Além das casas, há unidades de ensino nas imediações.
Um morador, que preferiu não se identificar, disse à redação de A VOZ DA SERRA que buscou todo auxílio possível, principalmente com os setores da Prefeitura responsáveis pelos cuidados com o meio ambiente, mas não obteve resposta de nenhum deles, alegou. Ainda de acordo com o relato do morador, na quinta-feira o Corpo de Bombeiros teria tentado resgatar o animal com vida do local, sem sucesso. No dia seguinte, o subprefeito de Olaria e Cônego, Denílson Breder, avaliou as condições do local, inclusive para saber se a máquina conseguiria retirar o cavalo, que já estava morto.
Na segunda-feira, então, os funcionários da subprefeitura voltaram ao local e puseram fogo no corpo do animal, com o auxílio de pneus. "Fui comunicado sobre o ocorrido às 15h30 de sexta-feira somente. Segui imediatamente para ver a real situação. Não dava para passar com a retroescavadeira no local, que era íngreme e cheio de pedras, e, pelo mesmo motivo, não seria possível enterrar o animal ali. Retornamos ao local na segunda-feira, recomendamos que as aulas fossem suspensas e, por volta das 17h, os funcionários da Subprefeitura de Olaria e Cônego atearam fogo no animal. Eu precisava resolver a situação rapidamente — o risco de a água ser contaminada seria muito maior se o corpo continuasse ali, aguardando qualquer outra solução. Depois ainda retornamos e enterramos o que restou da carcaça do animal”, disse Breder à nossa redação.
O veterinário do Departamento de Vigilância Ambiental da Prefeitura de Nova Friburgo, Ronald Gripp, afirma não ter recebido qualquer comunicação sobre o caso. Segundo ele, independentemente de o departamento ter sido notificado ou não, um veterinário, vindo de área pública ou privada, deveria ter sido comunicado, a fim de avaliar as condições de saúde do animal. "Não se sabe se o problema do cavalo era realmente a pata quebrada, o que teria impedido sua locomoção por si só, precisando de remoção através de guincho ou máquina. Se ele era portador de alguma doença, como raiva ou brucelose, por exemplo, necessitaria de eutanásia, ministrada pelo veterinário, e deveria ser enterrado com todo cuidado. É preciso dar o destino correto ao animal e só o veterinário pode fazer isso. É perigoso manipular o corpo sem saber se ele era vítima, por exemplo, de uma doença infecciosa. Eu, como médico veterinário, independentemente de fazer parte do quadro de Vigilância Ambiental, que não foi comunicado sobre o problema, não daria a orientação de pôr fogo no animal, principalmente sem saber das condições em que ele se encontrava”, afirma o veterinário. Ele lembra ainda que causar incêndio propositalmente configura crime ambiental, e o fato de terem sido utilizados pneus, numa margem de rio, e no corpo de um animal só agravam ainda mais o caso.
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