Uma equipe de alto gabarito, reunindo doutores e mestres dedica-se à parte acadêmica do curso de pedagogia da Candido Mendes, a partir de agora, coordenados por dois educadores voltados totalmente para as questões educacionais.
Assim, a professora Mônica Monnerat e o professor Hamilton Werneck trabalharão em sintonia para dinamizar ainda mais as parcerias que a Universidade vem desenvolvendo em Nova Friburgo e cidades vizinhas.
Para traçar detalhes deste trabalho que continua uma importante obra do professor Edmar Bernabé, agora dedicado ao decanato e à coordenação do curso de Gestão, a equipe de A Voz da Serra ouviu os coordenadores e indagou sobre novos planos.
AVS. Professora Mônica Monnerat, sua vida sempre foi dedicada à educação e sua genética, através de seus pais tem as marcas da pedagogia. Quais as suas metas para este momento?
Mônica – Manter as minhas aulas no curso de Pedagogia junto a esta equipe altamente qualificada e, ao mesmo tempo, contribuir com os avanços que reflitam mais qualidade e preparação dos pedagogos para o mercado de trabalho. Para tanto a ampliação de parcerias e a visão empreendedora serão mantidas e sempre incentivadas.
AVS – Professor Hamilton, como conciliar a sua vida de conferencista e escritor com esta função?
H.Werneck – Estou na Candido Mendes desde março de 1983. É o mesmo tempo de A Voz da Serra. O tempo em que permaneço em Friburgo será mais dedicado à Universidade Candido Mendes e ao curso de Pedagogia. As conferências e congressos continuam dentro da orientação traçada pelo pró-reitor, professor Alexandre Gazé, no sentido de trazer contribuições que possam ser aplicadas à nossa realidade. Ter contato com um curso de graduação que forma licenciados em pedagogia é uma excelente oportunidade para orientar um trabalho que faça a diferença nesta região do estado do Rio de Janeiro. Mas, importante salientar, que esta tarefa só poderá ser desenvolvida com a contribuição e execução da Mônica Monnerat, pessoa de alto gabarito e vasta experiência.
AVS – Mônica, como você vê essa questão de dirigir uma escola e coordenar um curso de pedagogia?
Mônica – São atividades que se complementam. As escolas precisam dos cursos de licenciatura porque são os que preparam os profissionais. Quanto melhores forem os licenciandos, melhor para as escolas que deles necessitam.
Além disso, trago uma bagagem que também envolveu a escola pública e os pedagogos formados na Candido Mendes irão trabalhar, certamente, nos municípios vizinhos.
H.Werneck – Aproveito essa ‘dica’ da Mônica para reafirmar que a Universidade Candido Mendes está disposta a fazer múltiplas parcerias que passam por editoras, organizadores de congressos de educação, secretarias de educação, associações industriais e comerciais e escolas. O importante é que a Universidade esteja cada vez mais sintonizada com a comunidade que a cerca.
AVS – E a imprensa, onde fica?
H.Werneck – A imprensa de Friburgo tem ajudado muito a educação. Ela divulga atividades, ela facilita promoções e foi sempre uma parceira da educação. Isto significa que tem sido, também, uma parceira da Universidade Candido Mendes. E, afinal, desde 1983 sou um militante junto à imprensa escrita, falada e televisada. E inclua-se nisso o Jornal do Brasil, onde a cada quinze dias, aos domingos, escrevo um artigo sobre ‘carreiras’ no caderno de economia.
AVS – Professora Mônica, com tantos cursos de pedagogia no Brasil, cursos presenciais e à distância, haverá mercado para tanta gente?
Mônica – Se considerarmos que as crianças em idade escolar para a educação infantil, nem sequer a metade delas está nas escolas, podemos dizer que há espaço no mercado. Além disso, os mercados educacionais buscam educadores competentes e que queiram manter a formação continuada. O importante é que o acadêmico de pedagogia possa fazer um bom curso estabelecendo a diferença onde estiver trabalhando. Mas, não sei bem o que o Hamilton pensa disso?
H.Werneck – Penso, exatamente, como você se expressou. Há uma tarefa árdua numa coordenação de curso de licenciatura, sobretudo pedagogia porque os profissionais trabalharão com a educação básica. Hoje, segundo a Fundação Vitor Civita, numa recente pesquisa, somente 2% dos estudantes de ensino médio desejam ser professores. A solução para a educação está na consolidação da qualidade da educação básica, seja pública, seja particular. Como nossos alunos concluem o ensino médio em quantidade pequena e, às vezes, com qualidade duvidosa, o Brasil apresenta um dado alarmante em relação aos brasileiros com curso superior: são, apenas, 10% da população. No Canadá são 70% e nos Estados Unidos 80%.
AVS – Na prática da vida social e econômica, qual o significado disso, Mônica?
Mônica – Significa que outros países produzirão mais conhecimento que o Brasil. E se aliarmos a esses dados o fato dos nossos profissionais, em todos os níveis, serem remunerados abaixo do mercado internacional, o Brasil ainda perde cérebros que saem para trabalhar em outros países que pagam melhor, ficando para nós o custo de formação dessas pessoas.
AVS – Prof. Hamilton, até que ponto o salário afeta a procura pelo magistério?
H.Werneck – Afeta muito, porém, sozinho, resolve pouco. Para recuperar a distância entre o ponto em que nos encontramos e a maior qualidade é necessário a formação continuada, a melhoria salarial, o maior tempo das crianças nas escolas e uma adequação dos conteúdos ao desenvolvimento psicológico das crianças. E, veja bem, onde o pedagogo atua. Nesses quatro campos citados e, sobretudo, na adequação dos conteúdos ao desenvolvimento psicológico da criança.
Mônica – Complementando, diria que ou se faz uma revolução ou perdemos o ‘bonde’ da história. E a revolução, dentro da sala de aula, é feita nos cursos de pedagogia. Não adianta discutir se os alunos estão chegando com um nível abaixo ou acima do esperado. É papel da Universidade diminuir essa diferença e fazer a diferença.
AVS – Então, podemos concluir que este curso da Candido Mendes terá um coordenador fixo e um coordenador móvel?
H.Werneck – Meu caro repórter, fala-se muito em ambiente ‘glocal’. Nós realizaremos isso. Enquanto eu capto as ideias, desenvolvo teletrabalho, a Mônica viverá o ambiente local do dia a dia. A inversão de papéis é possível porque também ela, sempre preocupada com a própria formação está de malas prontas para o maior Congresso de Educação do Brasil que é o Educar-Educador de São Paulo.
Mônica – É algo parecido com a ação do pró-reitor, Alexandre Gazé, que é marcadamente global e do Roosevelt que é local. Estamos dentro das perspectivas que a sociedade, de hoje, requer de uma Universidade.
AVs – Grato pela entrevista e o nosso desejo é continuar parceiros de vocês e, mais ainda, da educação brasileira.
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