Capa: UM HOTEL DE CLASSE

Por Mario de Moraes
sexta-feira, 20 de junho de 2008
por Jornal A Voz da Serra
Capa: UM HOTEL DE CLASSE
Capa: UM HOTEL DE CLASSE

Dá pena ver a cidade do Rio de Janeiro entregue à bandidagem, motivada principalmente pelos traficantes, que, além de inundar aquela que já foi chamada de Maravilhosa com seus perigosos tóxicos, assaltam de todas as maneiras e não raramente matam suas vítimas. Os cariocas, atualmente, vivem com medo até de sair de casa. Essa verdadeira tragédia atinge uma das mais belas cidades do mundo, com inúmeras atrações turísticas, como o Cristo Redentor, que foi eleito, em votação popular e mundial, um dos 10 pontos mais apreciados do planeta.

Entre muitos outros lugares famosos citaríamos o Pão de Açúcar, a Avenida Atlântica, o Palácio do Catete, a Academia Brasileira de Letras, o Estádio do Maracanã, o Paço Imperial, o Sambódromo, o Aterro do Flamengo e mais uma dezena de belos e históricos lugares. Entre eles, o Hotel Copacabana Palace, famoso internacionalmente.

Procurando sempre melhorar suas instalações, no mês de setembro sua direção vai inaugurar um lounge-bar numa área de 250 m2 com vista para a piscina – onde ficavam o antigo fitness center e o Salão Piscina. O lounge, segundo informam seus idealizadores, será o mais sofisticado do Rio, representando a cereja no bolo de aniversário do hotel, que completa 85 anos na segunda semana de agosto.

Construído a pedido do presidente

Situado na Avenida Atlântica 1702, em frente à Praia de Copacabana, além de ser o mais luxuoso hotel carioca, oferece 226 apartamentos e suítes, sendo 148 no prédio principal e 78 no anexo, ocupando uma área de 11 mil m2.

Foi o poderoso empresário Octávio Guinle que o construiu entre 1919 e 1923, atendendo a um pedido de Epitácio Pessoa, presidente do Brasil no período de 1919 a 1922. Havia um motivo: Epitácio Pessoa desejava que a então capital do país possuísse um hotel de alta categoria para hospedar famosos visitantes, principalmente os inúmeros que estavam sendo esperados para a Exposição do Centenário da Independência do Brasil, de cunho internacional, a ser realizada na esplanada do Castelo, em 1922. Em troca, Octávio Guinle receberia incentivos fiscais do Governo Federal e seria atendido num pedido: montar um cassino no hotel.

A Avenida Atlântica, na época, fora alargada em 1919, num projeto do engenheiro Paulo de Frontin. O hotel, levantado num terreno adquirido por Octávio Guinle, foi o primeiro grande prédio de Copacabana, ao lado de pequenas casas e algumas mansões. Para planejar o majestoso hotel foi contratado o arquiteto francês Joseph Gire, que se inspirou em dois famosos hotéis da Riviera Francesa: o Negresco, em Nice, e o Carlton, em Cannes. O engenheiro César Melo e Cunha encarregou-se da sua construção, empregando em larga escala o mármore de Carrara e os cristais da Boêmia. Infelizmente, devido a vários e sérios transtornos, inclusive uma violenta ressaca, em 1922, que destruiu a Avenida Atlântica, danificando os andares inferiores do hotel, ele só foi inaugurado em 13 de agosto de 1923, quase um ano depois da realização da Exposição do Centenário. Isto fez com que o presidente Artur Bernardes, aborrecido, resolvesse cassar a licença para o funcionamento do cassino. Depois de muita luta na Justiça, Octávio Guinle ganhou a causa. E foi justamente o jogo que fez crescer a fama do hotel e lhe deu o necessário glamour.

A bela piscina do Copacabana Palace foi inaugurada em 1934, projetada pelo engenheiro César Melo e Cunha e, em 1938, foi aberto o Golden Room, com um show de Maurice Chevalier. O cassino funcionou até abril de 1946, quando o presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu o jogo no Brasil.

Período de decadência

A mudança da capital do país para Brasília iniciou um período de decadência do Copacabana Palace, que enfrentou a concorrência de outros hotéis mais modernos a partir de 1970. Em 1985 o governo chegou a cogitar a sua demolição, mas o prédio livrou-se de vir abaixo ao ser tombado pelas esferas federal, estadual e municipal. Em 1989, a família Guinle, representada por José Eduardo Guinle, vendeu o Copacabana Palace para o grupo Orient Express, que o modernizou sem tirar suas características.

O Copacabana Palace foi tema do musical Flying Down to Rio, filmado em 1933 com Dolores del Rio, no qual Fred Astaire dança pela primeira vez com Ginger Rogers. Só que o Brasil da película nada mais era do que cenários pintados no Rio de Janeiro, e rodado nos Estados Unidos e na Praia de Malibu. Isto não prejudicou o seu sucesso e transformou o Copacabana Palace numa atração mundial.

Centenas de pessoas famosas, de diversas atividades, estiveram hospedadas no Copacabana Palace, entre elas, Albert Einstein, Santos Dumont (que se hospedou no hotel em 1928, vítima de depressão, devido a ter presenciado, ao voltar ao Brasil, um trágico acidente aéreo. O avião que devia jogar pétalas de flores sobre o navio que o trazia de volta, caiu nas águas da Baía da Guanabara, explodiu e matou seus 12 ocupantes), Arturo Toscanini, Bill Clinton, Charles de Gaulle, Diana, a Princesa de Gales, Edward VIII do Reino Unido, então Príncipe de Gales, Nelson Mandela, Walt Disney (que teria desenhado no hotel o esboço do Zé Carioca) e muitas e muitas outras personalidades. No campo das artes a lista é imensa, principalmente de artistas e diretores de cinema, como Anthony Quinn, Arturo Toscanini, Ava Gardner (em 1954, furiosa por a hospedarem no Hotel Glória e não no Copacabana Palace, jogou todas as suas roupas pela janela do apartamento e de madrugada mudou-se para o hotel da Avenida Atlântica), Carmen Miranda (que confessou que pretendia suicidar-se, devido ao fracasso do seu casamento, mas acabou desistindo de matar-se ao ver pela janela do apartamento a bela paisagem da Praia de Copacabana), Clark Gable, Errol Flynn, Francis Ford Coppola, Franco Zefirelli, Fred Astaire, Gene Kelly, Henry Fonda, John Wayne, Josephine Baker (a famosa dançarina teve um encontro furtivo, em seu apartamento, com o arquiteto Le Corbusier), Katharine Hepburn, Kim Novak, Marilyn Monroe, Marlene Dietrich (que realizou um belo show no hotel em 1959), Mick Jagger e outros músicos da banda dos Rolling Stones, Orson Welles (em 1942, furioso devido ao fracasso numa questão amorosa, o cineasta atirou na piscina, pela janela do seu apartamento, uma cadeira e um criado-mudo), Richard Gere, Robert de Niro etc, etc.

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