Após cinco meses de greve reivindicando melhorias nas condições de trabalho, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro - campus Nova Friburgo voltou a correr o risco de ter suas atividades paralisadas novamente. O motivo é oriundo da crise econômica pela qual passa o estado, no entanto, desta vez, as condições são diferentes. A falta de pagamento de uma dívida com a concessionária responsável pelo abastecimento de água da unidade fez com que o fornecimento fosse cortado esta semana.
De acordo com a direção do campus, as contas não são pagas há pelo menos cinco meses. “A água foi cortada no último dia 11, mas devido aos Jogos Universitários Friburguenses, que aconteceram no feriado prolongado, pedimos que adiassem o corte. Afinal, íamos alojar vários estudantes. A solicitação foi atendida, mas nessa quarta-feira, 16, a concessionária paralisou o fornecimento de fato”, afirmou o diretor da Uerj Nova Friburgo, Ricardo Bastos, acrescentando que “estamos utilizando a reserva de água que temos, mas não sabemos até quando vai durar”.
Em nota, a Águas de Nova Friburgo informou que a suspensão do abastecimento da instituição foi definida após “um longo período sem pagamento e nenhuma evolução em várias negociações propostas”. A grave crise do governo do estado é consequência do aumento nos gastos públicos e queda na receita oriunda da arrecadação de impostos e dos royalties do petróleo. O desequilíbrio nas contas tem gerado uma série de atrasos no pagamento de salários de servidores, fornecedores e prestadores de serviço.
“Nossa expectativa é que esse problema se resolva antes de a reserva de água que temos acabar, porque se esse pagamento não for efetuado a tempo não haverá condições do campus funcionar. Temos 600 alunos na unidade, estamos seguindo o calendário acadêmico e falta pouco tempo para que o ano letivo termine. Ficar sem aula a essa altura pode gerar um enorme transtorno”, disse Ricardo Bastos, e ainda finalizou: “O estado já está ciente dessa situação e todos os esforços estão sendo feitos, por parte da universidade, para que o governo quite essa dívida”.
Na última semana, professores do Instituto Politécnico da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IPRJ/Uerj) em Nova Friburgo, divulgaram uma carta, enviada aos deputados estaduais. Além de expor a história da unidade, no documento, os docentes também repudiam o pacote de medidas proposto pelo governador Luiz Fernando Pezão para reequilibrar as finanças diante da crise.
“Durante os anos de 2014 e 2015, o corpo docente do IPRJ foi ampliado de forma significativa, de forma a contar com quadro docente necessário às suas atividades, agregando professores de altíssima qualificação e de diversas partes do país, muitos com experiência nos melhores centros acadêmicos e científicos do mundo. Tudo isso está em risco agora, com uma calamidade enorme: o ‘pacote de maldades’ do governo do estado. Com o confisco do salário dos docentes e técnicos, o IPRJ tende a ser inviabilizado. Haverá, sem dúvida, uma enxurrada de exonerações. Será o fim do IPRJ nos moldes em que ele foi idealizado e vem funcionando. Senhores deputados, não destruam o desenvolvimento científico e tecnológico em Nova Friburgo! Não façam parte da destruição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro!”, diz trecho da carta.
De acordo com a assessoria de imprensa da Uerj, o fornecimento de água no Instituto Politécnico do Rio de Janeiro (IPRJ) foi interrompido “por conta de um débito no valor de R$ 29.126,72, que representam sete faturas em atraso”. Ainda segundo nota enviada ao jornal, o último repasse de recursos financeiros feito pela Secretaria Estadual de Fazenda para a manutenção da Uerj foi realizado em julho de 2016, no valor de R$ 13 milhões. “A universidade ainda aguarda um novo repasse de R$ 10 milhões mensais até o final de 2016, visando custear o funcionamento da instituição”, informa nota advertindo que “sem o repasse dos recursos, como acordado, a manutenção — como fica claro por este episódio — ficará inviável em curtíssimo prazo”.
Acionada pelo A VOZ DA SERRA, a Secretaria Estadual de Fazenda afirmou apenas que não é gestora do contrato firmado entre a instituição e a concessionária Águas de Nova Friburgo.
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