Canto do Riacho continua aguardando dragagem de rio

sexta-feira, 16 de setembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Canto do Riacho continua aguardando dragagem de rio
Canto do Riacho continua aguardando dragagem de rio

Luiz Augusto Queiroz

Localizado na zona norte da cidade, em Jardim Califórnia, o Loteamento Canto do Riacho clama por ajuda das autoridades. O rio que dá nome ao local necessita urgentemente de dragagem, pois é notório que seu leito encontra-se assoreado. Há também grande montante de terra sendo despejado na beira do rio. A iluminação pública é precária, e em muitos pontos a rede de telefonia fixa deixou de funcionar após as fortes chuvas de janeiro. O acesso ao bairro também é precário. Os pontos positivos destacados pela população são a coleta regular de lixo e a tranquilidade do local, com baixos índices de criminalidade.

A dragagem prometida aos moradores após as chuvas até o momento não foi efetuada. Segundo Aderci da Cruz, 70, morador do bairro há mais de 35 anos, alguns técnicos estiveram no local, mas dragagem mesmo não fizeram. “Eles vieram aqui, disseram que iam dragar o riacho, mas até hoje nada foi feito, como vocês podem ver”, conta seu Aderci, que se sustenta daquele riacho, retirando areia. Como ele mesmo brinca, “se eles não fazem nada, eu pelo menos, faço a dragagem do rio, retirando areia”. Seu Aderci diz que há muito tempo o riacho era mais fundo e muito mais limpo, e nunca tinha visto uma enchente tão grande como a de janeiro. Às margens desse rio a reportagem de A VOZ DA SERRA também encontrou montanhas de terra, que estão sendo despejadas sem qualquer preocupação. Em caso de novas chuvas é bem provável que sejam levadas para dentro do rio novamente.

Outro problema constatado foi a precariedade da iluminação pública. Diversos postes foram derrubados pelas barreiras que caíram durante a tragédia, e até hoje não foram restabelecidos. “À noite fica bastante complicado andar no bairro, pois a luz é muito pouca, faltam postes e lâmpadas. Tenho um pouco de medo, por andar não sabendo onde estou pisando”, diz Ivanete Farias da Silva, natural de Cachoeiras de Macacu, e que chegou ao bairro poucos meses antes das chuvas.

Além da falta de iluminação pública, a reportagem também encontrou inúmeros bueiros sem as devidas proteções, como grades que evitam entupimento. A falta desta proteção, além de permitir que os bueiros entupam, favorece também possíveis acidentes, principalmente com crianças. No local há ainda­­­ inúmeros pontos de esgoto jogados no riacho, contribuindo cada vez mais para a poluição ambiental.

Apesar de tudo ainda existem pontos positivos no Canto do Riacho. Um deles é a boa rotatividade de linhas da Faol. Os moradores consideram que os horários das linhas do transporte público são bons, atendendo às necessidades de todos. “As linhas são boas, atrasam muito pouco, e na maioria das vezes satisfazem nossa necessidade”, revela Ivanete. Quem também elogia o trabalho prestado pela empresa de ônibus é Antônio Neto, 53, morador do bairro há mais de 20 anos. “Eu não tenho o que reclamar da Faol. Na maioria das vezes os ônibus são pontuais e a regularidade também é boa”, diz.

As chuvas de janeiro trouxeram muitos problemas, sobretudo às moradias atingidas pelas águas e barreiras. São inúmeras casas marcadas pela Defesa Civil para serem demolidas. Além das casas é possível encontrar também diversos carros abandonados pelo caminho. Na Rua Arizona, por exemplo, às margens do riacho que corta o bairro, a presença desses automóveis é mais acentuada. Como conta Antônio Neto, dono de uma mecânica automotiva no local, esses carros estavam ali para consertos e depois das chuvas foram abandonados pelos donos. “Não há o que salvar mais desses carros, o que tinha de bom, como motor e algumas peças, já foi levado. O que está aí é só carcaça do carro, não vale praticamente nada”, explicou.

O Canto do Riacho aguarda a iniciativa pública de reconstrução, do mesmo modo como diversos bairros de Nova Friburgo. Segundo a maioria dos moradores, o maior problema do local continua sendo a dragagem não efetuada do rio, o que possivelmente poderia evitar o transbordamento do leito, impedindo novas tragédias e perdas materiais ainda maiores.

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